💛Setembro Amarelo💛- Ferida pelo Tempo

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Escrito por: Andressa Arcandiana_334
Para: Rodrigo rodrigozan

Apresentação

E se o tempo lhe escolhesse para ser torturado? E se a dor, algo considerado negativo para uns, uma dádivas para os loucos, lhe permitisse alcançar poderes inimagináveis?
Pois bem, para a sociedade da magia o método da tortura é considerado ultrajante, uma blasfêmia contra os deuses manipuladores da vida, para as pessoas comuns, os não bruxos, era uma prática de perversão. Já para Linden Wouat era o caminho que o levaria ao auge de seu poder. Mesmo que fosse a maneira mais sórdida e condenável de se obtê-lo.
O aprendiz de feiticeiro sequestrou uma moça - que na infância fora sua amiga - e a condenou a um destino infernal.
Uma existência medíocre banhada de sangue e terror.
A cada ato de fuga, tentativa de tirar-lhe a vida era inútil. Ele sempre a impedira. Seu poder não poderia se extinguir jamais. Não se ele pudesse evitar.

(...)

Ela engoliu um pouco da água suja que foi deixada pelo seu carrasco na porta de sua cela. Já fazia três dias que não comia nada e já podia sentir seu corpo prestes a desfalecer. Ela não confiava em Linden, sabia que se comesse algo que ele lhe preparara, já estaria morta.
Portanto, iria permanecer com suas preces para fortalecer sua alma e no momento certo, iria se vingar.
Mesmo que seu íntimo estivesse amargo e desesperançado e ela soubesse que provavelmente fracassaria.

A cada dia que Linden Wouat aparecia com uma espécie de desejo sanguinário diferente, ela se martirizava mentalmente por não conseguir interpelá-lo sobre o porquê de estar naquela condição subumana.
Ela simplesmente cedia e após o ritual, quando ele lhe sorria e dizia "obrigado", ela não tinha forças para lhe mandar direto para o inferno, quiçá cuspir em suas faces limpas e coradas. Ao contrário das suas que a cada dia se transformavam em uma máscara de dor e sofrimento.
Ela não podia continuar com aquilo.
Tinha de fugir, sabia.
Mas...como? Não fazia idéia de onde estava. As paredes eram espessas e frias, não havia janelas e a porta era minúscula. O que dizer do chão? Sujo e fétido, tão duro e imundo quanto as masmorras de Aderlin, o reino que nascera e fora feliz por tanto tempo...
Oh como gostaria de voltar! Ver sua família! Sua avó Bertha, seu tio Marion e as suas invenções mirabolantes! Como gostaria de provar mais uma vez a torta de Mirtilo que sua tia Lina fazia tão bem!
Serena foi despertada de seus devaneios por um forte estrondo.
Imediatamente ela se levantou e correu em direção a portinhola.
Sentiu uma leve vertigem pelo esforço súbito, mas tratou de se controlar. Tudo era tão silencioso e cavernoso, algo com certeza deveria ter acontecido.
Só esperava que fosse ao seu favor.
Sentiu seu corpo se contorcer em fortes espasmos só de pensar que pudesse ser torturada novamente. Sua barriga, cabeça e pernas doíam ardentemente, foi necessário cerrar os dentes para que não gritasse e denunciasse a sua localização. Embora acreditasse que iria ser libertada, em seu coração uma velha suspeita pairava.
Lembrou-se subitamente de uma frase que sua avó dizia sempre quando algo de muito bom, acontecia:

"__ Querida, pessoas como nós, não temos apenas sorte, somos acompanhadas por algo chamado favor. Ninguém nos dá algo, se não quiser favorecer a si mesmo."

Ela engoliu em seco e se recostou na parede assim que ouviu passos ecoando no corredor. Cobriu a própria boca numa tentativa de amainar sua respiração ofegante.
Contudo, foi em vão. Segundos depois, a porta se abriu em um forte estrondo. Um cheiro peculiar dominou todo o ambiente. Era luxia, a essência magica existente nos primeiros feiticeiros do caos.
O que um feiticeiro do caos fazia ali? Eles nunca se envolviam nas questões dos feiticeiros do tempo. Algo de muito errado estava acontecendo...
Serena recuou um passo assim que o desconhecido adentrou o recinto, munido com uma arma semelhante a uma besta.
A bruma deixada pela invocação da magia lentamente dispersou-se no ar, e uma forte luz iluminou toda a cela.
Os olhos do desconhecido que trajava uma capa preta e um enorme chapéu pousou sobre sua pálida figura.
Ele demorou alguns instantes para lhe reconhecer mas quando o fez, um semblante diabólico contorceu sua face.

Era Uma VezOnde histórias criam vida. Descubra agora