Destino

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MESES ANTES

Angelique Beaumont

Estava correndo de volta para casa. Tinha a impressão que alguém estava me seguindo.

Um homem.

Concertei a mochila em minhas costas e continuei correndo, tentando olhar para trás disfarçadamente para ver se ele ainda continuava andando atrás de mim. Já tinha uns quatro quarteirões que ele estava ali na minha cola, e eu virei uma rua só para ter certeza de que não era apenas impressão minha.

Mas não foi uma boa ideia. A rua em que virei era deserta, não tinha ninguém nesse horário.

Tentei correr mais rápido. Meu coração estava disparado quando virei a outra esquina e cheguei em minha rua. Na porta do meu prédio eu parei e procurei pelas chaves, mas eu estava tremendo e deixei as chaves cair no chão.

Primeiro eu errei o buraco da fechadura, e depois eu percebi que estava tentando com a chave errada.

Droga.

Eu podia ver o homem se aproximar pela minha visão periférica.

Me desesperei.

Fechei os meus olhos e esperei pelo pior quando senti mãos em meus ombros.

— Angelique — Eu ouvi a voz do Bart e eu me virei, vendo o meu futuro padrasto, então eu me senti aliviada.

Olhei para o lado e vi o homem andar para a outra direção.

— Está tudo bem? Você parece assustada — Bartholomew disse e a minha única reação foi abraçá-lo.

Eu me sentia segura com ele.

Eu o abracei forte, puxando-o pelo pescoço com os meus braços em volta dele.

— Calma, querida, o que aconteceu? — Ele me perguntou.

— Medo — Foi a única coisa que consegui dizer.

— Vamos entrar — Bartholomew disse e depois se despediu do seu motorista.

Ele pegou a chave das minhas mãos trêmulas e abriu a porta.

Eu entrei e ele entrou atrás de mim.

Subimos as escadas e a minha respiração ficava cada vez mais ofegante, cansada demais por ter corrido e agora por estar subindo os degraus que parecem sem fim.

Eu abri a porta de casa e percebi que não tinha ninguém.

Minha mãe sempre acendia um incenso quando estava em casa.

Bartholomew fechou a porta atrás de nós e eu suspirei aliviada.

Eu estava em casa e ele estava comigo para me proteger.

Deixei a mochila cair no chão e me joguei no sofá, exausta...

Acho que a saia do meu uniforme tinha subido com o movimento descuidado que fiz, porque eu senti o vento que vinha da janela da cozinha embater em minha bunda.

Não era um problema, Bartholomew já era íntimo. Em casa ficávamos sem roupas, eu só me vestia em alguns casos e quando saía.

Ele passou por mim e foi até a vitrola antiga da minha mãe que ficava perto da porta da sacada do apartamento.

Eu o vi mexer nos vinis.

— Coloque Mozart para tocar — Eu pedi.

— Desde que eu te conheço que ouço você colocar musicas de mulheres. Pensei que não gostava de música de homens — Ele riu.

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