Uckermann & RP

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Durante todo o percurso fui trocando mensagens com Maite, que voltava a me perguntar sobre o Ano Novo e me fazia dar boas gargalhadas com alguns comentários tão tipicamente maliciosos vindos dela. Guardei meu celular na bolsa assim que o táxi parou e estendi o dinheiro, mandando o taxista ficar com o troco. Sai do carro e ajeitei minha saia, inspirando o ar não tão poluído quanto o do táxi e sentindo a brisa fria matinal se debatendo contra o meu cabelo.

Ah, eu amo NY!

Como todas as manhãs, eu me dirigi a Starbucks e acenei para o Steven, o garoto fofo que fica no caixa no período da manhã, pedindo sem precisar dizer nada para que ele preparasse o meu Crème Frappucino e colocasse na conta de cliente VIP. Enquanto isso, eu fui à banca na frente da Starbucks, pegando a minha leva de revistas especialmente separadas para mim pelo senhor Mark, o dono da banca, e voltando para dentro. Steven já estava me esperando com o meu Frappucino perto da porta, por isso mal entrei e sai outra vez, colocando as revistas debaixo de um braço, segurando o copo de café com uma mão e com a outra colocando os óculos escuros e amarrando o meu cabelo em um rabo da forma que consegui prender. Meu celular tocou e suspirei, fazendo um esforço para conseguir encontrar o minúsculo aparelho dentro da minha bolsa e parando diante a faixa de pedestres, vendo que o sinal estava vermelho.

— Olá?

— Está ocupada?

— Ainda não, tio John. Estou a caminho do trabalho. O que foi?

— Nada demais, querida. Eu só queria saber se você quer tomar um café comigo e com Ben hoje de tarde. River Café...

— Mas é claro que sim! Eu tentarei sair mais cedo, então torça para que nenhuma celebridade faça um barraco ou coisa do tipo, pois se não Paula não vai me deixar sair uns minutinhos antes.

— Está bem. Ah, e precisamos conversar urgentemente sobre a próxima reunião de família. Sua mãe quer porque quer que todo mundo vá para...

Não consegui escutar o resto, pois o meu celular voara longe porque eu tinha esbarrado com alguém duas vezes maior do que eu. Não fora apenas o meu celular, como também o meu Frappucino e todas as minhas revistas que caíram no chão, a alguns metros de mim. Soltei algumas pragas, abaixando-me para recolher tudo e percebendo que alguém se ajoelhara no chão para me ajudar.

Ergui o olhar, tragando a saliva ao me deparar com um homem maravilhoso disposto a esfregar o terno Victor Hugo na calçada imunda para salvar uma pobre e indefesa dama (haha) a recolher o que deixara cair.

— Por favor, me desculpe. – ele pediu, parecendo mesmo arrependido. Dei um sorriso ameno, para demonstrar que não estava mais me importando por ter perdido a minha dose diária de cafeína ou por ter sujeira nas minhas revistas novas. Eu não me importava, pois tinha me esbarrado com um homem perfeito.

— Não se preocupe, não foi nada demais. – disse meigamente, colocando uma mecha de cabelo atrás de uma orelha e permanecendo a sorrir como uma doce donzela.

— Tenho que prestar atenção por onde ando. – e recebi um sorriso sem graça. – Gostaria de pagar outro café para você, se você não se... - ele não pode terminar a frase, pois o seu celular tocou dentro do bolso e ele suspirou frustrado, me entregando tudo antes de ficar de pé e estender uma mão para me ajudar a levantar. – Me desculpe mais uma vez.

E então foi embora, sem dizer mais nada, me deixando para trás com a boca entreaberta e com o coração aos berros. Sim, eu queria tomar um café... Com ele. E não me importaria de me atrasar o tempo que fosse para o meu trabalho, contanto que ele desse outro sorriso. Mas ele já se transformara em um pontinho desconhecido entre os outros milhares de pessoas que atravessavam a rua de um lado para o outro, e, irritada, levei o meu celular de volta a uma orelha para escutar o meu tio aos gritos me procurando.

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora