Capítulo 7

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Davi tinha se tornado mais feliz no decorrer dos dias. Estávamos há duas semanas na comunidade Potira e o meu amor por ele cresceu. Era um menino encantador e havia recuperado parte da alegria de viver. Neste lugar, as crianças estavam passando por momentos de extrema dificuldade. A epidemia de Influenza tinha melhorado com o auxílio de Nicolas, Larissa no tratamento e, sem dúvida, a graça de Deus operando.

Me perguntava o que poderia fazer a mais. Orei a Deus sobre quais atitudes tomar. Após umas meditações, decidi criar um devocional infantil, que seria realizado duas vezes por semana. Eu me reuniria com elas para ensiná-las as escrituras.

Os dias de preparação foram regados a bastantes conversas sobre como poderíamos atrair aqueles pequenos. Decidimos servi-los, antes de tudo, com alimentos. Muitos comiam apenas uma vez por dia e outros nem sabemos. E também de estômago doendo, ninguém presta atenção em nada. Essa era a nossa primeira ação.

Os jovens buscaram algumas crianças e achei que viria mais, contudo, agradeci ao Senhor. A bíblia fala que uma alma vale mais do quê o mundo inteiro, quem dirá dez. Escolhi falar o evangelho separando-o em partes. Os ensinos seriam sobre: Deus, bíblia, pecado, novo nascimento, glória futura. E neste dia aprenderíamos: Quem é Deus? O que ele fez? Pra quê ele criou tudo que existe?

As crianças se assentaram num pano de algodão que colocamos sobre o chão, debaixo das árvores. Elas ficaram contentes ao ver bandejas com biscoitos e sucos, nunca vi olhos brilharem tanto. Eu agachei sobre meu tronco, respirei fundo e enquanto esperava-as terminar de se saciar, pedia orientação de Deus. Assim que tudo fora recolhido, eu inicie minha fala:

— Boas tarde, crianças! Muito me alegro de ter vocês aqui. Acredito que esses momentos serão muito preciosos para todos nós, já que falaremos sobre alguém muito especial. Vocês sabem quem é?

Não houve resposta e os pequenos olhavam para mim com uma expressão de interrogação. Provavelmente, minha apresentação estava muito ruim, mas suspirei e continuei:

— É sobre Deus! Vocês sabiam que foi ele quem criou todas as coisas? Sabiam também que somos criação dEle? — Elas começaram a olhar para os lados, como se houvesse algo mais interessante, outras até ameaçaram se levantar, mas Jamile segurou e sentou-se ao lado para contê-las.

— Crianças, vocês sabem o motivo de Deus criar todas as coisas? Foi para sua glória. Para o deleite dele mesmo. E Deus ama a sua criação. — Abri os braços como se quisesse envolver tudo aquilo que nos cercava. — Ele criou todas as coisas em seis dias. Sabiam disso?

Eu podia ouvir o som dos grilos cantando em minha cabeça, tamanho era o descaso delas, comecei a desanimar.

— No primeiro dia criou a luz; No segundo dia separou as águas do firmamento; e prossegui até chegar no sexto dia onde ele nos criou. — Umas crianças bocejavam.

“Meu Deus, o que farei? Eu era muito ruim”.

Comecei a me arrepender de ter a intenção de trabalhar com criança. Logo eu que nunca tinha me envolvido muito com departamento infantil da igreja. Sempre trabalhei mais com adolescentes e jovens. Eu devia ter tido uma prática no ministério com crianças.

“Socorre-me, Senhor!”

De repente, algumas delas começaram a rir. Fiquei espantada. Elas riram mais e todas de uma vez, como num coro, e eu nada compreendia até uma voz pronunciar:

— Me dá um igual? — Apontou em minha direção, mas seu olhar estava para algo atrás de mim.

As outras também pediram o mesmo e começaram a se alvoroçar. Me virei e vi Artur com um boneco de barro fazendo graça para as crianças (Eu ri de sua encenação). Ele se aproximou, sentou-se do meu lado e disse para elas:

Uma Porta de EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora