Capítulo 40

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ARTUR DANTAS:

Me despedir da Chelsea, Yara e Emma foi a parte mais difícil da minha partida. Elas foram amigas muito preciosas. Lia se daria muito bem com todas. Uma alegria despertou em meu coração, pois agora eu iria vê-la novamente e dessa vez poderia com liberdade falar tudo o que sentia. Na hora do meu adeus, Chelsea falou:

— Que Deus o proteja — Sorriu e me abraçou. Ela enxugou uma lágrima que descia em sua face. — E espero ser convidada para seu casamento. — Piscou sorrateiramente. — Seja abençoado!

— Obrigado. E convidarei sim. — A abracei.

— Comporte-se bem, Emma. — Baguncei o cabelo encaracolado da menininha. 

— Eu irei. Tchau, tio Artur — falou, com sua voz angelical e meiga.

— Adeus, Yara! Orarei para que todos seus sonhos se realizem.

— Obrigada, senhor Artur. Desejo toda a felicidade que Cristo pode conceder ao Senhor. — Nos abraçamos em cumplicidade.

Depois de me despedir da tribo, saímos em direção à fronteira. Steve e eu conversamos até lá, mas outros homens nos acompanharam para nossa segurança. Pela graça de Deus, não tivemos nenhum problema com as outras tribos, eles ficaram de longe nos observando, mas não se aproximaram. Depois de quase duas horas e meia andando, consegui avistar a estrada.

— Eu não sabia que estava tão floresta adentro — pronunciei.

— Pois é, meu caro — Steve riu e bateu em minha costa com camaradagem.
Continuamos em frente e chegamos na estrada. Saímos exatamente onde houve o tiroteio. Me recordei daquele tão terrível dia. Esperava nunca mais passar por aquilo. Steve percebeu meu leve devaneio e falou:

— Está bem, Artur?

— Eu só lembrei de algumas coisas. — Balancei a cabeça para afastar aquelas más recordações.

— Bom — Steve falou, olhando para a estrada —, então é aqui que nos despedimos.

Sorri com tristeza e apertamos as mãos.

— Vocês todos foram o socorro do Senhor para mim.

Ele sorriu levemente e assentiu com a cabeça. Steve não era tão expressivo, sempre manso e sério, mas possuía um grande coração.

— Eu é que agradeço. Espero que seja muito feliz.

Enquanto estávamos conversando, ouvi uma voz chamar:

— TENENTE ARTUR?

Olhei para trás e enxerguei dois soldados caminhando em minha direção. Quando se aproximaram indagaram incrédulos:

— Tenente Artur, é o senhor mesmo? — Os olhos arregalados sobre mim me fizeram gargalhar.

— Parece que sim. — Coloquei as mãos no bolso da calça, tentando controlar meu divertimento com o espanto dos dois.

— Todos nós achávamos que o senhor tinha morrido! — O soldado declarou ainda sem acreditar no que via. — Na base, fizemos um pequeno cerimonial em sua homenagem.

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