Assunto de Meninas

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- Preparada para o sermão da montanha?

Nicole olhou para sua amiga ao volante. Acabaram de estacionar em frente à casa da ruiva e viram que o carro dos pais de Nic estava estacionado na garagem, evidenciando que já haviam retornado do trabalho.

- Eu me esqueço do quanto você é positiva, Bri...

- Disponha – a garota sorriu – Sério, quer que eu fale com eles? Um álibi? Sei lá?! – ela gesticulou com uma das mãos.

- E qual álibi você acha que colaria pros meus pais? – Nicole riu e Bridget a acompanhou.

- Realmente eles não vão acreditar...

- Ainda mais que eu estou mancando – Nicole balançou a cabeça - Talvez eu acabe dizendo a verdade e ouvindo o que eu tiver que ouvir – ela suspirou, pegou sua bolsa e abriu a porta do carro – Me deseje sorte.

- Sorte. Que seus pais sejam compreensivos... – a garota abraçou Nicole antes de esta sair do automóvel – Consegue chegar lá?

- Consigo. Obrigada, Bri.

- Disponha. Me manda uma mensagem mais tarde...

- Pode deixar. Se eu não apagar depois de tomar o remédio para dor.

Nicole acenou para a sua amiga e virou o corpo para caminhar até a entrada de sua casa. Estava torcendo para chegar antes dos seus pais e conseguir arrumar alguma desculpa aceitável, mas o plano não deu muito certo, sem mencionar que eles perceberiam que ela estava mentindo, então já estava preparando os ouvidos...

Ela fez o pequeno trajeto até a porta da frente com calma, procurando andar normalmente. A joelheira emprestada estava ajudando bastante, mas a garota precisava de mais compressas de gelo e um bom analgésico para aliviar o incômodo. Suspeitou que precisaria usar a contenção no joelho para ir ao colégio no dia seguinte, mas não pensou muito nisso ao abrir a porta e ser recebida por Teddy, seu amigo de quatro patas.

- Hey amigo! – ela sorriu para seu cão da cor caramelo e sem raça definida, que abanava o rabo de felicidade – Como passou o dia, heim?

Teddy ficou de pé nas patas traseiras e apoiou as dianteiras nas coxas da garota, que afagou suas orelhas com carinho.

- Eu sei que demorei, mas foi por uma boa causa – ela piscou em confidência para o cão. – Logo eu te conto.

Nicole ouviu conversas vindas da cozinha e andou até lá, com Teddy lhe acompanhando. Ao chegar viu que seu pai estava sentado na mesa da cozinha, olhando seu notebook de modo concentrado, enquanto sua mão tirava algo do freezer para preparar o jantar.

- Cheguei – ela anunciou para ambos.

Seus pais a olharam desconfiados por alguns segundos, não porque a garota estava se entregando apenas com o olhar, mas porque Teddy farejava o joelho esquerdo da garota com muito interesse.

- Teddy, pare! – Nicole chamou a atenção do cão, que a olhou intrigado.

- Teddy não costuma cheirar seu joelho assim – o pai de Nicole baixou a tela do notebook e encarou a sua filha – O que você fez?

- Nada – a resposta de Nicole foi automática.

- Então venha aqui e dê um beijo em sua mãe – a mulher olhou a filha.

Nicole sabia que aquele era um teste. Um teste que ela falharia com louvor. Se fosse mais rebelde, ela poderia muito bem dizer que a distância era a mesma, mas sabia que isso seria a sua morte. Sendo assim, nada lhe restou a não ser dar passos até sua mãe, sob os olhos atentos de seu pai.

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