Filhos?

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Assim que abri a porta, Christopher foi pegar uma garrafa de água na cozinha e acendi as luzes, sentando no sofá da sala de TV. O esperei aparecer ali, tirando o sapato e acessórios. Ele sentou no braço do sofá e levou uma mão ao encontro do meu cabelo, colocando uma mecha para trás e sorrindo para mim.

Olá – Christopher disse.

— Olá – respondi e encostei minha cabeça em sua barriga desnuda e usando a blusa pólo que ele estava trajando até poucos minutos atrás como travesseiro – Você vem sempre aqui? – perguntei com os olhos fechados e rindo de mim mesma.

Por acaso você está me cantando, Dul? – ele repetiu mais uma vez a sequência de palavras que usamos em nossa primeira noite juntos e o abracei, suspirando em seguida.

— Para ser sincera, estou cantando você desde o chá-de-bebê de hoje de manhã... – escutei sua risada e recebi um beijo na nuca, o que causou certo arrepio em meu corpo.

E quais são as suas intenções comigo?

— A minha primeira intenção é tomar um banho de banheira com você... – um sorriso de satisfação escapou de seus lábios e a marca do meu batom ficou marcada no queixo dele assim que postei um beijo ali.

E quais são suas outras intenções comigo?

— Depois eu conto... – sussurrei – Vamos para o banho?

Tudo o que você quiser... – ele me ajudou a levantar e subimos as escadas, ainda abraçados.

Enquanto eu separava as nossas roupas para dormir, Christopher ligava as torneiras da banheira e fazia a barba. Entrei no banheiro também e comecei a escovar os dentes, tentando não encarar o meu reflexo no espelho para não ter pesadelos de noite devido as minhas enormes olheiras que começavam a aparecer. Decorar uma casa com as próprias mãos é bem mais cansativo do que parecia ser.

Você poderia ser decoradora de interiores – vi o reflexo dele sorrindo para mim e sorri também – Os cômodos que você decorou estão bem melhores do que os que a Maite arrumou.

— Não diga para ela isso. Aprendemos hoje a valiosa lição de nunca contrariar uma grávida.

Não irei contar. Esse será o nosso segredo – ele riu – E foi lindo ver você com um macacão desbotado e trancinhas... – corei de imediato assim que me lembrei da cena de mais cedo, quando ele me viu de uma maneira que não deveria – Parecia uma criancinha travessa.

— Eu estava horrível, amor. Suada e nojenta.

Estava maravilhosa, amor. Suada e deliciosa. – lhe dei um tapa no ombro e ri, revirando os olhos.

— Que bobo – balancei a cabeça, tirei a roupa e entrei na banheira.

Amor, eu preciso conversar com você...

— Sobre? – perguntei enquanto o contemplava.

Não é algo que quero conversar na banheira.

— É tão sério assim?

Sério é, mas não é algo crucial.

— Nossa, nem estou preocupada – disse ironicamente e ele riu, entrando na banheira também.

Conversamos ainda hoje, ok? Ou se você preferir, amanhã.

— Amanhã você irá trabalhar e só o verei no final da tarde – fiz um biquinho – Sem contar que ficaria muito curiosa, se fosse amanhã. Conversamos ainda hoje, então.

À Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora