Capítulo 54

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Capítulo 54

Pela manhã, houve um momento de despedidas. Jessie e seus amigos estavam partindo para Daytona Beach, para iniciarem sua jornada de volta para Nova York, porque precisavam chegar a tempo do retorno das aulas, que seria somente na segunda-feira. Minha mãe e Meggie, juntamente com Pickford e Alana estavam todos indo para Orlando, visitar os parques da Disney, em comemoração ao aniversário de Meggie. Eu preferi ficar. Porque ir a um passeio de família, acompanhado de Pickford, não me parecia muito atrativo.

Me surpreendi com o fato de Rebecca também não ter ido. Ficamos os dois sozinhos na enorme mansão uma vez que todos haviam partido. Eu a vi sentada num sofá na sala de estar e me sentei em outro.

— Até que sua Jessie é legal — Rebecca disse. — Meio criança, mas é divertida.

— Ela é um amor! — suspirei.

— E aquele amigo dela é um deus grego!

— Italiano — retifiquei. — Por que será que ninguém leva em consideração a mitologia romana?

— Cara, como você é chato! — ela riu em deboche. — Olha, como quiser, mas esse "deus romano" está muito a fim da sua Jessie.

— Sério? Você acha? O que ele te disse?

Levantei-me do sofá onde eu estava e me sentei ao lado dela, curioso.

— Nada específico. Mas ele fala bastante sobre ela. Dá para saber que ele gosta dela.

— Você tem certeza?

— As garotas sempre sabem.

— Acha que Jessie sabe?

Rebecca me lançou um olhar impiedoso.

— As. Garotas. Sempre. Sabem — repetiu pausadamente.

— Mas ele pareceu bem interessado em você. Vocês ficaram conversando o tempo todo.

— Isso foi só porque ele estava fugindo desesperadamente dos assédios daquela japonesa.

— Zhiyi? Ela é chinesa — corrigi.

— Tanto faz. Só sei que ela está caidinha pelo italiano que, por outro lado, é louco por sua Jessie.

Não gostei do rumo que aquela conversa estava tomando, então, após uma breve pausa, resolvi mudar bruscamente de assunto:

— Por que você não foi?

— Não fui onde?

— À Disney.

— Não posso. Tenho uma entrevista de emprego amanhã.

Desde que Rebecca havia largado seu emprego no restaurante do chef Will, ela vinha tendo problemas para arranjar um novo trabalho. Aquela já era a terceira entrevista da qual eu conseguia me lembrar em pouco tempo.

— Vai dar certo dessa vez — encorajei.

— Obrigada. Mas e você, por que não foi?

— Sinceramente? Não gosto da ideia de passar dois dias no parque com o Pickford.

— Não fale assim do meu pai! Ele é uma boa pessoa. Você só não gosta dele porque se sente ameaçado — provocou.

— Ameaçado?

— É. Esse é o seu jeito. Gosta de ser o macho alfa, o homem da casa — ela estufou o peito enquanto falava —, o superprotetor. Tudo bem, eu não julgo você. Gosta de se sentir necessário. E quem não gosta? É por isso que odeia tanto meu pai. Porque, com ele, sua mãe e sua irmã já não são mais tão dependentes de você.

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora