Meninos Não Choram

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Vozes confusas chegavam aos poucos em seu subconsciente, mas quase nenhuma delas faziam sentido. Seu corpo parecia pesar algumas toneladas, o que era totalmente ridículo para alguém que poderia ser considerada um peso pena em uma luta de boxe. Tentou mexer seu corpo, mas sem sucesso... Era como estar paralisada, igual naqueles pesadelos no qual acordamos com o coração batendo acelerado, a respiração ofegante e os olhos arregalados para a escuridão...

O problema era que não se tratava de um pesadelo, muito menos de um sonho. Waverly Earp realmente não estava conseguindo se mexer.

Conforme sua consciência foi se fazendo presente, a jovem animadora percebeu que estava deitada, mas ainda não conseguia abrir os olhos. Suas pálpebras pesavam de um modo inexplicável e ela deixou-se levar por aquilo que lá no fundo de sua mente poderia ser chamado de sonolência...

Não soube precisar quanto tempo se passou, mas quando finalmente conseguiu abrir as pálpebras, a claridade lhe cegou de uma forma extremamente dolorosa. Apertou os olhos como um mecanismo de defesa, levando as mãos até seu rosto, mal se dando conta que somente o braço direito lhe obedeceu.

"Estou me mexendo? Ai Deus, que bom! ", sua mente confusa se alegrou. "Isso significa que eu não morri. Ou morri? Porque meu braço esquerdo continua pesado? Que porra de luz é essa? "

Incontáveis perguntas se acumularam na mente de Waverly e era impossível organizá-las. Por isso, a menina optou pelo mais simples: tentar abrir os olhos e enxergar alguma coisa.

E assim o fez. Aos poucos, suas pupilas foram se acostumando com o ambiente e logo sua visão já não estava mais embaçada. Ela olhou o teto branco com luzes fluorescentes e em seguida para os lados, sentindo a cabeça doer com o movimento, a fazendo resmungar baixinho.

"Eu devo realmente estra viva, ou não doeria assim..."

A jovem tentou se mexer, mas outra vez sentiu o corpo pesado. Com uma respiração profunda, ela ergueu um pouco o tronco, ignorando a sensação incomoda que a ação lhe causou. Seus olhos percorreram o local onde estava, e mesmo que o espaço estivesse ocultado por uma cortina azul, somente com uma frestinha aberta, foi fácil reconhecer a emergência de um Pronto Socorro.

Waverly por fim olhou para o seu corpo. Vestia uma camisola verde que definitivamente não lhe pertencia, e suas pernas estavam escondidas por um leve cobertor. Seu braço direito estava com um acesso venoso, e ao seguir com os olhos por toda a extensão do equipo, viu que estava recebendo soro e provavelmente alguma medicação.

- Mas como eu...

Seus olhos correram para o seu braço esquerdo, agora descobrindo o motivo de senti-lo pesado: seu pulso estava engessado. E a lembrança fez seu corpo cair de uma vez na não tão confortável cama hospitalar.

***

Após a saída abrupta de Nicole de sua residência, Waverly sentou-se novamente na cadeira em que estava sentindo-se a pior das pessoas. O olhar decepcionado da ruiva não saia de sua mente, e se ela estava com dúvidas a respeito de aceitar ou não a vaga no Instituto Laines, agora as coisas estavam piores do que antes.

A animadora colocou os braços por sobre a mesa da cozinha e apoiou sua cabeça neles, agora compreendendo que havia sido uma péssima ideia contar para Nicole a respeito da sua possível ida a Inglaterra para estudar.

- Mas se eu não falasse agora, quando eu falaria? – Ela disse baixinho.

Durante o baile, com metade da escola observando-as? No momento em que estivessem entregando as redações malfeitas a Sra. Garner, naquele projeto de Capsula do Tempo idiota dela? Ou depois da colação, enquanto todos os estudantes tentavam recuperar os capelos perdidos depois de jogados no ar?

Love ThingOnde histórias criam vida. Descubra agora