À noite estávamos jantando e ao longo do dia até aquele momento, Jamile não falou mais nada comigo. Eu me encontrava um pouco aflita com isso. Já havia explicado a minha situação com o Nicolas, mas a paixão, infelizmente, nos traz insegurança.
Em meio a mesa, onde só se ouvia as colheres batendo nos pratos, pronunciei:— Jamile?
— Oi. — A voz dele ressoou um pouco baixa.
— Após o jantar, podemos conversar?
— Eu estou cansada, Lia. Poderia deixar para outro dia? — Ela deu uma desculpa que eu sabia pela forma de falar.
— Não. Por favor, aceite, será rápido. — Eu precisava por aquele assunto pra fora e tirar toda e quaisquer desconfiança entre nós duas.
— Tudo bem. — Soltou o ar.
Após o jantar seguimos rumo ao meu tronco. Andamos lado a lado em silêncio, somente o som das nossas respirações se ouvia. Esperava sabedoria para lidar com a aquela situação. Assentamo-nos uma ao lado da outra e pronunciei:
— O que houve?
— O quê? — a pergunta soou rude por parte dela.
— Está indiferente!
— Não acho. — Ela procurava fugir daquela conversa, mostrando seu desinteresse pelas respostas curtas.
— É sobre o abraço que viu entre eu e o Nicolas?
— Não quero falar disso. — Jamile soltou um resfolgo.
— Mas precisa.
— Não pode me obrigar! — Levantou-se, abruptamente, com a voz alterada.
— Nossa!
— Desculpe-me, Lia. — Ela sentou-se de novo ao meu lado. — Eu só não quero falar nada. Estou tão cansada de tudo isso.
— Eu também. — Bati a mão em meu coração. — Tenho tantas angústias e não quero saber de carregar mais uma, vendo você está com raiva de mim.
— Eu não estou com raiva. — A voz estava embargada.
— Está enciumada! Quantas vezes preciso dizer que não existe e nunca existirá nada entre mim e o Nicolas? Ele é meu amigo e apenas isso. Na verdade, um GRANDE AMIGO e nem você nem Artur poderá mudar isso — afirmei com grande convicção.
— Eu sei — senti seu tom fraco —, mas vê-los naquele estado dói — confessou com a voz pesarosa. — Eu queria tanto poder abraçá-lo, consolá-lo em suas dificuldades, mas ele só conta contigo. Ele corre para você.
— Com ciúmes você não vai resolver atrair o coração dele. A bíblia fala que o verdadeiro amor não arde em ciúme, não se ufana e nem se exaspera — aconselhei-a a fim dela mudar naquela atitude. — Se você não tendo nada com ele já sofre deste modo, se ficarem juntos vai querer prendê-lo ao seu lado?
— Não, eu... — Tentou argumentar, mas desistiu.
— A mulher sábia não teme, Jamile. Ela confia em Deus e no seu marido. O ciúme nesse nível que você tem, ele só demonstra como você quer segurar as coisas com suas próprias mãos.
Ela nada respondeu.
— Acho que essa viagem está servindo para nos mostrar como não temos controle de nada. Você não pode segurar nada em suas mãos, você só pode fazer uma coisa.
— E qual seria? — Jamile perguntou com a voz como de uma criança.
— Confiar. — Eu suspirei. — Ou ao menos tentar.
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Uma Porta de Esperança
Spiritual"Portanto, que o Deus da ESPERANÇA vos abençoe plenamente com toda a alegria e paz, à medida da vossa fé nele, para que transbordeis de ESPERANÇA, pelo poder do Espírito Santo". Romanos 15:13. No ano de 2002 uma seca assolou as comunidades ribeirin...