Capítulo 67

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Capítulo 67

Me senti esquisito comprando um teste de gravidez, sozinho, em uma farmácia. Mas a atendente foi extremamente gentil comigo:

— Diga a sua namorada que é mais eficaz usando a primeira urina do dia. Se não for possível, qualquer uma serve. Mas as chances de um falso positivo são menores se usada a primeira urina do dia.

— Entendi. Obrigado.

Peguei dois, só para garantir.

— Boa sorte — a moça disse enquanto eu saía.

Me encontrei com Jen novamente em seu quarto, e ela trancou a porta porque seus pais estavam em casa naquele dia.

— Obrigada, Sam — ela me abraçou apertado.

— Jen, por que mentiu para mim?

— Me desculpa. Eu não sabia como te contar. Estava me sentindo suja. Eu me arrependi na mesma hora que fiz aquilo. Não queria que você brigasse comigo.

— Não vou brigar com você. Eu sou seu amigo. Quero que você confie em mim, entendeu? Não vou te julgar. E também não vou falar nada disso com seus pais ou suas irmãs. Acho que deve partir de você, saber o momento em que deve compartilhar isso com os outros. Mas comigo você pode falar.

Me lembrei dos conselhos de Becca e decidi estar com Jen naquele momento, como um amigo, não como um adulto que daria um sermão, mas como alguém com quem ela pudesse conversar, e que tentaria dar bons conselhos a ela. Jen me abraçou de novo.

Entreguei os testes em sua mão e ela correu para seu banheiro.

— A farmacêutica disse que funciona melhor com o primeiro xixi do dia — falei. — Por isso eu trouxe dois. Você testa de novo amanhã de manhã.

— Obrigada.

Ela fechou a porta do banheiro e eu me sentei em sua cama para esperar. Depois de quase dez minutos, ela saiu com o teste em mãos.

— Uma linha é negativo, certo?

— Certo — confirmei.

— Então quer dizer que não estou grávida — ela levou a mão ao peito e respirou, aliviada.

— Você testa de novo amanhã de manhã — relembrei. — É mais eficaz com a primeira...

— A primeira urina do dia — ela falou antes que eu pudesse terminar. Agora já parecendo visivelmente mais tranquila. — Eu sei. Vou fazer.

— Tudo bem então.

— Minha menstruação está atrasada em quase duas semanas e ela nunca se atrasa. Eu estava surtando!

Jen sentou-se ao meu lado em sua cama e recostou a cabeça em meu ombro, em silêncio. Nós dois ficamos assim por alguns minutos. Nenhum de nós parecia saber ao certo o que dizer naquele momento. Até que Jen me contou sua história:

— Sabe, eu achei mesmo que estava pronta. Nós estávamos juntos há um bom tempo. Eu pensava que amava ele e que ele me amava também. Então a oportunidade surgiu: os pais dele estavam fora da cidade. E meus pais me deixaram ir à festa de aniversário da minha amiga. Eu disse que dormiria na casa dela depois da festa. Mas nós nem chegamos a ir à festa. Zack me levou direto para sua casa e começou a me beijar ainda dentro do carro. O clima estava bom até aí, sabe? Nós entramos na casa, fomos para o quarto dele e ele não parava de me agarrar. Começou a tirar minha roupa e eu comecei a me sentir insegura. Eu disse para ele: "É melhor irmos devagar", mas ele só dizia "relaxa, relaxa". E continuava me beijando, me tocando. Eu não estava mais no clima. Comecei a me sentir mal e disse a ele que queria parar, que não sabia se estava pronta. Mas ele insistiu. E eu me deixei levar. Não foi gostoso. Eu não sentia prazer, só senti nojo. E dor. Foi péssimo! Não sei como as pessoas gostam de sexo.

— Sexo é ótimo, Jen. Quando é feito com alguém que te ama e te respeita — eu ergui seu queixo e olhei bem nos olhos dela. — Pode ser que você tenha detestado, mas não porque é ruim, ou errado. Você só estava com o cara errado, num momento errado. Mas, quando é feito da maneira certa, sexo é uma das melhores coisas da vida. É por isso que vale a pena esperar.

— Eu devia ter ouvido meus pais. Eu sou tão burra — Jen começou a chorar, e escondeu seu rosto em meu ombro.

— Ei, isso não é verdade — eu me virei e abracei-a. Ela continuou tentando esconder o rosto, agora em meu peito. — Isso não define quem você é. Jen, você não é burra, nem é uma pessoa ruim. Você é uma garota incrível, que cometeu um pequeno erro ao desobedecer seus pais. Isso não faz de você burra. Só quer dizer que fez algo do qual se arrependeu depois. Ou seja, exatamente como todo mundo no universo. Literalmente.

Ela deu uma breve risadinha e ergueu seus olhos chorosos para me encarar.

— Obrigada por estar aqui, Sam. E por ser tão compreensivo. E por ter ido lá me buscar. Por tudo. Obrigada por tudo.

— Eu sou seu amigo, Jen. Eu estou aqui para isso.

Ela sorriu, enxugando as lágrimas e disse:

— Eu te amo!

Era a primeira vez que Jen me dizia algo assim.

— Eu também te amo, Jen!

Nós nós abraçamos mais uma vez. Depois ela cochichou, como se mais alguém pudesse nos ouvir:

— Você é meu cunhado favorito. Não conta pro Marcus.

— E você é minha cunhada favorita — cochichei de volta. — Mas não conta pra Juliet.

Ambos rimos. Então Jen suspirou e disse:

— Queria tanto que minhas irmãs estivessem aqui.

— Eu também, Jen... Eu também.

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora