Então é Natal...

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Claro, depois de quase dois anos de casados, tivemos umas brigas, muitas reconciliações, muito ciúme, muito sexo, muitos dias em que ambos estávamos estressados, muitas discussões bobas e muitos e muitos beijos... Não poderia dizer que nosso relacionamento se mantinha em uma perfeita lua-de-mel porque não era. Tínhamos altos e baixos, como ainda tínhamos muito amor, até de sobra...
Lucy, com oito anos, era o motivo maior da minha alegria. A timidez que sentia no começo tinha sumido pouco a pouco e se mostrava sempre uma garota alegre, responsável e uma graça! Não tínhamos o que reclamar dela, pois era sempre tão meiga e carinhosa que muitas vezes me dava vontade de abraçá-la, morde-la e beijá-la até ela implorar para eu parar... Com oito anos recém completados, era uma garota linda, que sempre arrancava elogios de qualquer um e era o xodó de Anahí e Maite, que além de paparicá-la ao máximo, paparicavam os filhos até não poder mais.
Anahí tinha engravidado antes de casar e seu filho Oliver era o seu amor. Ela e Poncho estavam se preparando para casar em quatro meses, que cairia em abril, e eu não poderia dizer que um dia havia os visto mais felizes do que estavam...
E Maite estava ainda mais contente, pois tinha acabado de dar a luz ao seu primeiro filho. Davi, o pequeno irmão de Sophia, tinha sido recebido como um presente de Natal para Maite... Porém ela não tinha sido a única a receber um presente adiantado do papai Noel naquele ano...

— OLHA AQUI DULCE – ela gritava pelo telefone – NEM QUE EU TENHA QUE ENFIAR ESSE NEGÓCIO NO SEU ORIFÍCIO, É BOM QUE VOCÊ O FAÇA!
— DULCE, já não resta dúvidas... não dá para você fazer isso logo de uma vez e acreditar?
— Não é fácil acreditar que eu talvez esteja grávida...
— TALVEZ O MEU NARIZ! VOCÊ ESTÁ! EU SINTO O CHEIRO DE GRAVIDEZ! VOCÊ ESTÁ CHEIRANDO A VÔMITO E A FRUTAS EXÓTICAS! É CLARO QUE VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA!
— Talvez eu tenha vomitado porque comi aquele camarão horrível que o Guido fez!
— Não estava horrível e você sempre gostou de camarão! Ah, e me explique a sua súbita vontade de comer fruta-do-conde...
— Existe essa fruta?
— Não sei se existe, mas a Dulce queria...
— Eu vi num canal de TV um chef preparando uma receita com essa fruta e fiquei com vontade, só por causa disso...
Ai Jesus... Dulce, passe o telefone para a Lucy...
— Mas... Porque?
Só passe, está legal? – revirei os olhos e chamei Lucy, que chegou correndo na sala com um sorriso e quando estendi o telefone e disse que eram a tia Annie e a tia Mai, o sorriso dela aumentou.

Elas conversaram por poucos minutos, mas assim que ela estendeu o telefone para mim, percebi que as duas tinham desligado.

— O que elas falaram, minha linda?
— Tia Annie disse que é para eu fazê-la ir ao banheiro e fazer um teste para ver seu eu vou ganhar um irmãozinho... Tia Mai disse que ela será a madrinha. Tia Annie disse que não é justo. Tia Mai disse que...
— Ok, já entendi... – dei um beijo na cabeça dela e suspirei – Você acha que vai ganhar um irmão? – perguntei enquanto respirava fundo.
— Não pode ser irmã? Meninos fedem!

Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus!

Um... dois!

DEU DOIS RISQUINHOS!

Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus! Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus! Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus! Oh meu Deus, oh meu Deus, oh meu Deus!

Não desmaia! Oh meu Deus.

Respira fundo. Respira. Inspira. Fundo. Não. Desmaia. Oh. Meu. Deus.

Dois risquinhos!

Respira! Respira! Respira!

— Mãe, você quer um copo de água?

Oh meu Deus.

— Mãe?

DOIS!

Chão.

Eu não estava conseguindo acreditar. Eu estava grávida. Grávida de uma criança. Do Christopher. Um bebê. Menino ou menina. E eu não conseguia acreditar mesmo.
Quer dizer, eu e Christopher estávamos tentando ter um filho tinha certo tempo, porém ele agora sempre estava viajando para outros países devido as filiais e nós não estávamos acreditando que receberíamos um filho naquele ano! Não sabia se era o milagre natalino, se era a magia no natal, ou qualquer que fosse a explicação (a mais óbvia era a do óvulo e espermatozóide, porém era sempre bom acreditar que tudo aquilo era um passe de mágica), mas não me importava! Eu estava grávida!
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Fui ao médico e fiz alguns exames para saber da minha saúde e a do bebê antes de Christopher retornar de Londres. Anahí, Maite ou Christian sempre me acompanhavam aonde quer que eu fosse. Eu estava feliz, ou melhor, mais feliz era impossível. Mal conseguia conter a ansiedade de contar para o Christopher, só que queria contar pessoalmente, por isso sempre escondia aquela novidade quando ele me ligava de noite... E ele chegaria somente um dia antes do Natal!
Eu tive que me controlar muito para não contar antes da hora e quando o dia começou a se aproximar, comecei a ficar nervosa, com medo de que ele não gostasse da idéia... Porém quando ele entrou pela porta da frente, Lucy, que arrumava a árvore de Natal junto comigo, saiu correndo para abraçá-lo e, assim que vi como ele sorria com ela em seus braços, respirei aliviada tentando conter a emoção.
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— PAPAI! – ela gritava nos braços dele – Sentimos sua falta!
Também senti a de vocês! – ele deu um beijo na testa dela e se aproximou para me dar um beijo também – Senti falta das minhas mulheres...
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Enquanto Lucy o abraçava pelo pescoço, eu respirava fundo e escondia uma coisa que queria mostrar para ele somente depois de dar a notícia. Lucy olhou para mim sorrindo e quando viu que pisquei um olho para ela, deu um beijo na bochecha dele e sussurrou algo em seu ouvido.
  
— Penduramos meias na lareira! – Lucy contou animada.
Sério? – ele riu – E colocaram o meu nome? – o vi se aproximando para conferir as meias e riu ao ver três meias penduradas.
— Claro que sim! – ela riu com ele – Olha! Christopher, Dulce, Lucy...
— Você não contou para o seu pai que o papai Noel passou mais cedo esse ano aqui, meu anjo? – perguntei e ela negou com a cabeça, saindo do colo dele e vindo para o meu lado.
Passou? – ele continuava sorrindo e meu coração parecia uma bomba-relógio em meu peito.
— Sim... – sussurrei – Olhe dentro da sua meia...

Ele se aproximou sorridente e colocou a mão dentro da meia, retirando de lá o palitinho do teste de gravidez e o exame de sangue que eu havia feito para confirmar. Assim que viu o resultado Christopher olhou para mim imediatamente. Me movi um pouco, deixando-o ver o que o meu corpo escondia... Uma pequena meia onde se encontrava escrito Bebê e vi que ele respirou fundo, tentando assimilar a informação também.
  
— Mamãe disse que vou ganhar uma irmãzinha! Ou um irmãozinho, mas papai, os meninos cheiram tão mal! – ela fez uma careta e abraçou os joelhos dele, enquanto ele começara a rir que nem um bobo e esticava a mão, para me puxar e me acolher em seus braços.
— E então...? – murmurei contra o seu pescoço.
E então que você é maravilhosa, eu sou o homem mais feliz do mundo, eu a amo demais e esse é o melhor presente de Natal que já ganhei!
— Ai meu Deus... - não controlei as lágrimas e comecei a chorar. Era bom demais estar ali com eles!

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Consegui editar mais um correndinho no meu intervalo. Vou voltar a trabalhar e volto na hora do almoço. Beijos de luz

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora