Capítulo 81

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Capítulo 81

Mas é claro que eu não poderia deixá-la ir embora assim. Aquilo jamais poderia ser a forma como diríamos adeus. Eu tinha de fazer alguma coisa a respeito. E fiz.

Liguei para Pickford naquela mesma noite e contei a ele o que estava planejando. Na manhã seguinte, saí antes de Rebecca se levantar. Peguei o avião e voei até Miami, onde busquei Pickford. No caminho de volta para Daytona, nós conversamos um pouco:

- Sabe, Zane, conversando com Becca ontem, quando eu disse que a amava, ela chorou. E disse que não se lembrava qual era a última vez que alguém tinha dito isso a ela. Talvez fosse uma boa oportunidade para você dizer.

- Mas ela já sabe disso - argumentou.

- Claro que sabe. Mas eu descobri que as pessoas precisam ouvir isso, mesmo quando já têm plena consciência. Tenho certeza de que Becca adoraria ouvir da sua boca o quanto você a ama. Seria muito importante para ela.

Ele me lançou um olhar estranho. Eu não sabia se estava concordando ou discordando, então parei de falar. E foi assim, em silêncio, que voamos a maior parte do trajeto.

Não pousamos em Spruce Creek como de costume. Fomos direto para o aeroporto internacional de Daytona Beach, de onde eu sabia que o voo de Becca sairia mais tarde naquela noite. Chegamos lá cedo, ela ainda levou algum tempo para aparecer com suas enormes malas na fila do despacho de bagagens. Quando a vimos, Pickford e eu "nos escondemos", sentados num lugar por onde ela teria que passar antes de entrar na sala de embarque.

Depois de ter feito seu check-in e despachado sua quantidade ridiculamente grande de bagagem, ela cruzou nosso caminho e já ia passando por nós, desapercebida, quando a chamei:

- Ei, Becca!

Ela olhou para trás e nos viu ali. Eu acenei para ela, meio sem graça, sem saber que reação esperar. Foi quando ela abriu um enorme sorriso e, com os olhos cheios de lágrimas, largou sua bolsa e a mala de mão, correu até mim e me abraçou.

- Você veio! Você veio! - ela repetia.

- Me desculpe. Eu sei que você disse que preferiria fazer isso sozinha. Mas não podia deixar você ir embora sem uma despedida decente. - Ela ria e chorava ao mesmo tempo enquanto eu falava. - E eu trouxe mais gente que também queria te dizer tchau.

Nós nos soltamos do abraço e eu apontei com o polegar para Pickford, que estava parado bem atrás de mim. Ele abriu os braços e sorriu para Becca, e ela saltou nos braços de seu pai, como se fosse uma criancinha. Os dois permaneceram abraçados por um bom tempo, sussurrando coisas no ouvido um do outro.

Quando finalmente se soltaram, ela se voltou para mim, ainda com lágrimas nos olhos, e eu falei:

- Ainda tem mais.

Peguei meu celular e mostrei para Becca um vídeo de minha mãe e Meggie se despedindo dela, dizendo que estavam orgulhosas, que sentiriam muito a sua falta e, é claro, que a amavam muito, mas muito mesmo! Ela chorou de novo. E me abraçou de novo. E, finalmente, falou:

- Obrigada, Sam. Obrigada por tudo. Obrigada por ter vindo, por ter tido todo esse trabalho. Eu sei que disse que preferiria estar sozinha, mas eu me enganei. Prefiro mil vezes que vocês estejam aqui. Obrigada mesmo. Eu te amo!

- Você o quê? - provoquei. - Eu não ouvi direito.

- Não seja ridículo. Eu disse que te amo.

- Ainda não consegui ouvir a última parte.

- Não força a barra. - Ela riu e me deu um tapa no ombro.

- Eu também te amo, Rebecca. Mas você não vai chorar todas as vezes que eu te disser isso, vai?

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora