Capítulo 15

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As vezes a vida muda num piscar de olhos. Quando um dia disse a Deus que estava pronta para receber tudo que Ele tinha determinado para a minha vida, naquela tarde de quinta-feira, fui levada ao extremo daquelas palavras.

Eu estava a caminho de uma visita quando uma pedra me atingiu a fronte, caí no chão imediatamente. Coloquei minhas mãos no lugar golpeado e os meus dedos ficaram cobertos de sangue.

— Lia? Lia? — Eu vi o Arthur e apaguei.

Era um alto som para todos os lados. Isso fazia com que minha cabeça doesse cada vez mais. Os meus olhos se encontrava pesados demais para que eu pudesse abrir e novamente adormeci.

— Lia? Você pode me ouvir? — Não conseguia reconhecer aquela voz.

Então, resolvi abrir os olhos. Sentia-os mais leves e com menos dor. Tudo estava escuro. Será que não estou conseguindo abri-los? Passei as mãos na face, averiguei que meus olhos estavam abertos, no entanto a escuridão dominava. Deus do céu! Será que fiquei cega?

— Ela acordou! — Alguém gritou e a dor em minha cabeça explodiu. — Sou eu, Nicolas, você está me vendo?

Balancei a cabeça negativamente e lágrimas começaram a molhar meu rosto.

— Lia, não... — Seu tom era embargado. — Isso poderia acontecer – Nicolas disse, por fim.

— Eu estou cega?

— No momento, sim — A voz dele era pesarosa. 

— Lia, eu estou aqui. — Segurou minha mão e a levou até sua face.  — Sou eu, Artur. — Lágrimas caiam de seu rosto e molhavam minha mão.

— Artur, o que faz aqui?

— Foi eu que a trouxe pra ser cuidada. — Ele explicou.

Não conseguia dizer nada e soltei minha mão da dele. Angústias e pesares dominavam meu interior. O que eu fiz para merecer isso? Umas das coisas mais valiosas que possuía era minha visão. Como pude perdê-la? Como irei trabalhar agora? E a viagem missionária como ficaria? O desespero preencheu meu peito, a aflição e o lamento se assentou em meu coração. E lágrimas copiosas me visitaram e tudo que fiz foi gritar com todas as minhas forças. Me debati na cama fortemente.

— Eu não posso estar cega! Meu Deus, por quê? Por quê? — Meu coração se deixou dominar pela raiva e amargura causada por aquela situação.

Senti alguma mãos tentando conter meus impulsos violentos. Naquele instante, tive um grande arrependimento de ter viajado para aquela missão. Só tinha conseguido dor e sofrimento em tudo aquilo.

— Lia, você pode se machucar. Pare com isso. —  Nicolas ordenava, segurando meus pulsos.

— O que eu vou fazer? — Chorei mais. — Como vou viver assim?

Eu queria morrer!

— Meu Deus! — gritei em desespero — Por que me abandonaste? Por quê? — Meu pranto era frenético. Tudo era um pesadelo. Um terrível pesadelo.

— Calma, Lia! Por favor. Pare! — Nicolas me abraçou. Sabia que era ele por conta de seu perfume. Senti suas lágrimas sobre minha cabeça.

— Vamos passar por isso juntos. — A voz dele acalentou minha dor por um breve momento.

— Quero minha visão de volta — supliquei entre lágrimas. — QUERO MINHA VISÃO DE VOLTA! — Outra vez gritei com todas as forças que havia em meus pulmões.

— Lia, há chances de que volte a enxergar. — Ele tentava me consolar.

— Meu Deus! Por que me desemparou? — indagava a Deus. Nicolas abraçava-me mais forte e eu me afundei no peito dele.

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