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A viagem de volta não teve mais empecilhos. Eles conseguiram retornar a Capital em segurança, com apenas um dia de atraso devido à tempestade.
Thomas, desde aquela noite em que conversara com a Rainha, não havia trocado mais que poucas palavras com ela. Rose lhe dava ordens e ele as aceitava sem questionamentos. Ele não conseguia esconder a vergonha que sentia. Não sabia o motivo de ter falado para Rose aquilo tudo, e evitava ao máximo ficar pensando sobre. Thomas acreditava que a cada vez que ele pensasse sobre seus sentimentos, eles se tornariam mais reais.

Ele estava sendo idiota, sabia que não teria chance alguma com a Rose.

— Ela é a Rainha! — Ali estava Thomas, explicando para Daehan como ele havia sido idiota.

— E de que isso importa? — Daehan rebateu confuso.

— Há centenas de pretendentes, ótimos por sinal — Thomas falou óbvio. — Não é como se ninguém nunca tivesse se apaixonado por ela. Você mesmo me falou que a Rose e o Robert já estiveram juntos.

— Sim, eles estiveram. Mas Rose não amava o Robert — Daehan explicou, com um pequeno sorriso no canto dos lábios. — Não dá forma que ele queria.

— E por que comigo você acha que seria diferente? — Thomas perguntou. Estava tentando, da forma mais logica possível, mostrar a Daehan que nada nunca aconteceria entre ele e a Rose. Aquilo era simplesmente impossível. — Rose e Robert são amigos há anos. Eu estou na corte há alguns meses.

— Mas isso não importa.

— Olha pra mim, Daehan. — Thomas estava um pouco irritado e chateado. — Eu sou filho de um nobre de Ennord, um não tão importante. Não sou guerreiro, não nasci com essas habilidades. Não possuo propriedades ou fortuna além da que receberei do meu pai. Eu não tenho nada para oferecer à sua irmã além dos livros que li.

— Rose é a pessoa mais rica de todo o reino, Thomas. Talvez a mais rica de todos os Quatro — Daehan falou. — Você se subestima muito. Você é um ótimo partido, todas as jovens da corte dariam um braço para se casar com você. Você é um rapaz muito bonito, apesar de não fazer o meu tipo.

— Agora estou ofendido — Thomas falou divertido e Daehan sorriu.

— Eu sendo você tentaria a sorte — Daehan falou, se levantando do banco onde estava sentado ao lado de Thomas. — Já que teve coragem o suficiente para se apaixonar pela minha irmã, vá em frente.

— Não estou apaixonado por ela.

— Não? Que pena — Daehan falou com falsa tristeza. — Seria bom ver minha irmã com um cara legal como você.

— Você fala como se eu tivesse alguma chance com a Rose — Thomas falou irônico. — Sua irmã não gosta de ninguém.

— Nisso você tem razão. — Sorriu. — Eu preciso ir, Rose me espera.

— Não conte a ninguém sobre isso! — Thomas gritou para Daehan que se afastava.

— Não se preocupe — Daehan falou por cima do ombro, sem olhar para Thomas. — Eu serei apenas um espectador em todo esse drama.

Thomas estava cada vez mais ansioso e pensativo e, então, decidiu que precisava sair. Sair do Castelo por alguns dias, aquele lugar estava o sufocando. Não sabia o que Rose estaria pensando sobre ele, depois da idiotice que fez. Não tinha certeza se conseguiria o cargo no Conselho, já que Rose havia dito que ele seria treinado por apenas algumas semanas e já haviam se passado seis meses.

Lembrou que Rose dissera que lhe era permitido sair para visitar sua família, e ele decidiu voltar para casa por alguns dias.

Saiu à procura de Rose. Apesar de ela ter dito que ele poderia deixar o Palácio, ele achou melhor pedir a permissão da Rainha. Não queria que ela pensasse que ele havia fugido ou desistido do cargo. Pelo contrário, ele queria muito.

Encontrou Rose conversando com Daehan enquanto andavam de braços dados pelos jardins do Castelo.

— Vossa Majestade — chamou, aproximando-se.

— Thomas! — Daehan falou com uma animação exagerada. — Mas que surpresa.

Daehan estava sorrindo.

— Sim? — Rose perguntou para Thomas.

— Vossa Majestade se lembra quando me disse que eu poderia visitar meus pais? — ele iniciou a conversa com voz baixa. Rose o encarava, mas ele não conseguia a olhar por mais que alguns segundos. Sempre desviava o olhar, o que fazia Daehan se esforçar para não rir.

— Sim, eu me lembro.

— Gostaria de saber se me é permitido deixar o Palácio por alguns dias. — Thomas a olhou, um pouco envergonhado. — Isso se Vossa Majestade não for precisar de mim.

— Ela vai precisar — Daehan falou mais alto do que deveria, atraindo a atenção de Thomas e de Rose.

— Do que é que você está falando? — Rose o perguntou confusa.

— Não é nada — Daehan negou rapidamente. — Eu só achei que você teria algo importante para fazer e, por isso, precisaria do Thomas.

— Sim, eu tenho coisas importantes para fazer — falou para Daehan e voltou a encarar Thomas. — Mas não irei precisar de você, Thomas. Você pode ir.

— Muito obrigado, Vossa Majestade. — Fez uma reverência, mas não foi embora. Ele tinha outro pedido a fazer.

Rose o encarou com uma sobrancelha erguida.

— Tem mais alguma coisa que queira me dizer?

— Sim — Thomas confessou sem graça. — Eu gostaria de pedir que Vossa Majestade designasse algum soldado para me acompanhar. Eu não conheço muito bem as estradas de Ennord e, desde a minha última viagem, tenho um pouco de receio do que pode acontecer no caminho.

— Tudo bem. Mandarei um dos guardas o acompanhar.

— Eu vou — Daehan se ofereceu.

— O quê? — Rose voltou a encará-lo.

— Quem melhor para acompanhar o Thomas do que eu? Um general de Ennord — falou orgulhoso.

— Um general não é um guarda-costas — Rose rebateu.

— Vamos, Rose. — Revirou os olhos. — Eu sei me virar sozinho.

— E por que você quer ir?

— Thomas é meu amigo — falou simples. — Além disso, faz tempo que eu não deixo o Castelo. Preciso sair um pouco, esse lugar deixa qualquer um maluco.

— Você pode ir embora a qualquer momento — Rose falou calma.

— Eu sei. — Daehan sorriu. — Mas eu não quero.

Rose o encarou por alguns segundos. Daehan permanecia sorridente.

— Ok, você acompanha o Thomas — disse por fim. — Mas se vocês se envolverem em alguma outra confusão, os dois irão parar nas masmorras.

— Amor fraternal é tudo — Daehan brincou e acabou recebendo um olhar sério de Rose. — Desculpa.

Rose revirou os olhos com impaciência e virou-se na direção oposta, deixando Thomas e Daehan para trás.

A Rainha de Ennord Onde histórias criam vida. Descubra agora