Audrey

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Depois de algum tempo, quando eu tinha voltado a sentir o meu corpo e o meu coração, estava ansiosa para ver minha filha. Christopher entrou no quarto com milhares de balões que Anahí e Maite tinham comprado, flores de Christian, Plínio e Alfonso, chocolate de Guido, um ursinho de pelúcia do meu pai, um bilhete de minha mãe e Alexandra e mais um monte de presentes. Sorri para ele, que retribuiu e sentou ao meu lado, passando alguns dedos devagar pelo meu braço e dando um beijo em meu ombro.
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Tenho três princesas agora...
— Não tem não – neguei com a cabeça e continuei - Tem duas princesas e uma rainha...
Uma rainha linda... – o corpo dele pesou na cama e os lábios dele tocaram os meus de leve – Nossa filha está subindo daqui alguns minutos para ficar com você...
— E como ela é? – perguntei encantada, com a voz embargada e reprimindo novamente a vontade de chorar.
Cabeluda – ele riu – Cabelo liso, que nem o seu, mas bem mais claro, igual ao meu... Bochechuda. Maravilhosa...
— Um cruz-credo que não poderia nascer da mistura de nós dois! – ele riu divertido e segurou minhas mãos, dando mais beijos nelas.
Precisamos de um nome...
— Sim... – falei pensativa e antes que eu tivesse algum nome para pronunciar, ele abriu um sorriso enorme.
Tenho uma idéia... E você vai gostar.
— Qual? – mordi o lábio inferior e ele abriu um sorriso sacana, me dando medo.
Fionnualha! – comecei a gargalhar e lhe dei um tapa forte no ombro, incrédula com a sugestão.
— Ela vira órfã de pai se você estiver falando sério! – ele gargalhou comigo e negou a cabeça.
Não é esse... – ele sorriu para mim e falou – Audrey, igual a Audrey Hepburn. Audrey Saviñón von Uckermann...

Cuidar de um bebê até que foi mais fácil que eu pensei. Quer dizer, depois de assistir tantos vídeos aterrorizantes de parto, tantas crianças desobedientes nos programas do Super Nanny, tantos filmes de babás desesperadas e ler tantos livros de auto-ajuda para a "mamãe de primeira viagem", cuidar de um recém nascido parecia coisa que só mães super preparadas ou robôs conseguiriam... Mas acabou se tornando tão gostoso.
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Audrey era uma graça. Era manhosa, chorava por manha quase sempre, mas era uma graça. Se comportava, era quietinha e dormia o suficiente para me deixar repor as forças. Sem contar que ela era perfeita... Perdi tantas noites admirando os muitos detalhes maravilhosos dela que não era de se estranhar que eu e Christopher já soubéssemos de onde tinham vindo cada um de seus traços.
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Os cabelos lisos castanho claro pareciam estar escurecendo um pouco. Os olhos permaneciam amendoados e eram enormes. A pele era um tom claro, da família de Christopher, que chegava a parecer de porcelana. Os dentinhos de leite tão pequenos e brancos formavam um sorriso que não existia igual. Os lábios pequenos, vermelhos e bem moldados formavam um coração. O nariz pequenino, um pouco arrebitado era de minha família. E a voz... A voz melódica e rouca, não precisava dizer que herdara do pai.
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Audrey era linda. Tinha sido um bebê lindo e estava se tornando uma criança ainda mais linda com o passar do tempo.

Lucy amava Audrey de uma maneira que não daria para descrever. Com doze anos Lucy cuidava de Audrey com tanto amor. Lucy me ajudou nas tentativas de ensinar Audrey a falar. Lucy que me ajudou a dar verduras e legumes para Audrey. Lucy que me ajudava a esconder as chupetas do alcance da vista de Audrey. Lucy que me ajudava a escolher as roupinhas para Audrey. Lucy que me ajudava a guardar os brinquedos. Lucy que fazia tudo comigo, por isso não foi de se estranhar que a primeira palavra que Audrey tenha dito foi...
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— UUUUUCI!
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Quase cai da cadeira em que estava sentada, no escritório de casa, quando Audrey entrou engatinhando e com a cara de choro, procurando a irmã.
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— Meu Deus! – levantei e a peguei no colo, limpando as lágrimas que escorriam dos olhos dela – Você falou!
— UUUUUUUUCI! – ela repetiu, esticando os braçinhos e os abanando.
— Marina – gritei, chamando a babá – Cadê a Lucy?
— Está lá fora, desenhando... Quer que eu a chame?
— Não precisa... – sorri para ela e com a pequena no colo fui andando até a área da piscina, encontrando minha outra princesa sentada na grama desenhando as flores – Olha quem está aqui, lindinha! – falei para Audrey, que ao ver a irmã começou a bater palmas e sorriu alegre.
— UUUUUUCI!
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Lucy olhou para nós, talvez assustada como eu, quando escutou Audrey chamando por ela. Ficou de pé e nos encarou, me dando tempo para mirá-la por uns segundos.

Lucy crescera demais.
O cabelo batia em sua cintura e naquele dia ela prendido os lindos cachos castanhos em uma grande trança. Os olhos verdes continuavam esplendorosos, dando destaque a sua pele e realçando também o seu sorriso. Ela estava usando aparelho e estava ansiosa para tirar, pois falava que ficava feia e tinha vergonha... Porém, para mim, ela ficava linda de qualquer jeito e não dava para esconder aquela beleza toda de nenhuma maneira.
Seu corpo estava em uma transformação. De criança para pré-adolescente, contudo, aos meus olhos, já era visível uma leve mudança pronta para ocorrer. Seus ombros estavam mais largos, suas pernas haviam alongado, seu rosto afinado, e seu jeitinho de criança estava se transformando em jeitinho de mocinha...
Quando ela se aproximou de nós duas, ergueu os braços, querendo pegar Audrey no colo, que até então era leve, já que recém tinha feito 1 ano, e sorriu.

— Ela falou o meu nome?
— O que você acha? – perguntei, vendo como Audrey ria enquanto segurava a trança da irmã entre as mãos.
— UUUCI, UUUCI, UUUCI! – ela cantarolava enquanto balançava a trança.
— Eu acho que vou chorar... – abri um sorriso e abaixei para dar um beijo na testa dela, vendo aqueles dois enormes rubis de seus olhos se diluindo.
— Não chore, estrelinha... – peguei na mão dela e tirei Audrey de seu colo – Vem, vamos lá para dentro. Estou pensando em passar o resto da tarde assistindo A Bela Adormecida com vocês... O que você acha?
— Já terminou de trabalhar?
— Digamos que estou no horário do intervalo... – ri para ela e entramos em casa. 

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Oi gente! Não abandonei vocês de novo não, viu... Só não estava achando tempo pra postar. Vou tentar editar o finalzinho pra deixar ela finalizada aqui pra vocês!!

(espero conseguir ainda hoje, senão assim que possível reapareço)

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora