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Wolf retornou com uma enorme garrafa de vinho e dois grandes copos de alumínio.

— Você agora vai provar o melhor vinho da Capital — Daehan falou, servindo Thomas com o líquido da garrafa.

Thomas olhou para o copo à sua frente e para Daehan que o observava entusiasmado e, levando o copo aos lábios, tomou um grande gole do vinho. Tossiu ao beber, o vinho era forte e amargo, mas era muito bom.

— É bom — anunciou para Daehan que esperava sua reação.

— Imaginei que gostaria. — Sorriu e serviu seu copo com o vinho.

— Você sempre vem aqui? — Thomas perguntou.

— Sim. Eu vinha aqui com o Robert, mas agora venho só.

— Ele parece não gostar muito de mim — Thomas falou.

— Então, você percebeu? — Daehan perguntou com um pequeno sorriso nos lábios. — É por causa da Rose.

Thomas franziu o cenho.

— Mas, por quê?

— Você sabe que o Robert e a minha irmã já tiveram um relacionamento, certo? — perguntou e continuou quando Thomas confirmou com um aceno: — Bem, eles se conhecem desde crianças. Robert era um pobre e órfão menino, Rose ainda estava triste com a morte da nossa mãe e não tinha o melhor dos relacionamentos com o nosso pai, como você já sabe. Depois de Rose o ajudar, eles se tornaram inseparáveis. Robert até conseguiu um emprego nos estábulos reais para que pudesse vê-la com frequência. Quando Rose assumiu o trono, convidou Robert para ser seu Conselheiro e ele aceitou. Robert está sempre tentando proteger a Rose, por isso não gosta quando algum desconhecido se aproxima dela. E Rose não parece te odiar, Thomas. Robert nega, mas ainda tem sentimentos pela minha irmã, porém, Rose não é a pessoa mais romântica do mundo.

— Achei que o Robert fosse casado — Thomas falou confuso.

— Ele é, mas isso não o impede de sentir ciúme da minha irmã. — Daehan sorriu. — É como dizem: o primeiro amor é o mais difícil de esquecer.

— Acho que sim. — Foi a única coisa que Thomas falou. Ele não sabia o que falar, nunca havia se apaixonado por alguém. Uma vez, em sua adolescência, julgou estar apaixonado por uma amiga de seu irmão mais velho. Mas quando ela o rejeitou, ele não ficou triste ou magoado, então descobriu que não estava realmente apaixonado por ela.

Passaram mais algum tempo conversando. O vinho já estava fazendo efeito em Thomas, o que o fazia falar muito. Mais do que o de costume.
Enquanto reclamava do excesso de trabalho dados por Rose, um grupo de quatro homens barulhentos entraram no bar.

— Merda — Daehan xingou ao ver os homens se aproximando deles.

— Olha só o que os ventos trouxeram — falou um dos homens. — O Príncipe de Ennord.

— Olá, Paul — Daehan o cumprimentou. — Como vai?

— Eu estaria melhor se sua irmã não tivesse me demitido e me feito perder todas as minhas economias.

— Você perdeu suas economias porque é um bêbado viciado em apostas.

O homem gargalhou.

— E você, não é? — perguntou sarcástico. — Você sai por aí, bebendo e arrumando encrencas com as pessoas e depois chama sua irmã para salvá-lo.

— Você perdeu seu emprego porque estava roubando o Castelo — Daehan falou alto. — E não porque eu o venci.

— A falsa coragem dada pelo álcool. — Paul sorriu. — O que veio fazer aqui? Por acaso está procurando algumas vadias para foder? Ah! Eu quase me esqueci, você não fode mulheres. Prefere homens, não é?

Todos os outros homens riram das palavras que Paul havia dito. Thomas estava nervoso, mas Daehan permanecia sorrindo.

— Isso é um convite? — Virou para encarar Paul que agora o olhava irritado. — Relaxa, Paul. Você não faz o meu tipo.

Nesse momento Thomas teve que se segurar para não rir.

— E nem você o meu — Paul falou e abriu um sorriso. — Sabe quem faz o meu tipo? As negras, de cabelos cacheados, olhos escuros, sentadas em um trono.

— Cala a boca — Daehan falou sério. Ele ainda estava sentado em sua cadeira, virado para Thomas. Olhava fixo para seus punhos fechados em cima da mesa.
Paul gargalhou.

— Me diga uma coisa, Daehan — ele falou, pensativo. — Você acha que a vadia da sua irmã iria gostar se eu fizesse uma visita aos seus aposentos?

Thomas não soube dizer direito o que aconteceu, nem soube explicar o que deu nele, naquele momento. Ele apenas não conseguiu controlar seus impulsos ao ouvir aquelas palavras. Em um momento estava encarando o irritado Daehan e em outro, estava acertando Paul com um forte soco. Tão forte que julgava ter quebrado todos os dedos de sua mão, por causa da dor que agora sentia.

Daehan, que também havia se levantado para atacar Paul por dizer tais palavras sobre Rose, parou ao ver Thomas fazer primeiro e ficou observando espantado.

— Não ouviu? Cala a merda da boca — Thomas falou irritado. Não sabia de onde toda aquela irritação vinha, nem sabia direito o porquê de ter acertado Paul. Ele olhou para Daehan, que ainda o observava espantado, e voltou a encarar o homem que acabara de golpear.

— A bichinha arrumou um namorado? — Mesmo com o nariz sangrando, Paul ainda sorria. — Sua irmã não irá salvá-lo dessa vez.

Aquelas palavras fizeram Thomas recuar uns passos e analisar toda a cena, se questionando por que diabos ele tinha feito aquilo. Ele começou a perceber que talvez tivesse sido muito impulsivo em atingir Paul com um soco, e cogitou a hipótese de pedir desculpas por isso. Ele não era assim, não saía por aí agredindo pessoas. Principalmente quando essa pessoa está acompanhando de outros preparados e irritados o suficiente para acabar com a sua vida.

Nesse momento, um outro grupo de homens entraram e cercaram Daehan. Eles estavam armados com pedaços de madeira e esperavam apenas o sinal de Paul para atacar.

— Não se preocupem, eu não vou matar o Príncipe de Ennord, não sou idiota — Paul falou sério. — Mas vou deixá-lo bem machucado.

A luta começou e logo Thomas foi acertado com um soco vindo do Paul, que o fez cair sobre uma das mesas. Sendo ajudado por Wolf a se levantar, os dois se afastaram daquela confusão de golpes. Mesmo Daehan sendo um ótimo lutador, ele estava desarmado e lutando contra um grupo de oito pessoas. Tanto Wolf quanto Thomas — que agora havia recuperado um pouco da consciência e do equilíbrio após o forte soco que levou — observavam assustados.

Thomas não sabia o que fazer. Ele não era bom em luta corporal, mas não podia deixar Daehan lutando sozinho contra todos aqueles homens. Então, entrou na briga.

Vários minutos haviam se passado. Thomas estava com o nariz sangrando e dores por todo o corpo. Ele havia acertado alguns golpes, mas não foram suficientes para derrotar os inimigos. Estava caído no chão com um dos homens pisando pesadamente sobre seu peito.

A Rainha de Ennord Onde histórias criam vida. Descubra agora