8- O Torneio🌹

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Rose estava sentada em seu lugar de destaque entre os outros. Ao seu lado direito estava Daehan, Joseph ao seu lado esquerdo e Theodor ao lado de Joseph. Estavam no Grande pátio principal, onde se encontravam vários competidores, entre eles nobres e plebeus, que se preparavam para dar início aos duelos.

Edward, Rei de Lowe, estava sentado ao lado de Vince. Ele havia chegado assim que o sol nascera, pois queria aproveitar todo o dia de comemorações.

— Rose. — Ele sorriu ao se aproximar da Rainha que o recebia. — Você está linda, como sempre.

— Obrigada. Fez uma boa viagem? — Diferente de quando recebera Joseph, Rose realmente estava contente em rever Edward.

— Claro, não tivemos nenhum problema nas estradas da Rainha. Eu deveria ter chegado alguns dias atrás, mas houve alguns problemas em Lowe que me fizeram adiar um pouco a viagem. Me desculpe por chegar tão cedo. Eu a acordei?

Rose negou. Apesar de ser muito cedo, Rose já estava de pé. Ela não havia conseguido dormir naquela noite. Sua insônia se tornava pior a cada dia e, quando conseguia dormir, era acordada no meio da noite por um pesadelo.

Rose não lembrava exatamente quando os pesadelos começaram. Eles só apareceram. O mesmo, na maioria das vezes. Eram vislumbres de diversas imagens difusas e aleatórias. Algumas ela reconhecia como lembranças de sua infância. Ela se via mais jovem e via o rosto irritado de seu pai lhe dando ordens. Via sua mãe doente em seu leito, definhando mais a cada dia.

Já as outras, Rose não sabia bem do que se tratavam. Via corpos empilhados, pessoas gritando, tudo estava em ruínas e caos. E de repente, tudo aquilo desaparecia, se tornando escuro e silencioso, e ela percebia assustada que havia sangue em suas mãos. E, de alguma forma, sabia que aquele sangue não era dela.

Apesar de ter lutado em diversos campos de batalhas, Rose não lembrava de nenhuma daquelas cenas que apareciam em seus sonhos. Não eram lembranças.

O que isso poderia significar?

Rose não sabia.

— Vossa Majestade pensou sobre a minha proposta? — Joseph perguntou, inclinando-se um pouco na direção de Rose.

— Achei que tivesse sido bastante clara da última vez — ela falou calma.

Joseph sorriu.

— Então deixe-me fazer outra proposta. — Sorriu ao ganhar a atenção da Rainha. — Vamos apostar em um dos competidores, se o meu ganhar, você recua com os homens da fronteira Norte.

Rose também sorriu. Estava começando a gostar do rumo que aquela conversa estava tomando.

— Acho uma excelente ideia.

Daehan, que observava a conversa, sorriu e aproximou-se de Rose.

— Por que está sendo tão simpática? — sussurrou, ainda sorrindo. — Isso te torna ainda mais assustadora.

— Eu sei. — O sorriso de Rose aumentou. Ela deu uma leve piscada para Daehan e virou-se novamente para encarar Joseph. — Porém, se o meu competidor ganhar, você me dará metade das Terras inabitadas do Norte que restam.

Joseph arregalou os olhos.

— Metade? — repetiu confuso e continuou quando Rose afirmou com uma expressão divertida. — Mas aquelas terras estão localizadas em um ponto muito estratégico do reino, algumas das estradas principais passam por aquelas terras.

— Por essa razão que eu as quero. Criarei uma base militar para o meu exército naquelas terras. Assim, terei total controle sobre tudo e todos que passarem por elas — ela falou e esperou a resposta de Joseph, que não veio. — Vou melhorar a proposta para você. Se o seu competidor ganhar, eu não apenas recuarei com a Tropa Norte, mas os retirarei completamente.

— E você cederá algumas centenas de soldados para Oris — Joseph completou com um enorme sorriso no rosto. — Meu exército não é tão bom quanto o seu.

— Como quiser.

— Sua irmã não deveria ter concordado com isso — Vince, que estava ao lado de Daehan, falou sorridente. — Joseph nunca perde uma aposta.

— Você logo vai aprender que não se deve subestimar a minha irmã.

Os duelos, enfim, começaram. Nobres lutavam contra plebeus que, apesar de não terem uma grande habilidade em duelo, impressionavam a todos quando conseguiam derrotar algum nobre, causando alvoroço.

Rose observava todos atentamente. Ela gostava de assistir a duelos e se divertia bastante, mesmo aquele não sendo como os outros aos quais ela estava acostumada — era um duelo menos violento, o objetivo era derrubar seu oponente, não matar.

Nobres, plebeus e guerreiros de todos os Quatro Reinos lutaram entre si por horas a fio. Algumas das pessoas que estavam ali foram embora, porém, muitas permaneceram para assistir o duelo entre os competidores de Ennord e Oris que seria o último o dia.

Rose ergueu uma sobrancelha quando viu os próximos competidores. O primeiro deles era um homem alto e forte, trajava uma armadura que Rose reconheceu como de Lowe, pois havia um grande sol amarelo desenhado. O outro, também de armadura e espada em punho, mas que não demonstrava nem um pouco de confiança, era Thomas.

Ele estava nervoso, suas pernas e mãos tremiam violentamente. Correu os olhos por todas aquelas pessoas. Viu seu pai, que sorriu, e olhou em direção à grande cadeira posicionada no último dos degraus que davam acesso à entrada do Castelo. Lá estava Rose, o olhando de volta.

Ela não fez nenhum sinal na direção de Thomas. Nenhum sorriso ou aceno sequer, mas sua expressão serena com um leve toque de diversão, de alguma forma, acalmou ele.

— Podem começar — Robert falou. Ele estava responsável por supervisionar os duelos, para que ninguém saísse de lá muito machucado.

Aquele era o último antes do duelo entre Rose e Joseph. Os vencedores dos duelos no primeiro dia se enfrentariam no segundo.

Thomas fechou os olhos por alguns segundos e, respirando fundo, encarou seu oponente. Procurou se lembrar dos conselhos de seu irmão e também das coisas que a Rainha o havia dito. Ele precisava se mover.

O duelo começou. Os sons das espadas e tilintar das armaduras se misturavam com os gritos da plateia que os assistiam. Vez ou outra, Thomas olhava na direção de Rose e procurava entender o que o rosto inexpressivo dela queria dizer.

Para surpresa de muitos, e de Thomas, ele estava se saindo bem. Conseguia bloquear alguns dos golpes vindo de seu oponente e, seguindo o conselho da Rainha, se movimentava bastante, mesmo que a armadura dificultasse um pouco sua mobilidade.

Ele começou aquele duelo com a certeza de que não teria a menor chance de vencê-lo. E realmente não teve.

Ele havia conseguido bloquear mais um dos golpes, segurando com muito esforço a espada na altura do rosto. Mas ao abaixá-la, não percebeu o próximo golpe: um forte chute, que o atingiu na região da barriga, o fazendo perder o equilíbrio e cair de costas. Sentia dor e dificuldades para respirar.

A derrota de Thomas desencadeou um alvoroço ainda maior. Quase todos estavam torcendo e haviam apostado na vitória dele.

A Rainha de Ennord Onde histórias criam vida. Descubra agora