Àquela noite, Rose não consegui dormir. Assim como nas várias noites que se seguiram. Havia muitas perguntas que Rose buscava respostas e o fato de não obtê-las a deixava extremamente inquieta.
As patrulhas na Capital aumentaram, mas não houve nenhum acontecimento estranho ou suspeito. O que deixava Rose muito preocupada. Era óbvio que algo estava acontecendo, eles entraram em seus aposentos, escreveram uma carta em seu nome e deram ordens aos seus soldados. Ninguém faria isso caso não estivesse tramando alguma coisa.
Rose não sabia o que fazer. Geralmente, quando alguém ameaçava a Capital, ela mandava alguns de seus milhares de soldados e resolvia o problema facilmente. Muitas vezes, ela mesma liderava seus soldados. Porém, não havia nada que pudesse ser feito naquela situação. Ela não sabia quem havia entrado em seu quarto há tanto tempo, ou como havia feito isso. Nem ao menos sabia quem era o mensageiro para poder capturá-lo e forçá-lo a contar tudo.
Mas não. Ela não tinha nada. Então, fez o que podia fazer no momento. Aumentou a segurança do reino. Seja lá quem tivesse entrado no reino, não conseguiria mais sair.
Com a informação dada por Thomas, de que a carta havia sido selada há vários meses, a busca se tornou mais difícil. Não conseguiriam lembrar de alguém estranho no Castelo há tanto tempo assim. Principalmente pelo o fato de que há sempre muitas pessoas vagando pelo Castelo. Centenas de pessoas trabalhavam lá.
Adam também fora interrogado, e garantiu que não existia uma segunda cópia da chave que abria o baú onde ficava o selo real. Mais uma pergunta sem resposta.
Rose se reunia com os membros do Conselho mais vezes do que o normal. Sempre pedia por atualizações, mas sempre recebia a mesma resposta: tudo estava normal. Nenhum ataque. Nenhum assassinato que levantasse suspeita. Nenhuma pessoa estranha vista.
Nada.— Isso não é possível! — Rose exclamou. Estava no meio de uma de suas reuniões com o Conselho. — Por que fariam tudo isso para nada?
— Concordo, Vossa Majestade, mas as atualizações do reino não mostram nada diferente do habitual — George falou. — Eu e meus homens estamos patrulhando constantemente toda a Capital, mas não encontramos nada. Nem mesmo os casos de pessoas estranhas vistas nas redondezas.
— Eu aposto qualquer coisa que vocês quiserem que isso é obra do Joseph — Rose falou séria.
— O rei de Oris? — Robert questionou. — Por que você acha isso?
— Ele me pediu para tirar os soldados da fronteira porque segundo ele “As pessoas tinham medo” — Rose lembrou. Aquilo fazia muito sentido para ela. Joseph queria os soldados longe da fronteira e ele estava em Ennord um ano atrás.
— Sim, Rose, é realmente algo a se pensar — George falou. — Porém, não podemos fazer nada a respeito. Não sem provas.
— Claro — Rose falou.
George estava certo. Ela não poderia fazer nada. Mesmo tendo todas as suas dúvidas e acusações contra Joseph, não havia nenhuma prova concreta de que ele estivesse realmente envolvido com tudo aquilo. Fazer uma acusação desse nível poderia provocar uma guerra e Rose não queria começar uma guerra por algo que não tivesse total certeza.
Os dias se tornaram semanas e tudo que Rose tentava para obter respostas não gerava resultados. Ninguém vira alguém estranho entrar em seus aposentos. Nem seus guardas ou empregados. Todos disseram a mesma coisa: nenhum estranho entrou nos aposentos da Rainha. Rose fez questão de os interrogar pessoalmente e acreditava que estavam falando a verdade.
Todas aquelas pessoas trabalhavam para ela há anos e ela, apesar de não confiar totalmente, não deixaria que cuidassem de sua segurança, alimentação e de vários outros serviços pessoais se não fossem pessoas confiáveis.
Rose constantemente mandava homens patrulharem diversas cidades do reino, especialmente a Capital. Soldados também iam para as fronteiras e cidades próximas para buscar respostas, mas ninguém parecia saber de algo. Em nenhuma das outras fronteiras chegara alguma mensagem ou ordem da “Rainha”, como fora com a fronteira Norte.
Com o passar das semanas, vários dos membros do Conselho pareciam mais relaxados e diziam para Rose parar de se preocupar. Contudo, ela não conseguia. Não teria continuado Rainha por mais de dez anos se não se preocupasse. Passava noites em claro, pensando. Lendo centenas de vezes aquela carta, buscando algo que não tivesse notado antes. Porém, nem mesmo a caligrafia lhe parecia familiar.
Quando não estava se reunindo com o Conselho, estava cobrando atualizações de seus generais e nobres do reino. Passava a maior parte do dia em seus aposentos e dispensava todo mundo que tentava falar com ela.
— A Rose está ficando maluca — disse Daehan para Thomas. Eles estavam retornando de mais uma tentativa frustrada de conversar com ela. — Já procuramos por todo o reino, não encontramos nada.
— Toda essa situação é muito esquisita, você não acha? — Thomas perguntou.
— Sim, acho. Ninguém se arriscaria ser pego nos aposentos da Rose se não fosse por algum motivo — comentou o Príncipe. — Eu entendo a preocupação de Rose, mas ficar obcecada por isso não vai ajudar em nada. Já temos homens vasculhando todo o reino, se existir alguma coisa eles irão encontrar.
Suspirou. Daehan parecia extremamente cansado esses últimos dias. O que já era de se esperar, as últimas semanas foram exaustivas para todos. Rose os mandava de um lugar para outro em busca de respostas.
— Você está bem? — Thomas questionou um pouco preocupado.
— Sim. — Sorriu levemente. — Só estou cansado. Espero que a minha irmã pare e descanse um pouco, não temos nada a temer.
Seguiram conversando até o momento em que Daehan se despediu e entrou em seus aposentos. Thomas continuou caminhando, pensativo. Ele sabia que Rose não estava descansando, ela não havia feito nada além de focar em toda a investigação que vinha acontecendo nas últimas semanas. E Thomas também sabia que o fato de não encontrar nada deixava Rose ainda mais preocupada.
Então, uma ideia surgiu em sua mente. E esperava que Rose aceitasse.

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A Rainha de Ennord
RomanceRose, coroada aos quinze anos após a morte de seu pai, tornou-se a primeira e mais jovem rainha a governar sozinha o reino de Ennord. E, contrariando a todos, conseguiu transformar Ennord no maior e mais poderoso dos Quatro Reinos. Dez anos depois...