Irlanda

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Atenção passageiros do vôo 12F rumo a Irlanda, por favor, dirijam-se...

— Amor, é o nosso! – quase gritei de tanta animação e lhe puxei pelas mãos até o portal que a voz anunciara alguns segundos antes.

Calma, amor, o avião não vai decolar sem a gente! – ele se divertia com a minha empolgação. Larguei a bolsa no chão e me joguei nos braços dele, passando minhas pernas em sua cintura e lhe enchendo de beijos.

— Não acredito que estamos indo viajar só nós dois...

Nem eu... - ele me deu um beijo rápido nos lábios – Me prometa que vamos aproveitar cada segundo, ok? – confirmei com a cabeça e lhe dei outro beijo, sorrindo.

— Cada segundo. Só eu e você...

E os duendes... - ele soltou uma risada e eu, fazendo bico, neguei.

— Leprechauns, amor! Que coisa feia! Você que me ensinou e está falando errado? – beijei a ponta de seu nariz e fiquei em pé novamente, pegando outra vez em sua mão.

Só eu, você e os leprechauns... - ele pegou minha bolsa no chão, que eu já ia me esquecendo, e se deixou ser levado.

— Preferia quando eramos só eu e você...

Ok. Não vou deixar que os leprechauns nos atrapalhem. Segunda promessa... - abri um sorriso enorme e chegamos ao portão de embarque.

— Dá para acreditar que em menos de algumas horas estaremos em um continente, em um país, em um lugar totalmente diferente? – falei como se fosse a primeira vez que eu estava saindo do país – Adoro essa expectativa!

Vem cá... - me senti sendo abraçada e continuei distribuindo sorrisos – Me responde: Por que a Irlanda?

— Sei lá. Eu estava bêbada de sono. Disse o primeiro lugar que se passou em minha cabeça...

Não foi por causa daquele filme que você quase morreu de chorar, não é mesmo?

— Qual? P.S. I Love You? – ele confirmou com a cabeça e abafei o riso – Amor, foi você que quase morreu de chorar nesse filme! – ele tampou minha boca e olhou para os lados, brincando de que estava preocupado.

Shh. Não conta pra ninguém esse meu segredo obscuro! – ele sorriu e balancei a cabeça, rindo.

— Pode deixar, Uckermann, seu segredo está a salvo comigo.

Foi ai que anunciaram novamente que o voo já estava para partir. Mostramos os passaportes e enquanto ele ia ao banheiro, comprei algumas revistas. Logo já estávamos na primeira classe e, como era de se esperar, havia poucas pessoas ali. Para ser sincera, só se encontravam mais um casal de velhinhos perto de nós e mais ninguém, o que eu agradeci. Como o avião estava programado para levantar vôo somente às 23h30min, e não faço a menor idéia de quantas horas demora para chegar na Irlanda, fingi um bocejo e abracei o Christopher, que acabara de sentar.

Sono? - perguntou enquanto instantaneamente me envolvia em seus braços.

— Um pouco. Finalmente achei alguém para limpar meu apartamento enquanto estiver fora. Fiquei hoje o dia inteiro atrás de uma pessoa que não tivesse cento e quarenta e cinco anos ou que não fosse fanático pelo Kiss ou pelo Metallica...

A coisa estava tão ruim assim?

— Estava pior do que você pode imaginar. Uma garota que estava querendo trabalho tinha piercings em lugares que eu nem sabia que existia! - ele riu e começou a folhear a programação do vôo, vendo que filmes tinham para se ver.

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora