Os dias que se seguiram foram calmos. Calmos até demais, o que para Rose, era a indicação clara de que algo estava acontecendo.
Apesar de calmos, os dias ainda tinham sido bastante estressantes. Rose ordenara que a frequência de rondas dos soldados aumentasse e, mesmo com Robert e Daehan a dizendo que tudo estava normal, ela não conseguia descansar.
O último dia dado por Rose para o General Samuel havia chegado e com ele, os últimos resquícios de paciência da Rainha.
Estavam na sala do Conselho Rose, Daehan, Robert, Thomas e George. E debatiam sobre o que seria feito caso o General Samuel não chegasse.
— Rose, você não vai realmente matá-lo, não é? — Daehan perguntou preocupado.
Rose não respondeu, apenas o encarou por alguns segundos e voltou a fitar a porta por onde Samuel deveria passar.
Daehan perguntou na esperança de que os ânimos de Rose estivessem amenizados, mas não estavam. A cada dia que se passava sem nenhuma notícia — e noites mal dormidas — contribuía para o péssimo humor de Rose. E Daehan sabia que nada de bom acontecia quando sua irmã estava irritada.Felizmente, algumas centenas de soldados conseguiram chegar às fronteiras com bastante rapidez. Eles estavam em uma cidade bem próxima e em apenas um dia e meio conseguiram ocupar o lugar dos outros que ainda estavam em viagem, vindos das proximidades de Lowe. Quando a ordem de retorno chegou, eles ainda não estavam no Reino do Sul.
A atenção de todos ali foi em direção à grande porta de madeira, onde ouviram batidas fortes.
— Entre — Rose ordenou alto.
Edgar e o General Samuel entraram. Estavam sujos de terra e pareciam cansados, provavelmente não pararam para se hospedar em alguma estalagem, já que Rose havia ordenado que chegassem em um tempo quase impossível.
Aproximaram e fizeram uma reverência.
— Eu irei perguntar apenas uma vez e sugiro que sua explicação seja bem convincente, ou o fato de você ter chegado aqui nos sete dias que eu ordenei não me impedirá de executá-lo agora mesmo — Rose quebrou o silêncio, sua voz estava extremamente calma, mas todos conseguiam perceber que ela não estava. — Quem ordenou você a mover os soldados da fronteira?
— A Rainha — Samuel respondeu fazendo todos ali se espantarem. Todos, exceto Rose que agora o encarava com uma sobrancelha erguida e um olhar que daria medo em qualquer pessoa que temesse a morte.
— Você deve se achar muito engraçado — Rose comentou com uma falsa diversão na voz.
— Não, isso não é uma brincadeira — Samuel se explicou. — Recebi uma ordem da Rainha, para levar os soldados até Lowe.
— Me responda, Samuel, existe alguma outra Rainha em Ennord além de mim?
— Não, Vossa Majestade — Samuel respondeu. Ele, impressionantemente, não parecia estar com medo.
— Então como você diz que a Rainha ordenou que você levasse os soldados para o Sul se eu não dei tal ordem? — Rose se levantara de sua cadeira e agora estava andando na direção de Samuel.
Thomas temeu que ela o matasse ali mesmo.
— Eu tenho uma carta, com o seu selo, Vossa Majestade.
Todos ali se espantaram mais uma vez. Era impossível. Como Samuel havia recebido uma carta com o selo real se Rose insistia em dizer que não tinha a enviado?
— O quê? — Robert perguntou com espanto.
— Deixe-me ver essa carta. — Rose estendeu a mão para o General que a entregou um pergaminho dobrado e, para surpresa de todos presente, era realmente o selo da Rainha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Rainha de Ennord
RomanceRose, coroada aos quinze anos após a morte de seu pai, tornou-se a primeira e mais jovem rainha a governar sozinha o reino de Ennord. E, contrariando a todos, conseguiu transformar Ennord no maior e mais poderoso dos Quatro Reinos. Dez anos depois...