11- A Execução 🌹

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O dia começou com um alvoroço. Dezenas de pessoas se aglomeravam no Grande pátio.

Thomas aproximou-se em curiosidade, não sabia o que estava acontecendo. Espantou-se quando viu que havia alguém no centro da multidão, o irmão do Rei. Ele tinha suas mãos atadas por cordas e estava sendo segurado por um dos guardas da Rainha.

Thomas avistou seu pai à alguns metros de distância, e foi até ele.

— O que está acontecendo?

— O Príncipe será executado — Marcell falou, olhando para Thomas que estava estarrecido.

— Por quê? — insistiu. — Ontem ele estava dançando com a Rainha no baile.

— Logo após isso, ele foi aos aposentos da Rainha — Lorde Marcell falou sério. — Ele foi acusado de tentar envenená-la. Traidor!

Lorde Marcell costumava ser um soldado de Ennord, na época em que o Rei Lucius governava, até que se machucou gravemente em um conflito e se aposentou, ainda jovem. Abriu a loja de tecidos alguns anos depois.

E por ter sido soldado uma boa parte de sua vida, Marcell odiava profundamente os traidores do trono. Dizia sempre que a morte era um castigo leve para esse tipo de gente.

Thomas espantou-se ainda mais. Por que o Príncipe Vince tentaria matar a Rainha? Ennord e Oris não eram aliados?

Os pensamentos de Thomas foram atrapalhados quando as grandes portas do Castelo se abriram, revelando a Rainha e seus dois companheiros. Todos a reverenciaram a medida que ela se aproximava do centro do pátio em passos decididos, Thomas ficou feliz ao vê-la bem.

Daehan parou ao lado de Thomas e sorriu levemente para ele e seu pai.

O Rei Joseph estava no outro lado do pátio, com seu guarda pessoal. Ele parecia muito irritado, o que para Thomas era compreensível. Seu irmão seria executado a qualquer momento.

— Estamos aqui para a execução do Príncipe Vince — Rose, que estava no centro do pátio, começou. — O Príncipe tentou me matar, me presenteando com uma garrafa envenenada. Vince, você nega as acusações?

— Não — Vince respondeu.

— Há algo que queira dizer? — Rose perguntou. — Suas últimas palavras.

— Me perdoe — ele falou para Rose e virou para seu irmão, que estava alguns metros de distância. — Me perdoe, irmão.

— Eu, Rose Valeri, Rainha de Ennord o acuso de traição. — A voz de Rose soou alta e autoritária para que todos ali ouvissem. — E o sentencio à morte.

Olhou para Robert que a trouxe seu arco e flecha, fazendo Thomas entender o porquê de Vince estar no centro do pátio. Ele não seria enforcado ou decapitado, como Thomas achou que aconteceria. Ele seria alvejado.

Rose posicionou sua flecha em seu arco e mirou, sem hesitar, na direção de Vince que não estava relutante, mas o medo era perceptível em seu rosto.

— A Rainha quem executa? — Thomas perguntou para Daehan.

— Nem sempre — Daehan respondeu. — Em Ennord, alguém da família real precisa estar na execução dos traidores. Na maioria delas, sou eu quem participo. Rose só está presente quando há um motivo pessoal envolvido, como é o caso.

Rose fez sinal para que os guardas soltassem Vince e, o encarando friamente, soltou a flecha que cortou o ar rapidamente e atingiu o homem bem na altura do peito. Com um guincho de dor, Vince caiu de joelhos. Permaneceu por alguns segundos observando as pessoas ao seu redor que o assistiam e, então, tombou morto.

Joseph, que presenciava toda a cena, ordenou que seus guardas levassem o corpo de seu irmão à umas das carruagens que os aguardavam. O sangue de Vince fez um caminho macabro desde o local onde ele havia morrido, até a carruagem em que os soldados o colocaram.

Joseph estava deixando Ennord, e caminhou até a Rainha para se despedir.

— Obrigada pela sua hospitalidade, Majestade — ele falou baixo. — E novamente peço que perdoe o meu irmão. Espero que os acordos entre nossos reinos não sejam afetados pelo erro que Vince cometeu.

— Não serão. — Rose garantiu. — Entendo que ele era seu irmão, Joseph. Mas isso precisava ser feito.

— Eu sei — Joseph concordou. — Está na hora de irmos. Nos vemos em outra oportunidade. E obrigado por me deixar levar o corpo de volta à Oris.

Rose apenas assentiu e ambos, fazendo uma reverência, se despediram.

— Por que o Rei agradeceu a Rainha? — Thomas voltou a questionar. Ele não entendia muito dessas questões de reinos e suas cordialidades.

— O irmão dele foi acusado de traição — Daehan começou. — Como conspirar contra o trono é um crime imperdoável, a sentença é a morte. Os traidores não são enterrados. Seus corpos são jogados aos animais selvagens da floresta, queimados ou pendurados em praça pública para que as pessoas vejam o que acontece com quem comete tal crime.

Rose se aproximou dos dois que conversavam.

— Não participarei dos duelos de hoje — falou para Daehan. — Você e o Robert ficarão responsáveis. Tudo bem para você?

— Claro. — Daehan sorriu, tentando reconfortar a Rainha que estava cheia em pensamentos.

— Vossa Majestade está bem? — dessa vez foi Thomas quem perguntou.

— Sim.

Thomas também sorriu e ficou ali com Rose e Daehan, observando a caravana do Rei deixar os terrenos do Castelo.

— Isso não vai ser fácil — Thomas falou. Ele já havia ouvido histórias sobre como o Rei Joseph era um homem impulsivo. E, julgando que ele acabara de ver seu irmão ser executado, talvez aquilo não acabasse tão rápido.

— Nada nunca foi fácil — Rose falou o olhando e saiu junto de Daehan.

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