Havia começado a nevar quando Rose, Thomas e seus guardas chegaram a Ellorn. O céu estava nublado e o vento frio. Rose observou surpresa o quanto Ellorn havia mudado em apenas alguns meses. A antiga comunidade pesqueira, com nada mais que algumas dezenas de casas, dava agora lugar para uma cidade tão grande quanto as que Rose passara na viagem.
Rose olhava, de cima de seu cavalo, para as pessoas na rua. Algumas olhavam aquele grupo de pessoas com o cenho franzido, outras se espantavam e cochichavam entre si. Seguiram caminho até o Porto, onde havia dezenas de grandes navios atracados ao logo de toda costa.
Rose desceu de seu cavalo e seguiu até um homem alto que gritava ordens para os homens que enchiam os navios com algum carregamento.
— Capitão Bor? — Rose chamou, fazendo o homem se virar e arregalar os olhos como se estivesse vendo um fantasma.
— Vossa Majestade! — Apressou em fazer uma reverência. — O que faz aqui? Não sabia que viria.
— Vim ver como estava a cidade e os meus navios.
— Se Vossa Majestade tivesse me informado antes, eu teria organizado melhor tudo para você — o capitão falou um pouco nervoso.
— Mas aí a minha visita teria sido o motivo para que você organizasse melhor — Rose falou, fazendo o grande homem à sua frente baixar a cabeça envergonhado. Chegava a ser engraçado o fato de que Rose conseguia intimidar qualquer um, mesmo que essa pessoa fosse quase o dobro de seu tamanho.
— Me perdoe, Vossa Majestade.
— Não precisa se desculpar, Bor. Não estou o repreendendo. — Rose virou-se para observar os grandes navios. — Quais deles são os meus?
Bor indicou dez navios que estavam atracados no Porto, um deles era o que estava sendo carregado com alguns mantimentos, armas e outras coisas que Rose não se preocupou em prestar atenção.
— Esse navio partirá hoje — Bor falou, apontando para o navio à sua frente.
— Ótimo. — Rose o olhou e ele sorriu satisfeito. — Mande navios para os outros reinos também. Vamos aumentar a nossa lista de compradores e comerciantes, quero que Ellorn se torne a maior cidade portuária dos Quatro Reinos.
Bor apenas confirmou com um sorriso no rosto e voltou a dar ordens para os integrantes da tripulação do navio que partiria naquele mesmo dia.
Thomas olhava hipnotizado para os navios, como uma criança olha para o brinquedo dos seus sonhos.— Já andou em um desses? — Rose perguntou, tirando Thomas de seu transe.
— Nunca.
— Gostaria? — perguntou sugestiva.
— Não sei — ele falou baixo, parecia nervoso.
Um leve sorriso de canto surgiu no rosto de Rose.
— Não vá me dizer que está com medo.
Thomas a encarou com os olhos arregalados. Rose se esforçou para não rir.
— O quê? Não, não, não é nada disso. — Ele se atrapalhava com as palavras. — Você já andou em uma dessas coisas?
— Claro que já. — Deu de ombros. — Eles são meus.
Thomas a encarou confuso, tentando entender como que Rose havia experimentado um passeio de navio antes, sendo que na Capital não há portos para que os navios atracassem. Então, lembrou-se de uma vez, alguns poucos meses atrás, que Rose saiu em viagem junto de Robert. Ela não disse ao Thomas para aonde iria, ela nunca dizia e também não precisava já que ele não era um membro oficial do Conselho.
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A Rainha de Ennord
RomanceRose, coroada aos quinze anos após a morte de seu pai, tornou-se a primeira e mais jovem rainha a governar sozinha o reino de Ennord. E, contrariando a todos, conseguiu transformar Ennord no maior e mais poderoso dos Quatro Reinos. Dez anos depois...