Sequoia

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Cheguei ao meu apartamento por volta das cinco da tarde, ou seja, tinha muito tempo para me arrumar. Comi uma coisa light... Ok, eu confesso, comi um pacote de bolachas recheadas, mas pelo menos tomei um suquinho ao invés de refrigerante... Depois que comi, arrumei minhas compras e fui encher a banheira, porque quero estar totalmente relaxada para o encontro de hoje a noite... Enquanto a banheira enchia o telefone tocou e eu o procurei embaixo das milhares de roupas que estavam jogadas na minha cama.

—  Alô?

— Dul?

— Oi Chris! - eu falei um pouco animada demais e entrei na banheira.

—  Estou te atrapalhando?

—  Claro que não, estou no banho... - silêncio.

—  Hum, no banho? - ele falou com uma voz rouca e eu ri divertida.

—  Pare de ser pervertido, Christopher! - eu ri novamente e desliguei a torneira.

—  Hm, é que é difícil não... Ok! - ele respirou fundo e eu sorri - Só estou ligando para... Bem, para falar um oi? - e eu ri outra vez.

—  Oi Chris! - ele riu e eu afundei na banheira, derretia com o som daquela risada.

—  Oito horas no Sequoia , não se esqueça, Dul...

—  Não esquecerei...

—  Até...

E assim que nós desligamos, eu me afundei novamente na banheira. Pelo amor de Deus, o que ele está fazendo comigo?

Assim que sai da banheira coloquei o vestido preto Versage que comprei hoje. Maravilhoso. Sequei o cabelo e resolvi deixá-lo ondulado e solto, me maquiei, coloquei o sapato, peguei minha bolsa e as sete e cinquenta e nove o táxi estava parando em frente ao Sequoia, o melhor restaurante espanhol da cidade.

Quando entrei no restaurante, sem querer ser convencida, senti todos os olhares se dirigindo a mim e abri um sorriso sedutor. Aquela noite eu seria a estrela... Bem, como sempre.

Fui andando até a área onde estavam as mesas escutando uma música espanhola que tocava na pista de dança, onde poucos casais dançavam... Muito mal, para falar a verdade. Olhei ao meu redor e de todos aqueles olhares, senti um me secando de uma maneira tão... Quente. E não preciso dizer de quem era, não é?

Fui andando sensualmente até a mesa onde Christopher estava sentado e antes que ele levantasse para me cumprimentar, curvei-me e pousei um beijo um pouco ousado nos lábios dele, enquanto escutava alguns suspiros (decepcionados, talvez?) dos outros homens que tinham ali.

— Você está deslumbrante. Não posso falar que está perfeita porque você sempre está perfeita, mas hoje... Dulce, assim você me deixa louco! - ele me puxou novamente para um beijo rápido e eu mordi o lábio inferior dele enquanto nos separávamos.

— É a intenção da noite... Te deixar louco! - ele arqueou uma sobrancelha daquele jeito sexy que ele costuma fazer e eu me sentei.

Nós pedimos algo para beber e um aperitivo, enquanto aguardávamos ficamos conversando. Quem nos visse poderia dizer que éramos um casal de namorados, pois trocávamos sorrisos, beijos, carinhos e sem contar que desde que cheguei nossas mãos ficaram juntas em cima da mesa. Quando o vinho chegou, nós brindamos e eu resolvi que era a hora de perguntar o que eu tinha que perguntar...

Chris, quer se casar comigo?

Hahaha, estou brincando. Não sonhem tão alto, queridas, a diversão só começou.

— Chris, tenho que te perguntar uma coisa...

— Só deixo você me perguntar se for para me pedir em casamento... - eu arregalei os olhos pelo fato de existir a possibilidade dele que ter lido meus pensamentos, mas ri logo em seguida - Estou brincando... Pode falar.

— Eu queria saber se... - ai meu Deus, como eu vou perguntar isso? Não posso falar "oi, você quer ir na reunião familiar que vai ter sexta na casa dos meus pais? Meu tio faz questão de te conhecer!". Droga, acho melhor deixar para mais tarde! - ¿Quieres bailar conmigo?

— Evidentemente que sí.

Ele se levantou, estendeu a mão para mim e me ajudou a levantar. Envolveu um braço em minha cintura e me puxou ao seu encontro. Fomos andando até o meio da pista de dança onde aqueles mesmos casais de antes continuavam dançando mal. Uma nova música começou a tocar.

— Sabe dançar tango, Uckermann?

— Você vai descobrir, Saviñón.

Nossas mãos se entrelaçaram e começamos a dançar. Tango é uma dança ousada, sensual, mística... E Christopher realmente sabia dançar muito bem. Os movimentos eram perfeitos, íntimos, quentes... Como tinham que ser. Sentimos todos os olhares sobre nós e ele me rodou. Logo em seguida estávamos com os rostos próximos, ouvindo a música e nossas respirações. Trocamos olhares e continuamos dançando, enquanto todos na pista abriram espaço para nós. A mão dele subiu até minha cintura, demos os passos certos, na hora certa e começamos a girar. Desci de costas até os pés dele e meu corpo subiu roçando ao dele, e quando nossos rostos estavam próximos novamente, vi um fogo queimando em seus olhos. Continuamos dançando daquele jeito até a música acabar, e quando ela acabou, ouvimos aplausos atrás de nós.

Não importavam os aplausos. Não importavam os comentários admirados. Nada importava naquele momento. O olhar dele estava conectado ao meu e meus lábios chegavam a arder de tanto que queriam um pouco mais de aproximação. Outra música começou a tocar, mas nós dois não nos movemos e nem se eu quisesse conseguiria me mover. Eu estava tão espantada, eufórica e encanta que só depois de alguns longos segundos percebi que tocava uma música animada que quebrou totalmente o clima. Christopher me aproximou e colou nossas testas, ainda olhando diretamente em meus olhos, fazendo até os pelinhos da minha nuca se arrepiarem.

— E então, eu danço bem Saviñón? - ele deu uma leve mordida em meu queixo e eu prendi a respiração.

— Você me surpreende, Uckermann.

Nós dois voltamos para a mesa e nossa comida chegou em seguida, mas o clima havia mudado entre nós. Parecia que uma onda de desejo rondava meu corpo e eu mal conseguia segurar o garfo direito sem tremer quando ele me lançava aqueles olhares. Nossas pernas se tocavam um pouco ousadamente e o assunto havia acabado desde que havíamos parado de dançar. A única coisa que eu queria era acabar de comer e sair dali com ele. Ele parecia querer o mesmo, pois parecia nem mastigava direito.

Assim que a comida acabou e a conta foi paga, saímos do restaurante e novamente a mão do Christopher estava em minha cintura. Entramos no carro dele, sem dizer uma palavra e foi apenas quando o carro entrou em movimento que eu percebi o quão longe dali eram nossas casas. Ele pareceu perceber o mesmo, pois quando estávamos parados no sinal, se formaram rugas de frustração na testa dele, me fazendo sorrir.

Quando o sinal abriu, andamos mais dois minutos até que ele estacionou o carro na porta do The Pierre, um dos hotéis mais chiques do mundo. Eu o fitei sem entender e ele saiu do carro, me deixando ali, sozinha. Logo o manobrista abriu a porta para mim e eu entrei no Hotel a procura de Christopher.

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