Diva

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O táxi amarelo deslizava pelas ruas desertas de NY, através do vidro eu assistia o sol nascendo entre os altos arranhásseis e o céu se transformando em um azul perolado. Via pessoas das mais diferentes etnias, tamanhos e estilos chegando a suas lojas e se preparando para um novo dia de trabalho. Via também o meu sonho de adolescente diante dos meus olhos.
Ali estava eu, depois de tanto sonhar, de tanto desejar... Ali estava eu, simples assim.
Algo que parecia impossível diante da minha realidade, quando pequena, agora era de verdade. O que muitos falavam que nunca aconteceria, aconteceu. E da melhor maneira. Quando eu era apenas uma criança, sonhava com luzes, pessoas, amores, amizades, dinheiro... Me realizei financeiramente, socialmente e amorosamente. Eu tinha tudo o que sempre quis e ainda mais um pouco... E as luzes de NY brilhavam para mim. O sol brilhava para mim...
Pedi para o taxista parar em uma Starbucks e rapidamente desci, comprei um bagel e um Crème Frappuccino. Voltei para dentro do carro e dei ao motorista um novo endereço...
Reparei uma coisa durante o trajeto: por mais que os meus sonhos tivessem se realizado, agora eu tinha novos sonhos e desejava alcançá-los.
Uma família grande, uma vida feliz ao lado de Christopher, momentos inesquecíveis...
E tudo parecia tão fácil... Tão próximo.
Sorri para mim mesma e quando o táxi parou, desci, respirando fundo e encarando a calçada vazia. Estava me sentindo em um filme... No meu próprio filme. Eu não era a Audrey Hepburn, mas poderia muito bem roubar o papel dela por alguns minutos e ter o meu momento de luxo durante um café da manhã diante das vitrines esplendorosas da Tiffany's.
Dava algumas mordidas no bagel e alguns goles do meu café enquanto mirava atentamente cada jóia, sorrindo ao pensar no que eu estava pretendendo... E assim que terminei de comer, as portas da joalheria se abriram, me tornando a primeira cliente do dia.

Voltei para o Hospital com um sorriso imenso no rosto e sabia que nada conseguiria diminuí-lo. Havia recebido uma ligação dos meus pais, falando que estavam terminando de arrumar as malas e que em breve estariam pegando um avião e que tudo estava bem. Letícia me deu um toque no celular para perguntar como Maite estava e recebi algumas ligações de algumas revistas, todas interessadas em uma matéria de primeira mão sobre o nascimento do bebê da melhor colunista do Times. Não encontrei ninguém no corredor dos quartos da ala da Maite, somente Guido que conversava com o médico mais uma vez para se informar sobre o que já sabia. Entreguei uma pequena caixa aveludada para ele e sorri. Recebi um beijo na testa dele e ele agradeceu, falando que daria para Maite assim que ela acordasse. Guido me avisou também que Anahí e Alfonso tinham ido embora para tomarem banho e outras coisas, mas que no almoço voltariam... Perguntei de Christopher e ele não soube me responder.

Onde você está?

Mandei uma mensagem para ele e sentei em um sofá esperando a resposta.

Em um café da rua do Hospital. Acho que já lhe disse que café de Hospital é péssimo, não é mesmo?

Sorri e me levantei, digitando enquanto andava.

Estou indo encontrá-lo.

Assim que as postas do Hospital se abriram, meu celular vibrou.

Cansou do Depp e agora me quer?

Ri sozinha, negando com a cabeça e o avistando mais longe, parado na calçada com o celular na mão.

Não quero ninguém que não seja você, bobo!

E, enquanto ele lia e sorria, o alcancei e passei meus braços pelo seu torço, ficando na ponta dos pés e encaixando meu rosto na curvatura de seu pescoço. Escutei-o rindo e me erguendo do chão, postando um beijo em meus lábios e assim que nos separamos, ele segurou uma de minhas mãos e me puxou para sentar em uma das mesas do café.

Vai me contar aonde estava? – ele perguntou enquanto pedia algo para nós comermos e não ligou quando eu disse que já havia comido, pedindo algo para mim da mesma maneira.

Assim que os pedidos foram feitos e o garçom se afastara, coloquei minha bolsa em cima da mesa e retirei outra caixa aveludada de dentro dela, sorrindo enquanto a encarava. Estiquei a mão, entregando a caixa para ele e notei que as sobrancelhas dele se comprimiam, formando uma pequena ruga de dúvida.

— Espero que goste...

Ele abriu a caixa e retirou o pequeno escapulário de ouro que a pouco eu comprara para ele. Era algo simples, mas representativo para mim. O vi observando atenciosamente a correntinha e me encarando depois de um tempo, com um sorriso lateral nos lábios e um olhar ainda sem entender.

— É para protegê-lo de tudo... – fiquei de pé e me aproximei dele por trás, pegando o escapulário de suas mãos e com calma, colocando-o em seu pescoço – Porque não quero que nada de ruim aconteça para a pessoa que eu mais amo no mundo... – assim que coloquei, o abracei por trás e senti as mãos dele sobre as minhas e o seu rosto virando para mirar o meu – Gostou? Sei que é meio piegas e tudo mais, porém representa muito para mim e... – vi como ele me encarava profundamente e me senti intimidar – Christopher, diga algo! – alguns dedos dele tocaram a minha face e dedilharam a minha bochecha lentamente, não me deixando parar de mirá-lo.
Às vezes eu acho que não dá para amá-la mais do que eu já a amo... – ele deu outro sorriso lateral e parou de mover os dedos, me olhando diretamente nos olhos – Mas não sei como você consegue me mostrar que estou enganado, me fazendo amá-la ainda mais a cada dia que passa... – nossas testas se encontraram, assim como os nossos narizes – E daqui a pouco você ira me fazer explodir de tanto amor que sinto por você, Dulce...

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