A Rainha de Ennord

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Rose o encarou por alguns segundos.

— Eu também. — Deu um pequeno sorriso. — Gostaria que tudo tivesse sido diferente, mas não foi. Mas apesar de o meu pai ter sido o pior do mundo, ele sabia como governar um reino. Isso eu tenho que admitir. As lições dele ainda influenciam nas minhas ações, mesmo eu odiando isso.

— Você não é como o seu pai — Thomas falou firme e sem hesitar. Não precisava nem pensar sobre aquilo, ele só tinha a certeza do que havia falado.

— Como tem tanta certeza? — Rose ironizou. — Ele me ensinou tudo, Thomas. Minhas ações são um espelho das dele, eu faço as coisas que ele faria.

— Não. — Thomas, por um instinto, segurou a mão de Rose que estava pousada sobre o colo dela. — Ele pode ter te ensinado como governar ou como lidar com os nobres, mas você não é igual a ele. Eu já te disse isso antes e vou repetir quantas vezes forem necessárias: você é especial, Rose. Mesmo com tudo que aconteceu com você quando criança e quando mais velha, você não se abalou. Continuou firme, sendo essa mulher extremamente forte e confiante. Nunca se importou com a opinião das pessoas, em como elas reagiriam à uma Rainha governando sozinha. Contrariando todas as expectativas, você fez de Ennord o mais poderoso país dos Quatro. Mas além de ser uma excelente Rainha, você é uma boa pessoa. Sempre se preocupando com os outros, dando escolhas e oportunidades. Você deu abrigo aos meninos que queriam entrar para o exército, mas não tinham onde morar. Você disse para o Daehan ir embora com o homem que ele amava, mesmo ele sendo a única pessoa que você tem. Você me surpreende mais a cada dia, me encanta.

Rose ouvia atentamente tudo que o Thomas estava falando. Ela não havia negado o toque de Thomas em sua mão, como ele achou que ela faria.

— A primeira vez que eu vi você, como cavaleiro, vai estar sempre na minha memória — Thomas continuou e segurou um pouco mais firme a mão de Rose. — Você me salvou. Eu estava aterrorizado, mas você me deixou mais calmo. Obrigado.

— Não precisa me agradecer — Rose falou gentilmente, soltando a mão que estava junta a de Thomas e se levantou. — Eu sou a Rainha, é meu trabalho proteger meus súditos.

Thomas sorriu.

— Sua mãe ficaria orgulhosa.

Rose apenas sorriu e virou-se para ir embora. Andou por alguns metros, parou e voltou a olhar para Thomas que agora estava mexendo na fogueira que se apagava aos poucos.

— Thomas — Rose chamou sua atenção. — Você conseguiu. O cargo no Conselho é seu.

— Sério? — perguntou espantado.

— Não faça eu me arrepender disso — falou divertida.

— Nunca — Thomas garantiu.

Permaneceu sem acreditar no que havia acabado de acontecer. Rose desaparecia de sua vista na medida em que se afastava na direção do Castelo, Thomas não pôde deixar de se sentir um pouco triste por ela.

Ele nunca havia perdido ninguém tão próximo. Seus avós morreram antes de Thomas nascer, ele nunca os conheceu por isso não sentia a perda. Não conseguia imaginar como era para Rose ter perdido a mãe quando criança e convivido com um pai cruel por muito tempo. Daehan não parecia sofrer tanto quanto Rose. Ele não lembrava de sua mãe e o Rei Lucius parecia gostar mais dele do que da irmã.

Voltou para seus aposentos decidido sobre o que faria nos próximos dias. Ele tinha um plano, um ótimo, por sinal, só esperava que Rose concordasse.

Pela manhã, concluiu todos os seus deveres o mais rápido que conseguiu. Não queria deixar nada para depois e estava muito ansioso para o dia seguinte.