Capítulo 25

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ARTUR DANTAS:

A Lia era parte de minha vida agora, e eu não queria perdê-la. Foi como um raio de luz que brilhou no meio do meu luto por Ângela. Depois de sua morte, achei que nunca mais teria nenhum sentimento por outra mulher, mas existia por Lia e isso era novo e confuso.

Me preocupei com seu ciúme por causa de Vivian, eu sabia do interesse dela. Não era inocente.  Porém, meus pensamentos estavam na Lia. Nem havia chance de dúvida. A nobreza, generosidade e determinação dela não poderiam ser substituídas por prazer passageiro.

Cristo tem me ensinado tanto neste lugar. Me fez ver como a minha vida não morreu junto com minha esposa. Ele estava soprando uma nova vida em mim. As suas palavras me edificavam e faziam eu crer de novo em sua bondade. Depois que me despedi de Lia, segui a trilha até a base e, de longe, ouvi alguém me chamando:

— Artur? — Ela se aproximava com um sorriso malicioso no rosto.

— Olá, Vivian — respondi normal.

— Como vai, tenente? — Parou na minha frente e me olhou de cima abaixo. — O senhor tem trabalhado tanto não acha

— É a vida, mas daqui a pouco termina minha missão aqui e volto para casa.

— É sério? — Ela arregalou os olhos. — E pretende mesmo voltar? — Tinha nítida curiosidade.

— É claro que sim! Tenho muitas coisas pendentes lá. — Dei um passo para trás.

— Você é um homem muito admirável, sabia? — expressou com mais um sorriso.

— Obrigada, jovem.

— Jovem? — O sorriso se desfez na hora. — O que você vê em mim? — Arqueou a sobrancelha.

— Uma garota. —Ela não estava contente com minha resposta. —Quantos anos tem?

— Tenho 19 anos —respondeu inflando o peito, querendo mostrar maturidade.

— É uma criança!  — Soltei o ar.

— Não gosto de ninguém me chamando de criança! — protestou ofendida. — Pela lei já sou maior de idade e vivi muita coisa para ser considerada criança. — Quase cuspiu a última palavra.

— A sua vida não deve ter sido nada fácil, não é? — disse, e Vivian virou o rosto em silêncio.

— Quantos anos tem a moça da igreja? — indagou de repente. — Parece ser muito jovem também. — Ela cruzou os braços e franziu o cenho.

— Ela tem 28 anos.

— Você gosta dela? — perguntou com os olhos semicerrados.

— Por que quer saber? — Crispei  os olhos em dia direção.

— É só curiosidade — ela respondeu com um sorrisinho e dando de ombros.

— Não importa de quem eu gosto. Isso só diz respeito a mim —falei com um tom mais grave, e ela piscou algumas vezes.

Depois de recuperada da resposta, ela ousou chegar mais perto e colocar a mão no meu peito. As palavras ficaram bem sedutoras.

— É um homem tão bonito, másculo e forte. Eu enlouqueço só de pensar em você. — Senti a sua respiração bem perto.

— É melhor não pensar mais. — Tirei as mãos dela. Aquilo havia ido longe demais.  — Pelo que sei, nunca lhe dei liberdade para falar desse jeito. — Olhei com firmeza para ela. — Nunca mais repita isso!

"Não subestime a tentação". Lembrei-me das palavras de Lia.

— Você parece tão cansado, precisa descansar. — Ela desconsiderou minhas palavras e restou a sorte novamente se aproximando, segurei suas mãos antes que atingisse seu objetivo.
Ela riu com animosidade.

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