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Daehan havia derrubado alguns deles, mas agora estava sendo segurado por dois homens, enquanto Paul havia ido atrás do balcão e retornara com uma faca em mãos.

Thomas tentou pedir para que parassem, mas a dor e a falta de ar, provocadas pelo pé do inimigo fazendo pressão em seu peito, não o permitia. Ele não podia fazer nada além de assistir o Príncipe ser golpeado por aquele homem.

Pensou que tudo estava perdido, mas de repente, como se os Deuses tivessem ouvido suas preces, um grupo de guardas entrou com um estrondo no bar e renderam o grupo.

Daehan foi até Thomas e o levantou.

— Você está bem?

Thomas apenas confirmou com a cabeça.

Daehan sorriu, mas logo seu sorriso deu lugar a uma expressão séria quando viu a pessoa que passava pela entrada do bar. Rose.

Ela estava séria, visivelmente irritada. Correu os olhos pelas mesas quebradas e vidros espalhados, resultado da briga, e olhou para os homens rendidos pelos guardas.

— Levem-nos — ordenou firme e os guardas obedeceram. Acompanhou com o olhar enquanto Paul passava ao seu lado, sendo levado pelos guardas.

Olhou para Thomas e depois para Daehan, que baixou a cabeça para não encará-la. Ela andou até o balcão, onde o velho Wolf ainda estava observando tudo.

— Vossa Majestade.

— Peço desculpas pelo terrível comportamento do meu irmão e do meu assistente — ela falou cordialmente e posou um pequeno saco de couro cheios de moedas sobre o balcão. — Isso é o suficiente para cobrir os prejuízos?

— É mais que o suficiente, Majestade — Wolf falou surpreso.

— Ótimo. — Deu um leve sorriso, apesar de estar furiosa. — Tenha um bom descanso.

— Muito obrigado, Vossa Majestade. — Wolf sorriu.

Rose passou por Daehan e Thomas, sem encará-los ou dirigir a palavra para algum deles.

— Ro... — Daehan tentou falar, mas Rose saiu do bar o ignorando.

Eles se entreolharam e seguiram Rose para fora do bar. Havia alguns cavalos onde Robert e alguns dos guardas estavam. Os outros estavam nas carruagens-prisão onde os homens que os haviam atacado iriam ser levados até as masmorras do Castelo.

Rose montou em seu cavalo em silêncio e seguiu caminho de volta, sendo seguida por Robert, Daehan, Thomas e o resto do grupo de guardas.

O caminho de volta foi um completo silêncio. Rose seguia na frente junto de Robert, que vez ou outra virava para encarar Daehan. O único som ouvido era dos cascos dos cavalos. Nem mesmo os prisioneiros ousavam falar alguma coisa.

Alguns minutos depois, chegaram aos pátios do Castelo e desceram de seus cavalos.

— Levem-nos para as masmorras — Robert ordenou para os guardas que assentiram e guiaram os homens para o lado leste dos terrenos do Castelo, onde ficavam as masmorras.

Rose começou a andar na direção da entrada do Castelo quando foi chamada por Daehan.

— Qual é o problema de vocês? — Ela virou, encarando Daehan e Thomas. — Uma briga de bar? Sério? O que vocês são? Adolescentes?

— Majestade, nós... — Thomas começou.

— Você não ouviu o que eu disse sobre o último escrivão? — ela perguntou o encarando séria. — Ele foi morto em uma briga de bar. E quando eu penso que você seria diferente, um pouco, só um pouco mais inteligente, você faz a mesma coisa. Olhem para si mesmos.

Daehan e Thomas, apesar de não terem sido gravemente feridos, tinham machucados por todo o corpo. O nariz de Thomas ainda sangrava e ele sentia dores a cada respirada. Daehan tinha um dos olhos roxos, havia um corte no lábio superior e hematomas ao longo dos braços.

— Rose, nós apenas saímos para nos divertir e eles... — Daehan tentou explicar.

— Tudo bem, Daehan. Você é jovem, eu entendo isso. Entendo que queira sair para se divertir e, por isso, não me importei quando soube que você saía escondido às noites para beber. Mas achei que você teria um pouco mais de responsabilidade. Você é General do exército, e um Príncipe. O que acha que estava fazendo? E se eu não estivesse aparecido? Vocês estariam mortos!

— Eu não sou uma criança, Rose — Daehan rebateu. — Você tem que parar de me tratar como se eu fosse.

— Então pare de agir como uma. — A voz dela saía mais baixa. — Eu ficarei responsável pelos treinamentos dos próximos dias.

— Não, Rose, me desculpe eu...

— Você não pensou em que suas ações influenciariam — Rose o repreendeu. — Se você não está pronto para assumir esse tipo de responsabilidade, então não deveria estar na posição em que ocupa. Isso serve para os dois.

Virou e seguiu para dentro do Castelo.
Robert parou em frente à Daehan e o encarou. A expressão dele estava mais suave do que a de Rose, mas ainda parecia decepcionado.

— Sua irmã está certa.

— Como ela soube? — Daehan perguntou.

— Você ainda acha que tem algo em Ennord que a sua irmã não saiba? — ele falou. — Ela sempre soube. Mas como ela mesma disse, não se importou porque achou que você precisasse sair um pouco do Castelo para se divertir. Então, ela ordenou que os guardas ficassem de olho em você para evitar problemas. Acho que ela sabia que algo assim aconteceria.

— Ela está sempre me tratando como uma criança. — Daehan também estava irritado. — Ela não precisa me salvar sempre. Eu sou um guerreiro, sei me defender sozinho.

— Você não faz ideia do que está acontecendo, faz? — Robert falou mais rígido, e continuou quando viu a expressão de confusão no rosto de Daehan: — Os nobres de Oris estão furiosos com a morte do Príncipe Vince. Já os nobres de Ennord, estão pedindo à sua irmã para que ataque Oris. Joseph prometeu que os acordos entre os reinos não seriam desfeitos, mas todos sabemos que ele não é bom em manter promessas. Por isso, querem que sua irmã ataque antes que Joseph tente. Porém, tecnicamente, Oris e Ennord ainda estão em paz, depois de anos de guerra. Sua irmã não vai atacar Oris sem motivos. Ela não quer ter que começar outra guerra.

— Ela não me falou.

— Ela não é de falar muito, não é? — Robert falou, dessa vez mais calmo. — Você sabe que Rose sempre quer fazer tudo sozinha. Ela nem mesmo está conseguindo dormir direito ultimamente. Sua insônia tem piorado, mas ela não fala sobre isso. Descobri por uma das empregadas que disse que ela acorda no meio da noite e passa a madrugada em seu pátio, lendo ou treinando até amanhecer. A situação já está bem complicada, e você arriscando ser morto em uma briga de bar não ajuda em nada. Rose precisa da gente, Dae. Ela só confia em nós. Mas você tem que decidir se quer ajudar a sua irmã ou continuar agindo como um adolescente.

Seguiu para dentro do Castelo.

Daehan e Thomas ficaram parados o observando passar por entre as grandes portas e desaparecer na escuridão do Castelo.

— Você sabia? — Daehan virou-se para Thomas. — Sobre o que o Robert falou? Eu sabia que os nobres de Ennord não estavam felizes com a tentativa de envenenamento da minha irmã, mas não pensei que as coisas estavam tão tensas assim.

— Eu não participo das reuniões do Conselho — Thomas negou. — Ainda estou sendo testado, e por isso não sou permitido participar.

— Claro — Daehan falou pensativo. — Me desculpe, Thomas. Se eu não tivesse insistido, você não teria se metido em toda essa confusão.

— Eu poderia ter negado, mas não fiz. — Thomas sorriu levemente, tentando confortar o Príncipe. — Se eu não estivesse lá, você teria levado uma surra maior.

Daehan sorriu.

— Obrigado por levar uma surra no meu lugar.

— Sempre que precisar. — Thomas fez uma reverência. — Mas acho que a nossa ameaça agora é outra.

Daehan e Thomas olharam para a porta por onde Rose tinha entrado alguns minutos atrás.

— Não se preocupe — Daehan garantiu. — Minha irmã está um pouco irritada, mas eu vou falar com ela. Não vou deixar você ser prejudicado por isso.

— Obrigado — Thomas agradeceu. — Mas, do jeito em que sua irmã está, acho que nós dois seremos pendurados pelos pés.

A Rainha de Ennord Onde histórias criam vida. Descubra agora