Sim ou Não?

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Apalpei o colchão a procura do corpo de Christopher, mas abri os olhos irritada ao perceber que me encontrava sozinha no quarto. Odiava acordar sem ele ou sem ser por ele, era como se o dia começasse vazio, com um astral péssimo. O relógio marcava oito horas e eu tinha certeza de que meus pais haviam acordado e que Christopher deveria estar conversando com eles, já vestido... O que era uma pena. Achei melhor armar a tenda de um teatro, vestindo um pijama velho (e grande) do Christopher e prendendo o meu cabelo em um rabo bagunçado, como se demonstrasse que eu havia dormido como um anjo naquela noite... O que eu com toda a certeza não havia feito. Escovei os dentes e lavei meu rosto rapidamente, descendo as escadas e indo direto para a cozinha, onde encontrei minha mãe e Christopher disputando para fazer o café-da-manhã, e meu pai sentado à mesa lendo o jornal.

— Bom dia, família! – exclamei feliz, abraçando meu pai por trás e dando um beijo em sua bochecha – Buenos dias, papi! – ele sorriu para mim e deu um beijo em minha mão. Afastei-me, abraçando minha mãe da mesma maneira como havia abraçado o meu pai – Hola, mami! – ela deu um beijo em minha testa e voltou a atenção aos ovos da frigideira – Bom dia, meu amor! – colei meus lábios nos dele e o senti sorrindo entre o beijo, como se estivesse achado muito engraçado o fato de eu estar usando pijama... – Como vocês acordam cedo! Nem para aproveitar os dias de folga...
— Costume, querida – respondeu minha mãe – Sem contar que não é bom dormir muito, pois senão perdemos nossa vida na cama...
— Hmmm – respirei fundo, sentindo o cheiro da comida no ar – Que delicia! Vocês dois querem mesmo me engordar! – cruzei os braços e fui para a mesa, sentando ao lado do meu pai – Gostou da casa, pai?
— Está muito linda, minha filha. Vocês dois tem um excelente gosto! – ele pegou minha mão sobre a mesa e ficou a segurando, me fazendo sorrir.

— Mãe, Maite deu uma ordem para vocês dois irem visitá-la no hospital. Ela disse que Sophia só será feliz se receber a sua benção... – sorri e minha mãe caiu em sorrisos também, prometendo que mais tarde passaria para dar um olá.

Escutamos os passos das crianças no andar de cima e me levantei, falando que arrumaria as garotas e também me vestiria, descendo para tomar o café. E foi isso que fiz. Subi, recebi um bom dia animado das meninas, que como boas garotas já tinham escovado os dentes e penteado os cabelos, me dando como único trabalho separar as roupas para elas colocarem, e fui para o meu quarto me vestir também. Dentro de poucos minutos estávamos descendo as três, cantando, alegres.

— Que lindas! – minha mãe apareceu na porta da cozinha assim que pulamos o último degrau juntas, de mãos dadas – Minhas garotas! – ela deu um beijo em nós três e vi que ela tinha um sorriso diferente estampado no rosto, mas não quis me intrometer nas alegrias de minha mãe e levei as duas pequenas para a cozinha.
— Titio! – Carol puxou a manga de Christopher, fazendo-o pegá-la no colo – O que você está preparando? Ovos?
Você gosta? – ele perguntou.
— Gosto! – o sorriso dela foi enorme, fazendo Christopher acompanhá-la no riso – Quando vamos para a fazenda, vovó sempre pega os ovos direto das galinhas para fritá-los!
— E vovô pega o leite da vaca! – completou Rafa.

— É divertido! – depois disso, Carol deu um beijo na bochecha de Christopher e o vi corando, talvez por não estar acostumado – Se eu comer os ovos, ainda poderei comer algodão-doce no parque?
Claro que pode, lindinha! – Christopher sorriu e teve que colocá-la no chão para botar tudo o que ele e minha mãe haviam preparado na mesa.
— Nós podemos levar os cachorros? – Rafa perguntou.
— NÃO! – Christopher e meus pais gritaram em coro. Arregalei os olhos totalmente confusa.
— Porque não? Será bom para eles! – argumentei, entendendo que eles sabiam de algo que eu não sabia.
— Ah, querida, porque nós... Queremos... Almoçar depois do parque... – minha mãe se enrolou, me fazendo arquear as sobrancelhas – E creio que os cachorros não podem entrar nos restaurantes de NY, não é mesmo?
— Hmm, não. – dei de ombros, tentando esquecer o quão estava curiosa – Mãe, me passa o suco.
— Claro, querida.

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