Deixa Ela Entrar

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(Nota: Paciência é uma virtude e vocês serão recompensados por ela. Beijos de luz, pessoas bonitas

*** 

A voz anasalada do velho de batina estava deixando Nicole impaciente e com o início de uma dor de cabeça. A garota olhava para os lados, observando as expressões de cada um dos presentes ao redor do caixão do senhor Miller, que estava sendo velado naquele instante.

A grande casa que servia de funerária estava lotada. Familiares e amigos da família Miller estavam presentes, assim como alguns vizinhos, colegas de trabalho e amigos do colégio de Travis, que foram dar o apoio necessário ao rapaz.

A garota ruiva nunca gostou de cerimonias fúnebres e o motivo de estar ali era pelo simples fato de que devia respeito aos familiares do homem, que de alguma forma estava interligado à sua família e ao seu interesse amoroso.

Sentada ao lado de seus pais, que conheciam os Miller há anos e também por frequentarem o mesmo templo religioso, a garota não teve argumentos para não estar presente na despedida do homem que mal conhecia em pleno sábado de manhã.

Assim como os demais, usava uma roupa preta e ouvia o ancião falar sobre céu, inferno, pecados e redenção. A menina até chegou a ouvir algumas palavras, mas acabou se perdendo em meio aos próprios pensamentos. E ela suspeitava não ser a única. Entre uma espiada para o lado e outra, viu pessoas bocejando, olhando para os próprios pés, de cabeça baixa e mão no rosto, com os olhos fechados e poderia jurar que ouviu um leve suspiro de alguém que caíra no sono.

Sua mente vagava até a noite anterior, no qual estivera com Waverly em sua casa, vendo filmes e dançando... "Quem diria...", Nicole dizia a si mesma, sentindo uma felicidade dentro do peito.

Ponderou se deveria estar ou não feliz no local onde estava. O sentimento era bem contraditório, mas o que ela poderia fazer? Estava realmente se sentindo bem com os últimos acontecimentos em sua vida e tinha sérias suspeitas de que as próximas horas também seriam inesquecíveis.

E porque ela achava isso? Bem, a não ser que seus instintos estivessem muito errados, ela apostaria o dinheiro que não tem no fato de que ela e Waverly dariam mais um passo na relação que tinham.

"Mais uma vez, que relação, Nicole? ", a própria conversava consigo. "O máximo de relação que teremos será durante o verão, até ela viajar para a Inglaterra. E depois disso, sabe-se lá o que vai acontecer..."

A ruiva tentou não soltar o suspiro frustrado que sempre lhe acometia quando se recordava que Waverly recebera uma carta de aceitação do outro lado do oceano. Ela tinha certeza de que a garota iria. Ela iria, se estivesse em seu lugar. Ou se tivesse recebido qualquer uma das respostas das universidades no qual se aplicou.

Suspeitava que seu pequeno desapontamento também poderia estar relacionado a isso, o de não ter recebido de volta uma carta se quer, mesmo contendo uma resposta negativa. Ela somente sabia que era uma espera horrível, principalmente quando colegas ao seu redor já tinham algumas respostas e já começam a traçar planos futuros.

E para Nicole, seu futuro ainda era um quadro em branco.

Em uma virada de cabeça, os olhos de Nic se encontraram com os de Waverly, que estava sentada ao lado de sua mãe, algumas cadeiras a frente. Sorriram discretamente uma para outra, em sinal de reconhecimento, e novamente a ruiva voltou a imaginar o que poderia acontecer mais a noite.

Diversos cenários passavam por sua cabeça, e a ansiedade queria lhe dominar, afinal, aquele era o primeiro baile em que ela iria. Não que já não tenha estado presente em outros. No seu antigo colégio, na época em que estava no time de basquete, marcou presença em uma ou outra festa que era organizada no local, contudo, se tratava de um colégio católico, e a partir disso não é preciso se dizer mais muita coisa.

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