Capítulo 32

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Três dias depois.

Elizabeth Elliot costumava dizer: "Sei que esperar em Deus requer vontade para suportar a incerteza, levar no interior uma pergunta sem resposta, trazendo o coração diante de Deus quando esse pensamento invade nossa mente." E era tudo isso que eu estava vivendo: as perguntas sem respostas e tentando alimentar a esperança não nas circunstâncias, mas unicamente no caráter de Deus.

Admito que estava reaprendendo sobre o Senhor naquele estágio da minha vida. Voltei a um deserto sofrido para conhece-lo outra vez, para voltar a crescer na vida espiritual, da qual eu achava estar tão certa que tudo caminhava perfeitamente bem. Ponderava sobre isso quando ouvi:

— Lia, se arrume. — Escutei a voz de Jamile entrando no quarto.

— Para quê? — Fui sentando na minha rede.

— É o aniversário de uma das famílias mais antigas da comunidade. As pessoas vão se reunir e nos chamaram para participar — ela explicou.

— Ah, eu não estou a fim de festa.

— Mas...

— Eu acredito que é uma boa oportunidade para a gente fazer amizades com o pessoal da comunidade. Não é isso que devíamos fazer? Se misturar? — Mariana invadiu nossa conversa.

— Com quem você aprendeu ser tão incisiva assim, Mariana? — indaguei com um sorriso.

— Foi com você mesmo. — Ela segurou no meu braço com suas mãos molhadas. — Vamos logo e se levante.

— Não sei, me parece errado celebrar algo enquanto Artur pode estar sofrendo ou morto — falei com sinceridade.

— Lia, se Deus arma um banquete no deserto é para nosso bem. Ele cuida de você, de nós e do Artur e todos os seus filhos ao redor da terra — Jamile declarou com tanta sabedoria que me espantou.

— Com que está aprendendo essas coisas também? Olha, sinto que não conheço mais aquelas duas jovens tímidas. — Eu tinha um sorriso nos lábios.

— Então, para esse deserto Deus trouxe todos nós também e está ensinando a cada um a sua maneira — Mariana respondeu e eu percebi que era uma verdade.

Elas me ajudaram a colocar um vestido abaixo do joelho, eu penteei meu cabelo ondulado e fizeram uma trança, passei um hidratante nos lábios e estava pronta. Esperei as duas se arrumarem e antes que pudéssemos sair da casa, escutamos os rapazes chegando e dedicaram alguns elogios a nossa aparência, Jeniffer e Larissa que chegaram depois foram se arrumar e esperamos todos.

Ao sairmos todos juntos, revivi o sentimento gostoso que era da comunhão. Tiago e Joabe declaravam como o atendimento hoje mais cedo tinha sido melhor e as pessoas começavam a vê-los como parte dali. O que era muito bom para nós. Aos poucos fomos nos aproximando do local da festa e o som de violões era ouvidos e uma cantoria também com músicas de letras antigas.

— Olá, missionários, que bom que vieram. — Era a voz de Tereza, nossa ajudante assim que chegamos na comunidade. — Sentem-se conosco.

Fomos guiados até uma mesa e eu só escutava as conversas, as músicas, o choro de algumas crianças e tudo era um caos, mas que enchia meu coração de vida, já que há tanto tempo ele parecia adormecido.

— O que vão querer comer? — ela perguntou e ofereceu as opções. — Temos peixe com baião e farinha, carne com arroz e uma maionese, açaí gelado com açúcar e farinha.

— Ah! Eles já fizeram açaí. — Meus olhos até brilharam. — Eu quero primeiro açaí estava ansiando por isso.

— Todos nós estávamos — Jeniffer declarou.

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