👳Deuses👳- A Derrocada de um Deus

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De: Naomi
Para: Andreza

Os trovões cruzavam o céu, conforme seus passos se tornavam letargicos em meio à grossa chuva. A ferida no peito doía, o sangue era lavado pela chuva e junto a ela, ia também sua vida. Seus esforços não valeram.

Tudo havia sido em vão. Fora derrotado. O Deus do trovão finalmente via sua derrocada.

Mas, mesmo diante da morte certa, não entendia como havia parado ali.

Ser um deus nunca havia sido fácil. Ainda mais, sendo quem era. Não, definitivamente não. Crescera com a pressão de ser o melhor, recebendo as represálias de ser a si mesmo, o filho mais velho e legítimo do pai de todos.

Thor, o filho do trovão. E Odin não admitia falhas, jamais admitiu.

Na frente de todos, era ovacionado. Os mortais lhe adoravam. Mas entre os aesir, as coisas mudavam. Haviam dúvidas. O desdém. Muitos, se desfaziam de suas capacidades. O testavam constantemente.

No castelo, ele ouvia seu nome ecoar em meio às mais zombeteiras gargalhadas.

"É este o filho de Odin?"

Todos os olhos estavam nele, até o próprio pai. Estavam de olho em suas ações... Em qualquer meio de apontar uma falha. De mostrar que jamais seria digno do trono, de comprovar a vergonha que ele era para o pai de todos.

Não importava o que fizesse. Seria sempre o filho favorecido por Odin, cujas capacidades não faziam jus a fama. E nem um martelo era o bastante para mudar isto.

Se não era aceito por benevolência... Seria, então, pela maldade. Até que essa parte fora bem fácil para si.

Em nome do pai, detruiu vilas, derramou sangue... Devastou reinos inteiros. E não demorou até que sua fama se espalhasse em meio vasto e além mar.

Em meio à ruínas, fez seu altar. Com o sangue de suas vítimas, consagrou seu trono.

Sua reputação havia sido construída pedra por pedra, em cima do rastro das barbáries que cometeu. Em cima do medo que latejava no peito não só das criaturas terrenas, mas também das que habitavam os céus.

Finalmente conquistara o respeito que sempre desejou... Através do medo.

Por anos, sua fama imperou os oito reinos. Ninguém era capaz de lhe contradizer. Sua família era respeitada, Odin estava orgulhoso.

E durante todo esse tempo, os trovões eram suficientes para declarar sua fúria. Fazer sua presença.

Era temido. Era aclamado. Era respeitado por todos. E isso bastava.

... Até que seu rastro de sua glória fora manchado pela desonra. Seus filhos, o próprio irmão... Deles, o sangue gotejava nas mãos daqueles pai e filho. O aviso vindo do além mar, que prenunciava a desgraca iminente.

Todos que cruzaram o caminho dos dois, que tentaram impedí-los de prosseguir, pereceram.

Ninguém fora páreo para eles.

E, no final, não fora diferente dos demais. Subestimara sua força, sua união. E aquilo era algo que nem mesmo a maldição de Freya conseguira tirar deles.

Podia sentir a decepção vinda de seu pai em meio aos céus. Mas não podia deixar de ser sentir ainda mais decepcionado consigo mesmo. Porque a culpa era, também, sua.

E era a única coisa que lhe restava admitir, ainda que a contra gosto.

Não devia ter se enchido de si. Comprado uma luta pra a qual não estava preparado para vencer. Traçado a rota para sua derrota. Para a própria morte. Não devia.

Mas, ainda assim, o fez. E no final, ali estava. Sangrava sozinho em meio aos destroços do que ainda lhe restava, lutando com os rastros de consciência que ainda restavam e ameaçavam diluir-se com a água que caía dos céus.

Derrotado por um espartano. Derrotado por um falso aesir.

Como havia deixado isso acontecer?

"Pai, perdoe-me a insolência..." Puxou o último sopro de ar. "... Fracassei."

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O Grupo DLB e a Adm Katlin

Agradecem a participação de Naomi  na atividade recreativa.
Todos os credito da história à escritora.

Obrigado pela sua leitura.
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