Capítulo 38

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Acordei às dez e meia e decidi chamar meu pai e Eileen para almoçar aqui em casa. Quando liguei e disse que tinha me demitido, ele disse que estava sentindo minha falta e que ficou feliz por eu ter voltado, mas também não deixou de dizer o quanto estava decepcionado por eu ter deixado a Griffiths.

Me levantei da cama e vesti uma calça jeans mais larga. Meus pulsos já estavam menos vermelhos e dava para esconder com maquiagem, então vesti uma camisa de manga curta. Abri a porta de vidro para que Bowie pudesse correr pela grama verdinha do quintal e fui para a cozinha preparar o almoço: Beef and Guinness Stew - cozido feito de carne e temperado com salsinha, alho, pimenta e cerveja Guinness.

Quando terminei de separar todos os ingredientes, deixei esquentando e mandei uma mensagem para Dwane, dizendo que eu estava de volta e que era para ele, a esposa e a filha virem almoçar aqui.

Ao meio dia em ponto, todos tinham chegado. Abri a porta e meu pai foi o primeiro a me abraçar. Queria pular em seu colo como quando eu era criança, mas minhas pernas todas feridas dificultam isso e provavelmente sua coluna não aguenta meu peso.

Daor, senti tanto sua falta - ele disse quase que com os olhos cheios de lágrimas e eu sorri, o abraçando mais uma vez.

Agora que estou aqui, posso falar apenas irlandês, nem eu mesma sabia o quanto eu sentia falta disso.

A próxima pessoa a me abraçar foi Eileen. Que ficou balançando meu corpo dolorido e rindo, sem dizer nada. Essa mulher é uma mãe para mim.

Depois, foi a vez de Brígida, a morena de franja que parecia não envelhecer nunca. Ela sorriu e eu a abracei apertado. Depois abracei Dwane e então me abaixei para pegar a pequena Cathleen que se escondia atrás de uma das pernas da mãe.

— Oi, menina linda! - abri um sorriso e ela prendeu as pernas em meu quadril e me abraçou apertado e, de repente, foi como se toda minha dor passasse, tive até vontade chorar, mas respirei fundo e a coloquei de volta no chão.

Boi! - Cathleen, que aliás, era uma cópia de sua mãe, apontou para Bowie que corria como um louco do lado de fora e correu atrás dele, dando gargalhadas que me faziam rir também.

— Cath! - Brígida chamou pela filha que continuou correndo.

— Tudo bem - balancei a cabeça — Bowie gosta de crianças. Só tome cuidado para que ele não pule nela.

A cunhada de Megan sorriu e eu fechei a porta atrás deles.

— Já querem comer? - perguntei depois de um tempinho.

— Estou faminto! - Dwane disse rindo, enquanto passava a mão na barriga.

Me levantei sorrindo e estalei a língua e falei, ajeitando o cabelo:

— Não tive tempo de comprar Guiness, usei tudo na receita, mas tem vinho.

Brígida lançou o mesmo olhar que uma mãe lança para o filho quando ele está fazendo coisa errada e ele olhou para mim e deu de ombros.

— Estou dirigindo, então... vou beber suco.

— Pode beber uma taça agora e ir embora mais tarde - dei de ombros.

Brígida o encarou de novo e os dois trocaram risada.

— Tudo bem, D - ela disse dando e ombros e foi atrás de Cathleen no quintal, que não parava de rir.

Depois que Brígida voltou com a filha, todos se serviram e eu peguei as taças e coloquei vinho rosé para todo mundo e foi só eu colocar o garfo com o cozido de carne em minha boca para o interrogatório começar:

Tentação InglesaOnde histórias criam vida. Descubra agora