Capítulo 37

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Eu não podia crer que Vivian tivesse morrido. Meu Deus, por favor não!
Em meio a tantos sons e correrias, consegui ouvir que os militares e vizinhos corriam para lá a fim de apagar as chamas que pareciam consumir tudo aquilo. Eu não dizia mais nada, apenas chorava compulsivamente.

— Preciso saber da Vivian!

— Estamos chegando perto e logo saberemos. Os meninos foram na frente para poder ajudar — Nicolas disse, e eu sabia que ele só estava ali comigo porque podia imaginar eu passando muito mal.

Eu sentia o cheiro da fumaça e os ruídos de choros, conversas e o calor se misturavam de modo a me deixar cansada, estressa e até nauseada. Eu não sabia por quanto tempo mais poderia suportar tudo aquilo. Não demorou mais minutos e ouvi.

— Tem pessoas saindo de lá!

Meu coração animou uma breve esperança.

— O fogo foi finalmente controlado — a informação de Joabe penetrou em meus ouvidos com nitidez. 

— Vocês sabem sobre a Vivian? — Levantei-me depressa.

— Algumas mulheres ficaram presas nos quartos Lia — a voz dele foi ficando baixa —, e infelizmente não encontramos a Vivian em lugar nenhum — disse por fim.

— Não! — vociferei.

Eu estava entalada até a alma com tantos sofrimentos. Saí de perto deles e segui para algum lugar com o coração em pedaços.

Ao chegar em algum lugar eu me ajoelhei e de todo coração, eu disse:

— De todas as dores que um dia enfrentei, nunca pensei que me faria arder em tremenda aflição. — Orei, abraçando o meu próprio corpo. — O Senhor me quebrou de todas as formas possíveis e eu não posso mais. Por favor, me leve daqui. — Solucei. — Eu quero ir para casa. Agora que estava me recuperando da dor de perder Artur, tu me levas a Vivian. Meu Deus, por que me desamparaste?

Nessa hora gostaria de poder dizer que Deus falou, ventos sopraram e uma voz ecoou do céu, mas não aconteceu nada. Apenas um grande e sinuoso silêncio. Afundei meu rosto entre minhas pernas e fiquei encolhida como uma tartaruga em seu casco. Eu não queria olhar para esse mundo nunca mais.

— Lia! Lia! — Mariana com a respiração ofegante chamava-me.

— O quê? — indaguei com pouca voz.

— Encontraram a Vivian! Ela está viva!
A tremenda alegria na voz de Mariana fez meu coração dar um salto dentro do peito. Não consegui ter nenhuma reação no momento.

— Venha! — Mariana me ajudou a levantar.

Aos poucos fomos caminhando para algum lugar e assim que chegamos, senti um grande abraço e lágrimas no meu ombro. Reconheci que era ela.

— Ele fez, Lia! Ele realmente fez — Vivian dizia com a voz entrecortada por conta das suas emoções.

— O quê? Quem fez o quê?

— Deus! — a voz dela estava trêmula. — Ele fez o seu milagre!

Minhas lágrimas desceram e a abracei com uma mãe envolta a filha em seu peito. Juntas choramos e oramos, passando um bom tempo recompondo as emoções.

— E como isso aconteceu? — Afastei um pouco para ouvir seu relato.

Jamile nos sentou à mesa para podermos escutá-la.

— Eu estava prestes a voltar ao trabalho. — Começou a expor os acontecimentos. — O José já havia ordenado ou eu teria sérias consequências.

Todos que ali estavam ouviam com atenção.

— O cliente já tinha entrado no quarto, mas em meu coração eu implorava a Deus com todas as minhas forças para nunca mais precisar fazer aquilo. Eu olhava para aquele homem e tinha nojo daquilo que iria praticar. — O tom dela ficou novamente esganiçada por conta do nó preso em sua garganta.

— Eu entendo. — Segurei a mão de Vivian para passá-la segurança naquele momento.

— Quando ele se aproximou aconteceu a primeira explosão e então saímos correndo de dentro daquele lugar. O pânico foi geral.  O fogo estava se aproximando, mas deu tempo de eu correr para fora. Quando eu estava escondida no mato, olhei aquele fogo consumindo o bar, só me lembrei do versículo que fala que Deus é um fogo consumidor.

— Isso é impressionante, Vivian! — Apertei sua mão com alegria por saber que sua vida havia sido conservada.

— Você disse que Deus nunca nos decepciona quando escolhemos colocar nossa confiança nEle. E agora vejo essa verdade nitidamente. — Ela segurou forte meu braço. — Obrigada.

— O que causou a explosão? — Nicolas perguntou, entrando no assunto.

— Infelizmente foi a Gil. — Ela soltou e um grande silêncio se colocou entre nós. — Ela odiava aquela vida e resolveu acabar com tudo isso. Morreu em meio as chamas, mas conseguiu acabar com todo o negócio do José e ele acabou se ferindo bastante. Não sei se sobreviverá. — Nesse momento pude ouvir o choro de Vivian.

— Deus tem seus próprios planos e espero que tenha alcançado a Gil — falei, querendo consolá-la.

— Eu falei com ela sobre o Senhor, mas não sei...

— Deus sabe! — A abracei de novo. — É uma alegria imensa tê-la aqui novamente. Para sua nova esperança. — Sorri, tendo a certeza de que coisas novas a esperavam.

— Acredito que uma nova vida me aguarda agora e quero vivê-la intensamente — Vivian declarou expondo sua felicidade em poder viver de novo. 

— Seja bem-vinda a nova vida! — Nicolas declarou. —  Vamos batizá-la!

Pude sentir ao nosso redor todos os jovens nos envolvendo num caloroso abraço. De dentro das trevas, Deus brilhou sua luz com fogo! 

 De dentro das trevas, Deus brilhou sua luz com fogo! 

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