Escrito por: Rodrigo rodrigozan
Para: Vitória vihholandaÁguas da Libertação
O som da água é um calmante incrível, sabia? Seja a chuva ou um riacho, o mar ou o vento soprando sobre um lago, as pessoas deveriam passar mais tempo perto da água, principalmente na hora de tomar grandes decisões.
Como estou fazendo agora.
Bem, deixa eu me apresentar. É o mínimo que posso fazer, já que você não me conhece e, depois de hoje, não teremos como nos encontrarmos.
Prazer, sou Luara.
Olho para a imensidão das águas do mar e respiro bem fundo. O cheiro de água salgada, aquele cheiro gostoso de praia, me relaxa e traz lembranças maravilhosas, de dias em que minhas maiores preocupações eram a falta de noção das ondas em continuamente destruírem meus castelos de areia.
Dias em que eu era feliz.
Acho que, pensando bem, tudo que eu sempre quis foi ser feliz. Não sei se alguém vice com outros pensamentos (quinze anos não é lá muito tempo de vida para entender essas coisas), ou outras metas.
Olho para o céu. Está lindo, estrelado e com a li cheia reinando como uma rainha luminosa. Algumas nuvens passam ocasionalmente, o que só deixam mais lindo esse tapete de pontos luminosos.
As estrelas são lindas. E me lembram da noite que seria a mais especial, e se tornou a mais amarga da minha vida.
Foi há algumas semanas, mas os sons, gostos e sensações reverberam na minha mente como se tivesse acabado de acontecer.
Foi quando sai com Marcos sozinha pela primeira vez.
Entenda bem, eu nunca tinha me apaixonado de verdade. Só uma paixonites, e não tinha ficado com ninguém. Então, quando Marcos, o capitão do time de futebol da escola começou a conversar comigo... bem, eu era uma ninguém. Uma nerd que tinha ciência total que andava descabelada e não estava nem aí.
Minhas roupas eram as usadas da minha irmã, que tinha saído de casa pra morar com o namorado. Meus pais diziam que não tinham dinheiro pra comprar roupas para as duas, então eu ficava com as sobras da Emily.
Não me importava, não tanto. Ela era popular, bonita, atleta... e eu, bem, já expliquei a negação que eu era.
Marcos, no entanto, não pareceu se importar com isso. Gentil, sorridente, prestativo e carinhoso, me tratou como uma rainha durante três meses inteiros.
Faltava treinos para me ver no clube de ciências; jantava em casa com minha família; me elogiava para todos que passavam... nunca me senti assim tão... querida.
Em casa eu sempre estava em segundo plano. Papai era jogador de basquete, e mamãe era professora de educação física. Você pode entender porque eu não era a favorita.
Eu na verdade não precisava ser a favorita. Só queria ser aceita como eu era. E foi isso que Marcos me deu. Por seis meses ele foi incrível. Depois disso ele me pediu em namoro e as coisas só melhoraram.
Até a noite em que saímos sozinhos pela primeira vez.
Pode parecer bobagem para você, mas meus pais tinham um mínimo de bom senso, é só podíamos sair com amigos e parentes. Pode ser engraçado, mas foi bem legal. Marcos nunca reclamou.
Ele conquistou meus pais e minha irmã. Todos amavam ele. Infelizmente, até demais.
Naquela noite ele fez tudo ser especial. Jantamos no Outback, passeamos nas lojas do shopping (ele até aguentou minhas pesquisas na Livraria Saraiva, mesmo que eu não tivesse dinheiro pra levar nada).
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era Uma Vez
ContoLivro composto de histórias, contos e One short do grupo DLB (Devoramos Deliciosos Livros No Breakfast). Atividade recreativa com sorteio de amigo secreto , temas diversos e personagens surpresas. Venha se divertir e se emocionar com os talentos...