Domingo de manhã

710 57 4
                                    

Acabei bebendo demais. Quer dizer, não tão demais assim, porque ainda estou conseguindo raciocinar e consigo olhar para baixo sem ver seis pares de pés, mas estou sentindo a minha cabeça latejando e creio que logo irei fechar os olhos para abrir só amanhã.

Quer dizer, hoje já é amanhã.

Já está clareando ali fora. Oi, Sol!

 Quantas essa noite?

— Só umas oito... – me deitei no banco da limusine e coloquei a cabeça nas pernas dele, as usando como travesseiro.

 Oito mais dezoito, não?

— Oito mais oito! – confessei e ele balançou a cabeça, escondendo um sorriso sádico – Hey, você também não bebeu pouco! – reclamei.

 Mas eu tenho mais resistência para álcool que você...

— Que mentira! Não estou bêbada, você sabe como fico quando estou bêbada! Estou longe disso... – bocejei e fechei os olhos, preguiçosamente – Só estou com sono. Muito sono. Mas nós ainda temos que conversar...

 Por incrível que pareça, eu acho que já esclarecemos tudo, Dul... – abri os olhos e o encarei, esperando uma continuação para aquela frase – Você já sabe o que eu penso a respeito. Você vai, fica um mês e volta. Vou estar aqui te esperando. Podemos conversar por telefone, internet e vou tentar ir para lá. Não é um namoro à distância. É um namoro por um mês à distância. Já disse que irá ser muito difícil ficar longe de você por trinta dias, mas aguento por saber que você vai voltar...

— Sério? – meus olhos deveriam estar brilhando e senti vontade de agradecer a Deus por ter colocado justamente um homem tão maravilhoso como aquele na minha vida.

 Sério...

— Mas e se você ficar muito carente? Vai se controlar? – perguntei enquanto arqueava a sobrancelha, lançando-lhe um olhar cortante.

 Vou, mas... – ele se aproximou e suas mãos tomaram posse de minhas coxas – Quando você voltar, irá encontrar um homem sedento de carinho, atenção e outras coisas... – quis rir ao ver o sorriso extremamente malicioso que escapara dos lábios dele – Será que você vai aguentar? – mordi o lábio inferior e, totalmente arrepiada, confirmei com a cabeça.

— Você sabe que vou. Não me desafie, Uckermann... – lhe devolvi na mesma moeda assim que minhas mãos tomaram conta de seu tórax, deslizando por ali.

 E você ainda está com sono? – as segundas intenções já estavam obvias em cada palavra e, abrindo um sorriso misterioso, balancei a cabeça, deixando a cascata de cachos caírem pelos meus ombros.

— Quem sabe... Se for acontecer algo que valha a pena, posso pensar em ficar acordada mais algum tempinho.

 Você sabe que vale... - e como vale.

E não demorou a "selarmos" as pazes.

Chegamos à casa-mansão dele e quase cai assim que fui sair do carro, mas já estou acostumada com quase cair na frente dele, por isso nem liguei e continuei andando. Os jardineiros já regavam as plantas, as faxineiras já estavam limpando, e fiquei até com vergonha de ser vista daquela maneira, descabelada, com maquiagem borrada e com o vestido amassado, mas já fui direto para o quarto, enquanto ele cumprimentava todo mundo... Minha mãe estava certa quando disse que o Christopher valia ouro.

Tirei o vestido e o coloquei em cima do sofá, e caminhei até o banheiro tirando as sandálias e prendendo meu cabelo em um nó desleixado. Retirei toda a maquiagem e quase me afoguei na pia, naquela água gelada. Escovei os dentes pra tentar tirar o gosto de álcool e aproveitei e lavei meus pés no box. Em seguida voltei pro quarto, fechei as janelas e as cortinas, deixando tudo escuro. Me atirei na cama e lutei contra o sono até ele chegar.

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora