Brasil!

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Tumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtum
tumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtum
tumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtum
tumtumtumtumtumtumtumtumtumtumtum...

Meu coração naqueles longos segundos estava parecendo escola de samba e eu tentava respirar, mas parecia que existiam duas grandes bolas de algodão nas minhas narinas, impedindo o ar de entrar nos meus pulmões e me machucando por dentro. O sangue fervia, meus olhos lacrimejavam e a minha vontade era de desmaiar de verdade quando ele abriu aquele sorriso, o pequeno sorriso lateral que eu tanto conhecia, e envolveu seus braços em minha cintura, dando um beijo terno em minha testa e sorrindo diante do meu ouvido.

Dulce... – TumtumtumtumtumtumtumtumMi amor... - Tumtumtumtumtumtumtum – Eu aceito casar com você – INSPIRA. EXPIRA. INSPIRA. EXPIRA. NÃO CHORA. RESPIRA. SORRIA. INSPIRA. EXPIRA. NÃO MORRE. RESPIRA MAIS UMA VEZ! – Mas não aqui, no lob de um Hotel, muito menos agora, no horário do almoço – Tum... Tum? – Quero me casar com você do jeito que você sempre sonhou. Você sabe que eu quero tornar todos os seus sonhos realidade e nos casando aqui eu não estaria fazendo o que prometi a mim mesmo. Eu quero me casar com você, quero ser ainda mais feliz, se possível, ao seu lado, e quero amá-la também até o meu último segundo... Você é a minha vida, Dulce, e se eu respiro, é por você.
— Você – soluço – promete – soluço – que não vai – soluço – se casar com nenhuma – soluço – outra pessoa – soluço – que não – soluço – seja eu?
Eu não só prometo isso, como também prometo e sei que nunca irei conseguir amar nenhuma outra pessoa como a amo, pequena. Lembra daquela música que mandei cantarem para você na Espanha, como homenagem? Eu estava falando sério quando quis dizer que alguém como você faz tudo valer à pena. Alguém como você me deixa satisfeito. Alguém exatamente como você...

— Christopher – soluço – eu amo você – soluço.

Estava me odiando por parecer uma cadela no cio. Não conseguia parar de chorar ou de soluçar e sabia que Anahí e Maite estavam chorando também porque conseguia escutar o escândalo que as duas faziam normalmente quando abriam o berreiro, sem contar que também escutava comentários a parte, como: "Seu inútil, porque você não é como ele? Porque nós não somos como eles? No que nós erramos?"...
Só que por um minuto me desliguei do mundo.
Não me importava meus amigos, o Brasil, a roupa que eu estava usando, como o meu rosto deveria estar inchado e minhas bochechas parecidas com de esquilos, com a fome na África ou com qualquer outra coisa relativamente insignificante perante o olhar de Christopher mergulhado no meu.
Era a certeza da minha vida... A única certeza da minha vida.
A certeza de que eu o amaria, o seguiria e o idolatraria em todos os meus dias. A certeza de que ele era o que eu sempre procurara. A certeza de que ele era o meu destino.
Algo que à primeira vista parecia que seria somente uma brincadeira do destino, acabou se tornando o meu próprio destino.
Minha certeza. Meu destino. Meu amor.

E quero que você saiba que será para sempre o meu amor. Mi pequena Dulce... Siempre.

FUÉÉÉÉÉ.

Um barulho estranho cortou o enorme salão e todos olhamos para Anahí direto, que assoava o nariz na manga da blusa do choroso Christian e se afogava em lágrimas.

— Esdes bobendos zaum dão lindos! – ela falava engraçado devido ao choro – Sempre bi edociodo... Dulce e Chrisdoper dorever!
— O que ela disse? – Maite perguntou com confusão expressa em seu rosto.
— E quem liga? Agora tem o beijo do "final feliz"... – voltei minha atenção ao Christopher.
Não, meu amor, agora tem o beijo do "começo feliz"...

E, sorrindo um para o outro, vivendo aquele momento mágico, nos beijamos, selando de uma vez por todas, as juras de amor.

A nossa estádia no Brasil pode ser comparado a uma devastação total. Por onde Anahí e Maite passavam, se instalava o caos completo. Elas gritavam, apontavam e se divertiam até com o som dos passarinhos cantando, se tornando o melhor exemplo de turista idiota que poderia existir. Mas estava orgulhosa delas... Anahí aprendera a falar algumas palavras em português, como: Olá, me chamo Anahí!, Passe protetor nas minhas costas, por favor?, Mais uma caipirinha de limão. Obrigada. e claro Para de tirar com a minha cara, eu só fiz uma pergunta ingênua!. Maite, por outro lado, comprara meio Rio de Janeiro e eu sinceramente não me preocupava nem um pouco em saber como ela colocaria todas aquelas milhões de sacolas dentro da mala... Nem quando ela teria que pagar pela bagagem extra.
Christian e BJ passaram o dia inteiro na praia e voltaram para o Hotel parecendo duas lagostas, porém, estavam satisfeitos com a "cor natural de um país exótico". Depois ficaram reclamando o tempo inteiro quando foram obrigados a passar pomadas contra assaduras e choraram que nem bebês... Falando em bebê, Sophia parecia ter se adaptado muito bem ao clima brasileiro e se divertia a maior parte do tempo nos braços do pai, olhando os cachorros passeando pelo calçadão ou colocando os pezinhos na areia... Bem, como eu sabia de todos aqueles fatos? Anahí e Maite me contaram no avião de volta para NY, porque toda a minha estadia no Brasil se resume em um único lugar... Ou melhor, cômodo...
O quarto de Christopher.

Seria a maior mentira do mundo se eu desse a minha opinião sobre o Rio e falasse que ele era maravilhoso, porque eu realmente não sabia. Não sai de tarde, de noite, de madrugada, muito menos na outra manhã... Como também não sai da cama.
Tivemos que recuperar o tempo perdido e fizemos isso muito bem... MUUUITO BEM.
Bom, pelo menos eu posso dizer que aprovo os lençóis brasileiros e o serviço de quarto brasileiro... E a vista da janela do quarto também era muito bonita...

Vem cá... – senti os lábios dele deslizando pelas minhas costas desnudas e sorri ao receber um beijo na nuca, em seguida, na orelha – Uma moeda de ouro para saber o que você está pensando agora...
— Prefiro um beijo... – fiz manha e ele logo fez o que eu pedi, postando um beijo doce em meus lábios e abrindo um sorriso para mim, bem diante dos meus olhos – Estou pensando em como valeu a pena ter vindo para o Brasil, mesmo não tendo conhecido nada... Se bem que conhecer esse quarto valeu a viagem inteira... – comentei maliciosa e ele negou com a cabeça, rindo das minhas safadezas.
Podemos voltar aqui na nossa lua de mel, se você quiser... – ele começou a tirar o lençol que eu segurava sobre o meu peito para cobrir um pedaço do meu corpo e começou a distribuir beijos por ali – Podemos ir para qualquer lugar, é só você me falar...
— No momento não quero ir a canto algum... – me pressionei contra o corpo dele e consegui ficar por cima – Só quero ficar aqui com você...
É uma boa idéia... – sorrimos um para o outro entre outro beijo e enquanto mordia o lábio inferior dele, provoquei.

— E então, Uckermann, a Shakira ainda é a sua latina preferida? – perguntei.
Nunca foi... – ele riu e passou de leve uma das mãos no meu rosto, me fazendo tombar a cabeça na palma de sua mão, deliciada com o carinho – Solo tu... – e dei um beijo em cada dedo dele, o fazendo sorrir – Quero que me conte uma coisa...
— O que quer que eu conte? – deitei sobre o tórax dele e o abracei preguiçosamente, adorando escutar outra vez as batidas do coração dele ritmadas com as minhas.
Como seria o seu casamento perfeito?
— Meu casamento perfeito? Bem, seria com...

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora