Capítulo 9
Meu coração disparou ao notar que havia uma pessoa entrando.
— Minha nossa! Me desculpe, eu não queria interromper — falou uma voz trêmula.
Era Jenna. Ela estava visivelmente desconcertada, sem saber como agir. Saiu rapidamente de dentro do quarto e já estava fechando a porta quando Jessie a chamou:
— Ah, Jen, relaxa! Você não interrompeu nada. Pode entrar.
Em seguida saltou para fora da cama, saindo de cima de mim. No momento em que Jen abriu novamente a porta, Jessie estava vestindo sua camiseta.
— Não é o que você está pensando — tentei explicar.
— N...não estou pensando em nada — Jen gaguejou.
— O que você quer? — perguntou Jessie, se equilibrando em uma única perna enquanto tentava passar a outra para dentro dos shorts.
— Nada... Só queria mostrar minha maquiagem. Quero saber o que você acha — Jen ainda parecia envergonhada.
— Então chegue mais perto — Jessie convidou, agora já menos despida do que antes.
Jen se aproximou timidamente e só então notei que ela estava usando maquiagem pesada.
— Não acha um pouco exagerada toda essa produção? — Jessie falou.
— É maquiagem de palco. Dã! Tem que ser forte.
— Se é o que você acha... — Jessie deu de ombros.
— Sam, o que você acha? — Jen perguntou.
Eu ainda estava deitado na cama, atônito com a constrangedora situação em que havíamos sido pegos.
— A-acho que você está uma gracinha! — elogiei, inseguro.
— Obrigada!
Jen saiu do quarto sem mais conversa. Jessie pareceu desapontada com minha resposta.
— Você fica incentivando? Ela está em uma fase terrível com toda essa coisa de maquiagem e sutiãs.
Eu ri.
— Se chama adolescência. Você também passou por isso. E não faz muito tempo.
— É, mas eu não fiquei assim tão chata! Às vezes tenho saudades de quando Jen era menor.
— Ela está crescendo, Jessie. Isso é uma coisa boa.
— Ela só tem 14 anos!
Jenna era uma menina alta demais para sua idade. Além de ter uma personalidade mais madura, o que a fazia parecer ainda mais velha. Por vezes eu me esquecia do quanto ela era jovem, mas naquele momento me ocorreu.
— É verdade. Ela realmente parece ser bem mais velha do que Meggie. Dá para acreditar que as duas têm só três anos de diferença?
— Uau! Logo vai ser Meggie quem vai estar na fase de maquiagens e sutiãs — Jessie acrescentou.
— Não gosto nem de imaginar — rebati, balançando a cabeça.
— Se você já está assim cheio de ciúmes da sua mãe, imagina da irmãzinha — provocou.
— Acho que vou ter que amarrar ela no porão — brinquei.
— Por favor, me ajude a fazer isso com Jen — ela pediu. Depois caiu na risada.
— Agora sim! Esse é o sorriso que eu queria ver.
— Obrigada por me fazer rir.
Levantei-me da cama, caminhei até ela e a abracei forte.
— Gosto de te ver feliz.
— Pena que só faltam mais alguns dias até eu ter que ir embora — falou, parecendo triste outra vez.
— Então vamos fazer com que esses dias sejam os melhores! Vem, vamos sair daqui.
Peguei Jessie pela mão e a levei para sair. Fomos no seu carro até a Cold Stone, a sorveteria favorita de Jessie. Depois de tomarmos sorvete, fizemos um romântico passeio de gôndola pelo canal e, mais tarde, caminhamos na praia sob um lindíssimo pôr do sol! Jessie andou descalça pela areia fria enquanto eu carregava seus chinelos em uma mão e segurava a mão dela com a outra.Para terminar o dia, jantamos num restaurante a beira-mar, onde Jessie pôde pedir seu prato predileto: Fettuccine com camarão ao molho branco. Eu a vi se deliciar com o macarrão e depois me agradecer dezenas de vezes enquanto estávamos a caminho de sua casa. Mesmo depois de termos chegado, ela ainda tinha um sorriso no rosto.
— Eu tive um dia incrível hoje! Obrigada, Sammy. — Jessie suspirou.
— Espere para ver amanhã — instiguei.
— Já estou ansiosa!
— Eu passo aqui a noite, depois das aulas. Vou te levar para sair, mas não posso te dizer para onde vamos. É surpresa. Só te adianto que você vai querer estar com os cabelos presos. E calce um par de tênis confortável.
Apesar de todo meu entusiasmo, Jessie não pareceu satisfeita com a proposta.
— Você tem mesmo que voltar para o campus amanhã? Não pode continuar dormindo aqui em casa, pelo menos até eu ir embora?
— Não dá, eu preciso mesmo ficar lá — lamentei. — Mas ainda vou dormir aqui, só mais essa noite.
— Tudo bem então — ela baixou a cabeça.
— Talvez eu possa vir aqui todas as noites, para te ver. E posso até ficar para dormir no fim de semana. Quero que seja inesquecível esse pouco tempo que ainda temos até você ir para Nova York.
— Combinado então — ela sorriu novamente.
— Boa noite, Jessie — eu a beijei.
— Boa noite, Sammy. — Ela subiu as escadas e foi para o seu quarto.
Depois de passar o dia inteiro caminhando sem nenhum analgésico ao meu alcance, eu já estava exausto e sentia uma dor debilitante! Chegando ao meu quarto, a primeira coisa que fiz foi procurar pelo remédio.Um comprimido só não vai resolver — pensei comigo —, nem tampouco dois. Peguei logo três, na iminência de fazer aquela dor cessar. Insatisfeito, mastiguei os comprimidos antes de engolir, crendo que assim o efeito seria mais rápido.
Sem dúvida uma péssima ideia!
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SOB O MESMO CÉU
RomanceLivro 2. A sequência da história de Sob a Luz do Sol. Este é o segundo livro da trilogia.