Espanha 3

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Logo no hall do Hotel, Angélica (a recepcionista) me informou que eu havia recebido algumas ligações e flores, mas antes que ela me entregasse, mandei ela ficar com elas, já que meu quarto está parecendo uma floricultura. E os telefonemas nem quis saber quem era, pois se fosse importante, teria ligado no celular.

Me arrumei rapidamente, pois combinara de sair com algumas garotas aquela noite e receber dinheiro para me divertir não é nada mal... As encontrei na recepção quando o relógio marcava nove e meia da noite e nem sabia para onde iríamos, mas não me surpreendi quando o carro parou em frente a uma das boates mais badaladas (não tão quantos as de NY!). Não fizemos esforço para entrar, mesmo à fila estando grande, e nos primeiros minutos em que estávamos ali, já nos encontrávamos sentadas e discutindo o que beberíamos.

Viva o Álcool.

— Malibu. – disse Lia Su.
— Tônica. – decidiu Donna.
— Califórnia. – pediu Sophia.
— Gim com tônica... – falei por último.

Um pouco de álcool aqui, um pouco de álcool ali, e nem precisou de muito para começarmos a rir das coisas mais bobas. Virou rotina sair todas as noites para rir um pouco, se bem que não era nossa opção sair ou não, nós tínhamos que sair porque aquele era o nosso trabalho... Cada dia era um restaurante diferente no almoço, tarde livre, uma boate ou alguma estréia de noite. Nada de diferente de NY... A não ser que aqui não se tem uma StarBucks a cada esquina.

Lia Su já gargalhava das paqueras indecentes e indiscretas que Donna lançava para todos os homens que passavam por perto. Nós abafávamos o riso quando alguém retribuía a paquera, de forma mais idiota o possível... Quando acalmamos um pouco, engatamos em um assunto mais sério, mesmo a vontade de contar piadas (efeito do álcool, só para avisar!) ficar nos atormentando.

Aceitei vir para cá porque não se encontram boates assim na Suíça. Sem contar que queria manter distância do meu ex... – Donna contou.
Vim porque não tenho oportunidades boas na China. Pretendo ficar por aqui, porque pelo menos posso ter quantos filhos quiser... – Lia explicou.
Já eu vim porque a empresa que eu trabalhava fechou. Assim que me surgiu uma oportunidade, aceitei na hora. – falou Shophia.
E você, Dulce? – Donna perguntou e dei outro gole na bebida e olhei pelo canto dos olhos para a pista de dança, pensando em algum bom argumento.
— Não sei. Não queria vir, para ser sincera, mas minha chefe insistiu e meu namorado concordou... - todas se entreolharam e, em seguida, me lançaram olhares receosos.
Pensei que esse anel em seu dedo não era de relacionamento... – Lia Su afirmou.
Coragem a sua deixar o namorado para trás... – Donna completou. SOS!
— Não sei se teria tanta confiança desse jeito. Teria medo de ir embora normal e voltar com chifres... – Sophia falou. Quero meu Christopher!
Realmente. Homens nem sabem da existência da palavra confiança. – Donna continuou..
— Confio no Christopher e ele em mim... – revirei os olhos.
Eu também confiava no meu ex, mas olhe agora! Se ainda confiasse, não teria terminado... Nem saído da relação com um "corna" escrito na testa. – Donna não parou de falar.

Homens bons não existem. Talvez seja por raiva do machismo do meu país, mas eles sempre acham que podem fazer de tudo, enquanto as mulheres são suas capachos... – Lia Su falou com certa irritação no tom de voz.
— Sinto por vocês não terem encontrado alguém que merecesse confiança, mas sei que Christopher merece a minha... – defendi o meu bebê.
— Mas continuo achando que você aqui, ele lá... – Sophia continuou no tema.
— Nunca se sabe... – Lia Su completou, eu me irritei ainda mais, cruzei os braços e bufei.

Elas continuaram falando, mas as ignorei, enquanto meus dedos formigavam com vontade de ligar para Christopher. Sei que ele não me trairia, mas queria provar isso para elas... Só que acabei me sentindo uma idiota por estar pensando em uma suposta traição vinda da parte dele. Justamente dele.

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