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A semana estava muito movimentada na Grande Capital. Faltavam apenas alguns poucos dias para o 10° aniversário de reinado da Rainha Rose. Nobres de todos os reinos viriam para a celebração, haveria uma grande festa.

Rose não estava muito animada com o evento. As festas da realeza sempre atraíam possíveis traidores, nobres querendo tirar algum tipo de vantagem e inúmeras propostas de casamento, as quais ela recusava com a máxima cordialidade possível. Viu de perto as consequências trazidas por um casamento político, não acabaria igual a sua mãe.

Desde o momento em que assumiu o trono, todos a aconselhavam a se casar com algum dos três outros reis para manter sua posição e se tornar uma Rainha mais forte. Dez anos se passaram desde então, e ela havia se tornado a monarca mais poderosa de todos os Quatro Reinos.

Ennord não precisa de um Rei, eles já têm a sua Rainha. — Era o que ela sempre respondia a todos que perguntavam sobre um possível casamento a cada ano que se passava.
Rose sabia que todos no reino comentavam sobre isso. Ela agora tinha vinte e cinco anos e, apesar de ser ainda jovem, não tinha pretendentes ou desejo de casamento. E não teria por muito tempo.

A estrada desde a feira de Ennord até o Palácio estava cheia de carruagens.
Nobres famílias traziam seus guardas e servos para mais uma celebração da realeza.

Dentre os três reis vizinhos, apenas dois viriam para festa: Edward, do Reino de Lowe e Theodor, do Reino de Seam. O terceiro, Rei Joseph de Oris, havia negado o convite por razões médicas. A viagem até Ennord levava oito dias de cavalgada e por ele ser um homem de idade já avançada, cujo fumo e a bebida foram responsáveis por levar boa parte de sua saúde, não se sentiria muito confortável em passar tantos dias em uma carruagem.

Joseph havia se casado várias vezes, todas elas por razões políticas, e gerado inúmeros herdeiros. Sempre foi um homem traiçoeiro e era famoso por liderar várias revoltas e desfazer alianças. Rose nunca gostou de Joseph. Robert sempre a alertava sobre ele, e só o havia convidado por questões comerciais que envolviam Ennord e Oris.
     
A carruagem do Lorde Marcell havia feito uma parada próxima aos arredores do Palácio. Ele estava acompanhado de seu filho mais novo, Thomas, e de alguns poucos guardas, pois não possuía muitos deles. Lorde Marcell era um homem de baixa estatura, com os poucos cabelos que restavam já grisalhos e sofria com um sério problema na bexiga, o que os fazia parar a carruagem a cada vinte minutos. Levou dois de seus cinco guardas consigo, havia rumores de que aquelas florestas estavam cheias de assassinos, ladrões e diversos animais selvagens.

— Espere aqui e tome conta da carruagem. Os presentes para a Rainha estão aí — disse para Thomas, apontando para a carruagem e olhando para os lados, desconfiado, sussurrou: — Tome cuidado também com o Cavaleiro Mascarado.

Sorriu.

— Desculpe? Com quem? — Thomas perguntou confuso. Do que diabos seu pai estava falando?

— Você não sabe sobre o Cavaleiro Mascarado? — perguntou surpreso e continuou quando seu filho negou com a cabeça: — Ele anda pela floresta sozinho, suas vestes e montaria são negros como a noite. Muita gente alega tê-lo visto enquanto andavam pela mata, mas ninguém sabe de fato como é o seu rosto. Alguns dizem que ele é apenas um antigo guerreiro que fora expulso do Castelo, já outros dizem que ele é um...

Thomas ergueu a sobrancelha em curiosidade e se aproximou de seu pai, que havia parado de falar e agora o fitava sério.

— Fantasma — sussurrou e sorriu ao ver seu filho soltar um ar de reprovação.

— Fantasma? Sério? — Riu de seu pai por acreditar em tal coisa. Thomas sempre foi um homem muito lógico. — Essas são histórias contadas às crianças.

A Rainha de Ennord Onde histórias criam vida. Descubra agora