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Seguiram junto para a sala do Conselho onde os nobres iam até Rose para pedir-lhe favores. Alguns pediram um cargo no Conselho para seus filhos e olharam zangados para Thomas, pois sabiam que ele havia conseguido. Outros pediram para que Rose disponibilizasse alguns de seus homens para proteção, pois temiam algum ataque. Os nobres sempre entravam em conflito entre si, e Rose era a pessoa que os acalmava todas as vezes. Thomas dissera que aqueles nobres haviam pedido as mesmas coisas para Daehan.

Rose se surpreendeu quando um nobre pediu para que ela considerasse a ideia de colocar sua filha em alguma posição no exército. As mulheres não desejavam cargos no exército. Apesar de Rose ter sido quem liderou seus soldados para as batalhas, ter mulheres lutando ainda era algo incomum. Pouquíssimas mulheres - em sua maioria adolescentes - desejavam virar uma guerreira, mas eram proibidas por seus pais ou pretendentes. Ninguém queria uma mulher que luta em um exército.

Porém, Rose sempre se mostrou muito solícita para as que desejavam, mesmo sabendo que elas desistiriam logo após. Mas o que fez ela ficar surpresa foi que - diferente das vezes anteriores - não havia sido a garota quem a pediu, em segredo, para entrar no exército, e sim seu pai.

Rose o mandou trazer sua filha no dia seguinte. Ela a faria algumas perguntas e daria alguns conselhos antes de qualquer outra coisa, mas estava torcendo para que a garota realmente quisesse ficar. Precisava de mais mulheres no exército.

Quando não havia mais nenhum nobre para se encontrar, Rose conversou com o mestre da moeda e o responsável pelas tropas que faziam a segurança da Capital. Um encontro de rotina, só para atualizar a Rainha de algum possível problema. Além de nobres afirmarem ter visto pessoas estranhas nas redondezas de suas propriedades, não havia nada para se preocupar. Mas Rose, sendo Rose, mandou que eles verificarem esses casos.

Ao fim, foi para seus aposentos. O sol já estava se pondo e o Castelo permanecia calmo. Em outras circunstâncias, os preparativos para a festa de aniversário do Daehan já estariam acontecendo a todo vapor, mas, como ele não queria uma festa e sim uma viagem, não havia nada no Castelo além da decoração usual.

Estava revisando documentos sobre o reino. Informações sobre os carregamentos que chegavam com os navios e sobre as pessoas que deixavam ou chegavam em Ennord. Pegou um livro que estava parado em sua escrivaninha e notou que havia algo dentro. Uma carta. Não tinha selo, mas sim uma pequena flor desenhada. Abrindo a carta viu um algo escrito em uma linda e elegante caligrafia.

Havia um homem.

Um homem solitário.

Ele não possuía família ou amigos.

Muito menos amor.

Não havia nada que o fizesse feliz.

Ele estava apenas existindo.

Pequeno demais em um mundo enorme.

Solitário em meio a tanta gente.

Certa vez, numa noite estrelada, o homem solitário caminhava por entre as árvores.

Ele não tinha lugar para ir, ninguém o aguardava ou notaria seu desaparecimento, então decidiu ir embora da vila onde vivia.

Caminhou por horas, saindo das estradas e adentrando na densa floresta.

Ele não sabia o que queria, ou o que estava tentando fazer.

Não sabia para aonde iria ou o que aconteceria caso chegasse em algum lugar que decidisse ficar.

Seu caminho foi interrompido quando, ao fim da trilha na mata, havia um alto penhasco.

E se eu pular? Ele se questionou.

A Rainha de Ennord Onde histórias criam vida. Descubra agora