Sophia Maria

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— A bolsa estourou. Estamos indo para o... – ouvi a voz do Guido do outro lado da linha.
— AI MEU DEUS! AI MEU DEUS! AI MEU DEUS! — comecei a gritar e correr em círculos com o telefone na mão — CHRISTOPHER, A SOPHIA VAI NASCER! AI MEU DEUS! ESTAMOS INDO!
— DULCE, CALMA! A MAITE ME PEDIU PARA PASSAR UM RECADO!
— AI MEU DEUS! QUAL?
— Maria. – Guido falou simplesmente e não entendi absolutamente nada.
— Anh?
— Maria. Sophia Maria.

Eu não sabia o que estava sentindo direito.
Meu coração palpitava a mil por hora dentro de meu peito e a mão de Christopher apertava a minha ternamente, enquanto procurávamos através do vidro a minha afilhada.

— AH, É AQUELA ALI! – a Annie começou a apontar para um bebê e eu, revirando os olhos, neguei.
— Não é porque o Guido é careca que a Sophia vai puxar para ele, Annie! Se todos os bebês carecas forem filhos do Guido, haja pensão alimentar! – disse e vi como Christopher e Alfonso (que estava com os cabelos bagunçados a lá acabamos-de-transar) riram.
— Ah, então falou então, madrinha! Qual é a sua afilhada? – vi que a voz dela saia totalmente irritada e sorri.
— Espere... – percorri os olhos pelo quarto através do vidro e enrolada em uma manta rosa, com os olhinhos fechados e a boquinha entreaberta, apontei para a Sophia com certeza de que era ela e sorri – Aquela. Aquela é a minha afilhada.
— Não é porque a Maite é morena que a Sophia vai puxar para ela, Dul! – ela repetiu minha fala ironicamente – Se todos os bebês morenos fossem filhos da Maite, haja pensão alimentar! – Christopher e Alfonso riram outra vez e foi a minha vez de cerrar os olhos.
— A madrinha aqui sou eu, por isso, cala a boca! – eu quis gargalhar assim que vi a boca dela quase chegando ao chão. Passei a ignorar assim que uma das enfermeiras que há pouco havia dito que nos mostrariam Sophia entrou na sala, sorrindo para nós – Agora vou lhe mostrar que estou correta.

E não deu outra.
A enfermeira tomou aquele pequeno bebê envolto na manta rosa e estendeu em nossa direção, sem saber como aquele simples movimento levaram milhares de lágrimas a brotarem em meus olhos.

Ali estava a minha afilhada. Minha pequenininha.

— Porque não podia ser Sophia Giovanna? Quer dizer, a Dulce já é a madrinha dela, pelo menos poderia ter alguma coisa relacionada a mim, né, Maite? – a loira reclamava enquanto nós nos sentávamos em volta da cama de hospital dela, vendo como os olhos dela possuíam um brilho inimaginável.
— Ai, Anahí! – bati uma mão na testa, incrédula com o assunto que Annie tomara.
— Gio, minha próxima filha se chamara Giovanna, ou alguma coisa Giovanna, satisfeita?
— E eu poderei ser madrinha? – ela fez voz de criança e deu pulinhos no colchão, tremendamente contente.
— Pode, Annie, pode.
— Mas e se for homem? Tipo, Marshal Giovanna não seria nada legal, sabe? Ou Henrique Giovanna? Pobre garoto!
— Giovanni – comentei – Ou Giovanno, sei lá.
— Giovanno não, pelo amor de Deus! – Maite falou soltando uma risada.
— Pelo amor de Deus duplo. Tipo assim, total eca. – foi a vez de Annie se expressar.
— Sinceramente, não me importo! Sophia Maria ficou lindo!
— Narcisista! Egoísta! Egocêntrica! – Anahí começou a me acusar com o dedo apontado em meu nariz e escutamos uma risada vinda de Maite – Ah, mas eu esquecerei esse assunto... Por enquanto! – ela avisou – AH, MAS MAI – o grito dela fez eu e Maite pularmos e nos entreolharmos assustadas – Nos conte como é! Tipo, dói muito?
— Vocês não tem noção do quanto dói! – o rosto dela ficou pálido – É pior do que passar seis horas malhando direto! Até agora eu não sinto a minha... A minha... A minha amiga, hum – Maite corou e eu e Anahí gargalhamos.
— Pois trate de voltar a senti-la logo para Guido poder encomendar a minha afilhada!

— Ai, Annie! – continuei a gargalhar – Porque você não encomenda uma criança? Isso é, se já não tiver encomendado, não é mesmo? Anahí-Tarada-Portilla! Acha que eu não sei o que você e o Ponchito estavam fazendo antes de virem para cá? Meu bem, não nasci ontem não, e somente pelo cabelo desarrumado dele e pelo sorriso enorme em seu rosto, deduzi tantas coisas! Se bobear, sei até que posição que era.
— Dulce, sem detalhes, por Deus! – Maite se apressou em dizer e eu ri mais uma vez, vendo como Annie corava – Me embrulhou o estômago, mas não sei se foi pelo parto ou por imaginar a Chi... Poncho nu! – ficamos em silêncio até Maite prosseguir: - Ok, deve ter sido pelo parto, porque posso não ir com a cara dele, mas que ele é uma delicia, ele é. Pronto, falei!
— UUUUH – cantarolei – Confessou! Confessou!
— Agora eu confesso – Anahí sorriu travessa – A Maite foi a primeira a engatar num relacionamento sério, mas que engatou com o mais cruz credo, engatou! – levei uma mão a minha boca, prevendo uma morte dolorosa e sanguinária para Anahí vinda de Maite, porém nada aconteceu.
— Mas – arregalei os olhos – cadê o sangue? A morte dolorosa? Fios de cabelo loiro voando para todos os lados? – me referi ao assassinato.
— Irei perdoá-la somente pelo fato que estou muito contente para me sentir irritada – ela abriu mais um sorriso – E também porque não consigo me mover.
— Ah! – comecei a rir – Entendi.
— Não sei vocês, mas eu estou precisando de uma xícara de café enorme! Quero estar bem desperta para quando a princesinha estiver aqui com você, Mai! Imagina se a Soph me vê com olheiras logo na primeira vez? Que péssima impressão ela terá de mim! – Anahí se levantou da cama e deu um beijo na testa da Maite, com tamanho carinho que possuíamos somente uma com a outra – Você está maravilhosa, Maps! Estou orgulhosa de você e tenho certeza que a Soph será a princesinha mais linda de todas! Eu amo você.

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