Capítulo 34

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LIA RODRIGUES:

— Lia, tem alguém querendo falar com você — Josué me informou.

Eu deixei Davi que dormia na rede comigo e sentei.

— Você sabe quem é? — Tentava fazer um coque no cabelo.

— É uma daquelas mulheres amiga de Vivian.

— Quem poderia ser? — Estranhei o fato e cocei o rosto.

— Não sei, mas vamos? — Josué segurou meu braço e me guiou até a sala.

Chegando à porta uma voz fina e um pouco irritante começou a falar:

— Lia?

— Quem fala? — Tentei reconhecer aquele timbre vocal, mas nada veio na mente. Não sabia de quem se tratava.

— Meu nome é Gil. — A mulher se apresentou.

— O que deseja? — perguntei sem muitas formalidades.

— A senhora é amiga da Vivian?

— Amiga? Eu? Desculpa, mas deve está me confundindo com outra pessoa. — Ela devia ter errado o endereço.

— Não, você é Lia, a missionária, não é? — confirmou sobre mim.

— Sim, mas por quê?

— A Vivian precisa muito de você — ela disse com num murmuro.

— Ela me odeia!

— Não odeia. — Gil retrucou rápido. — Na verdade, o que ela tem é inveja e uma grande frustração.

— Pode até ser, mas mesmo assim ela não gosta de mim. — Balancei minha cabeça em negação.

— Mas ela precisa de você. — A voz de Gil denotava súplica. — Querendo ou não é a única que ela respeita.

Fiquei confusa no momento.

— Por que ela precisaria de mim?

— Aquela menina está morrendo — Gil revelou a situação. — Ela tem tentado se suicidar diversas vezes essa semana. Desde que aquele tenente morreu, ela tem tentado se matar.

— Meu Deus! Mas, por quê? — Meu queixo caiu em espanto. Não imaginava o tamanho do sofrimento dela.

— Eu realmente não sei, porém se você pudesse ir até ela, eu realmente agradeceria.

Meu coração entrou num conflito. Realmente como cristã precisava amparar os necessitados, mas meu lado ofendido tantas vezes por aquela jovem queria me convencer de que não era digna de ajuda. Ela buscou aquela vida e essas eram as consequências. Mas, por outro lado, minha memória trouxe a lembrança de que se Deus nos deixasse abandonados todas as vezes que ofendemos. Eu suspirei.

— É claro! Vamos sim! — Pedi que Josué me acompanhasse, afinal só estamos nós dois, Jeniffer e Davi em casa. Ela ficou com a criança e ele foi comigo.

Gil me guiou para a parte de trás do bar. A habitação de todas as meninas que se prostituiam ali. Ao adentrar o cheiro do álcool inundou minhas narinas, o som de uma música profana percorria o ambiente.

O som de homens falando palavras esdrúxulas, bebendo e jogando era nítido. Paramos em frente a uma porta de madeira e ela bateu.

— Abra a porta, Vivian!

— Me deixa em paz. — A menina gritou lá de dentro.

— Você tem uma visita. — Gil insistia para ser atendida.

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