Capítulo 2

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Assim que entrei, vi minha mãe, sentada ao lado da cama, com seu laptop no colo e os óculos de armação grossa quase na ponta do nariz. Do outro lado da cama havia um médico, que usava um estetoscópio para auscultar os pulmões de Megan. Ela foi a primeira a me ver.

— Irmãozão! — falou alto, fazendo com que o médico interrompesse o exame para olhar em minha direção, assim como minha mãe.

— Ei, Megs. Como está se sentindo?

— Melhor.

— Que bom, porque eu te trouxe algo para comer. Você vai amar!

— O que é? — Megan aspirou, na tentativa de reconhecer o cheiro.

— Sua comida favorita — dei a dica.

— Batatas fritas! — constatou alegremente.

— É isso aí!

Estendi a sacola da lanchonete na direção de Megan, e fui imediatamente censurado pelo médico:

— Espere um pouco aí, rapaz! Ainda estamos sendo cautelosos com alimentos sólidos. Por enquanto apenas líquidos e pastosos estão liberados, até ter certeza de que a deglutição dela esteja boa o bastante.

— Tem milkshake também, caso isso já esteja liberado — rapidamente acrescentei.

— Sim, líquidos são sempre bem vindos — o médico confirmou. — Mas antes precisamos terminar nossa avaliação aqui.

Enquanto ele continuava a examiná-la, aproximei-me de minha mãe, que colocou o computador de lado e sorriu para mim.

— O que está fazendo? — perguntei.

— Conversando com um potencial comprador.

— Ah, mãe! Você ainda não desistiu dessa ideia de vender nossa casa?

— Filho, já conversamos sobre isso.

— Mas mãe, você sabe muito bem que eu não quero perder todo o vínculo com nossa cidade.

— E não vai perder! Seus avós ainda vivem lá, não se lembra?

— E quem garante que iremos visitá-los? Mesmo quando estávamos lá, nós já quase nunca íamos.

— Não fale assim...

Antes que minha mãe terminasse sua frase, o médico interrompeu nossa pequena discussão, conversando com Megan.

— Você está progredindo bem, garotinha, estou gostando de ver! Se continuar assim, vai poder comer batatas fritas muito em breve.

— Eu não vejo a hora! — Megan sorriu.

— Muito bem então. Eu volto para te ver amanhã. Não se esqueça de tentar beber bastante água para se manter hidratada — orientou.

— Pode deixar, doutor Swensen!

Megan estendeu a mãozinha e o médico bateu, cumprimentando-a antes de sair.

— Finalmente boas notícias — falei aliviado. — Me desculpe por trazer batatas. Se eu soubesse que não podia comer, não teria trazido.

— Tudo bem. Foi bom só de sentir o cheiro! Mamãe pode ficar com elas já que não comeu nada até agora.

— Mãe, você não está se alimentando direito! — repreendi.

— Eu tenho estado ocupada — mamãe suspirou.

— Você também precisa se cuidar!

Eu estendi a sacola cheia de comida para ela, mas antes que pegasse, seu celular tocou. Ela o tirou da bolsa e levou rapidamente ao ouvido.

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora