19- O Navio🌹

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Rose caminhava lentamente pelos corredores do Castelo. O dia já brilhava claro e o sol do verão deixava o ambiente bem agradável. Ela estava com o humor um pouco melhor, havia conseguido dormir à noite toda, sem ser acordada por seus pesadelos.

Os servos a reverenciavam à medida que ela passava por eles.
Passou pelas grandes portas de madeira da entrada do Castelo e seguiu para os jardins. Em suas mãos, havia duas espadas. Avistou alguém enquanto se aproximava, era Thomas. Ele estava de costas para ela, não notando a sua presença, e esperava por alguém.

— Olá, Thomas — Rose cumprimentou, fazendo Thomas se assustar.

— Ah! Vossa Majestade. — Fez uma reverência apressada. — Que surpresa vê-la.

Rose levantou uma sobrancelha e sorriu levemente.

— Por quê? Estava fazendo algo que não deveria? — perguntou sugestiva.

— Não. — Thomas sorriu. — Eu apenas não estava a esperando.

— Estava esperando o Daehan — ela falou se aproximando. — Por isso eu estou aqui, Daehan não virá, então seremos apenas nós dois.

— Ele iria me ajudar a treinar.

— Eu sei, mas Daehan está um pouco ocupado hoje e me pediu para que eu viesse — falou ela, estendendo uma das espadas na direção de Thomas.

— Vossa Majestade não precisa fazer isso. — Thomas balançou as mãos, nervoso. — Deve estar muito ocupada, não perca seu tempo comigo.

— Não estou — Rose falou séria. — Não tenho compromissos pela manhã, Thomas. Pegue, vamos terminar o que começamos outro dia.

Thomas ficou nervoso ao ouvir Rose falar sobre o dia em questão. Ainda não sabia como agir na frente dela, mas Rose estava deixando as coisas um pouco mais tranquilas. Ele pegou a espada das mãos de Rose e sorriu.

— Ainda não me decidi sobre o que irei querer de você — Rose falou sorrindo e girando a espada em sua mão. — O que você me sugere?

— Eu não sei. — Thomas sorriu sem graça. — Não tenho muitos talentos.

— Mas você deve ser bom em algo.

— Falar. — Thomas e Rose sorriram. — Sempre que quiser alguém para conversar, estarei à disposição.

— Vou manter isso em mente — Rose falou pensativa. — A aposta ainda é a mesma: mil moedas de ouro se você me vencer.

— Você me faz essas apostas porque sabe que eu não tenho nenhuma possibilidade de vencê-la — Thomas suspirou e Rose sorriu.

— Eu quero ver você tentando. — Deu de ombros e preparou sua postura de duelo. — A primeira coisa que você precisa saber sobre espadas é que ela faz parte de você no momento em que a tem nas mãos. É uma extensão do seu corpo. Você deve aprender a controlar da melhor forma. Entender como ela se comporta a cada golpe. Me observe e repita o que eu fizer.

Rose girou a espada em sua mão, cortando o ar em ambos os lados de seu corpo, graciosamente. Thomas imitou sua ação um tanto desajeitado.

— Agora, faça rápido — mandou e Thomas assim o fez, mas deixou cair a espada de madeira. — Você não pode deixá-la cair. Vai ter um momento em que estar sem a espada vai significar a sua morte, você vai querer tê-la em mãos. De novo.

Thomas repetiu, e de novo e de novo. Sempre recebendo dicas de Rose de como segurar a espada, como girar o punho para facilitar o movimento. Os conselhos que recebia o ajudava muito, ele agora estava conseguindo girar a espada com mais facilidade. Claro que uma espada de madeira é muito diferente de uma espada de guerra, mas ele chegaria lá com tempo.

Enquanto realizava os movimentos ditados por Rose, ele ouviu atentamente o que ela falava. Rose dizia para que ele se movimentasse mais, mexesse os pés. Ele lembrou-se do dia em que estava treinando para o torneio e a ouviu dar o mesmo conselho.
Sorriu com a lembrança.

Depois de vários minutos repetindo tudo que Rose o mandava fazer, ela se posicionou em sua frente, alguns metros de distância, e ergueu a espada na direção de Thomas. Ele entendeu que deveria atacá-la e assim o fez. Não usava força. Não porque achasse que não deveria ou por medo de machucá-la, ele sabia que nunca conseguiria sequer tocá-la com aquela espada de madeira, mas naquele momento nenhum deles estava realmente duelando.

Rose investia golpes leves na direção de Thomas e o dizia como deveria bloqueá-los. O ensinava a contra-atacar e os locais em que deveria acertar para vencer o inimigo. Não pôde deixar de se sentir um pouco incomodado ao ouvir Rose falando sobre os locais onde ele deveria acertar para perfurar os órgãos vitais das pessoas. Ele não se imaginava fazendo isso, mas tinha que saber caso um dia precisasse.

Horas haviam se passado, já era por volta do horário do almoço quando terminaram o treinamento.
Rose se despediu de Thomas e seguiu para seus aposentos, estava suada e precisava de um banho. Ao chegar na Área da Rainha avistou uma pessoa saindo de seus aposentos, Robert. Ela franziu o cenho com aquela cena, não sabia que Robert já havia retornado. Ele ainda estava à procura do tal endereço, a mando de Rose. Ela em outras circunstâncias já haveria esquecido isso, mas depois do que aconteceu com o Príncipe Vince, ela queria respostas.

— Robert — chamou atenção do amigo. — O que faz aqui?

— Oh! Majestade — Robert falou e fez uma pequena reverência. Havia guardas e servos ali, ele não gostava de tratá-la casualmente quando estavam em público, apesar de todos saberem da amizade e do envolvimento de Robert e Rose. Ela nunca se importou com isso, nunca escondeu nada, ela era a Rainha e fazia o que queria. — Eu estava a procurando. Vim a seus aposentos, mas não a encontrei.

— Eu estava treinando — Rose respondeu. — Quando chegou?

— Hoje.

— Descobriu algo? — perguntou séria.

— Sim. — Robert a encarou.

— Me espere na sala do Conselho em uma hora — ordenou e Robert assentiu. — Eu preciso de um banho.

Uma hora depois, estava Rose a caminho da sala do Conselho. Entrou e encontrou Robert a esperando.

— O Daehan não virá? — Robert perguntou ao notar que Rose estava sozinha.

— Daehan está resolvendo umas coisas — ela falou simples.

— Algum problema? — ele estava preocupado.

— Nenhum. — Sorriu e virou a atenção para a porta que acabava de ser aberta, revelando Thomas. — Entre.

— Por que ele está aqui? — Robert questionou.

— Ele faz parte do Conselho — respondeu simples, enquanto Thomas se aproximava. — Você lembra quando foi atacado nas estradas, Thomas?

— Sim, Vossa Majestade — Thomas respondeu baixo. O olhar de Robert sobre si o deixava desconfortável. — Você me salvou aquele dia.

— Sim, eu salvei. Lembra-se do pergaminho que eu encontrei nas vestes do líder do grupo? — perguntou e Thomas assentiu. — Naquele pergaminho havia algo que pensamos ser um endereço, Robert estava procurando esse lugar nos últimos meses. Agora Robert, o que você descobriu?

— Há um lugar chamado Rua das pedras — Robert começou. — Encontrei o número treze, é um pequeno e antigo bar... Em Oris.

— Oris? — Rose repetiu e sorriu. — Por que eu não estou surpresa?

— Fui e falei com o dono do bar sobre o ladrão J — Robert continuou. — Ele me disse que não o conhecia.

Rose franziu o cenho em desconfiança.

— Estranho. Talvez ele usasse outro nome.

— Foi o que eu pensei. Falei as características ao homem, mas ele me disse que não conhecia alguém assim.

— Talvez ele estivesse mentindo — Rose falou pensativa.

— Provavelmente.

— Tudo bem, Robert — Rose falou calma. — Você ter descoberto o lugar foi de grande ajuda. Mandarei homens investigaram, você não precisa mais se envolver. Descanse, trabalhou demais nos últimos meses.

— Não preciso de descanso, Rose. — Robert sorriu. — Eu quero ajudá-la.

— Como sempre. Você está sempre me ajudando.

— É o meu trabalho. — Deu de ombros, sorridente. — Se eu não a ajudar, isso tudo vira um caos.

— Nisso você está certo. — Rose sorriu. — Obrigada amigo, por sempre me ajudar.

— Não me agradeça, Rose. Você me salvou, lembra? — Ele a abraçou. — Eu vou sempre ajudar você.

Permaneceram abraçados, Robert gostava de abraçá-la, sentir o doce perfume de rosas que emanava de Rose. Eles sempre foram muito próximos, mesmo depois de tudo o que aconteceu entre eles, nada ficou estranho. Robert continuou nutrindo sentimentos por Rose e ela continuou o amando, não dá forma como ele queria, mas ela o amava e ele sabia disso.

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