Capítulo 78
Samantha era como um furacão! Uma força da natureza. Era incrível o efeito que ela era capaz de causar, só com sua mera presença. Depois de nosso breve encontro, me vi desnorteado, como se estivesse tonto. Quase me esqueci do motivo pelo qual tinha ido para lá, que era para me encontrar com Jessie.
Conferi as horas em meu celular: oito da noite. Ótimo. Ainda em tempo de vê-la. Liguei para ela, pronto para fazer-lhe uma surpresa. Demorou um pouco para que ela atendesse.
— Ei, Sammy. — Havia muito ruído ao fundo, vozes, gargalhadas, música...
Era sexta a noite, claro que ela tinha planos. Como não pensei nisso?
— Ei, Jessie. Está ocupada?
— Estou no SoHo com meus amigos. E você, o que está fazendo?
— Eu queria te ver.
— Ah, que fofo! Eu queria ver você também. Chamada de vídeo mais tarde hoje?
— Na verdade, eu tinha outros planos em mente.
— É mesmo? — falou com um ar de suspeita. — Me conte sobre isso.
— Eu estou em Jersey. Aeroporto de Newark. Pensei em dar uma passadinha em Manhattan, de repente te encontrar...
— Gostei mais dos seus planos. — Ela riu. — Não é difícil chegar aqui.
Jessie me enviou sua localização, e prints do Google Maps com as direções exatas para chegar lá. Não demorou muito e eu já estava com ela. E com seus amigos.
Era interessante vê-la naquele ambiente, tão solta, risonha, confortável. Dava para ver que ela estava feliz entre seus amigos. E eu não mais me sentia intruso ali. Ela fazia um esforço válido para me incluir nas conversas, por mais que eu ficasse por fora da maioria das referências sobre a universidade, ou sobre a cidade de Nova York. Mesmo assim, eu participava. E me senti feliz por estar lá.
Já era bem tarde quando me despedi dos amigos de Jessie para ir para o hotel. Ela se afastou um pouco deles, me puxando pela mão, antes de se despedir de mim.
— Foi bom te ver hoje! Você devia fazer isso mais vezes. Mas posso saber o que te trouxe por essas bandas, assim sem aviso, capitão? — ela brincou, fazendo alusão ao uniforme de comandante que eu usava.
— Na verdade estou mesmo trabalhando.
— Legal! Finalmente você teve uma parada em Nova York.
— Zane tem uma convenção amanhã o dia todo. Só vamos embora no domingo. Será que podemos nos ver de novo amanhã?
— Claro! A galera toda vai fazer um piquenique no Central Park à tarde. Vai ser muito legal.
— Combinado. Devo levar alguma coisa?
— Humm... Só essa sua carinha bonita mesmo — ela disse, apertando meu nariz. Depois me deu um beijo rápido.
— Te vejo amanhã então.
Naquela noite, deitado na cama do hotel, pensei no quanto seria legal poder fazer isso sempre.
No sábado à tarde me juntei à Jessie e seus amigos para um agradável piquenique no parque. O clima ameno do início da primavera era muito propenso para isso. O dia estava lindo, o sol estava brilhante, mas não muito quente. Havia uma brisa gostosa. E o parque estava cheio dos mais variados tipos de pessoas. A atmosfera de Nova York era realmente diferente de tudo o que eu estava acostumado.
Eu estava deitado sobre uma toalha de mesa, enquanto Jessie mexia no meu cabelo, serena, distraída, rindo de alguma coisa que Andrea tinha dito. Me lembro de estar quase pegando no sono ali mesmo, a ponto de cochilar, olhando ela rir despreocupada, e me lembro de ter pensado: eu podia me acostumar com isso.
Foi um dia delicioso! À noite, Jessie foi comigo para o quarto de hotel, e nós começamos a nos beijar ainda no elevador. Entramos no quarto ainda abraçados, eu a ergui do chão para colocá-la sobre a cama, e ela sorriu para mim ao se deitar. Eu tirei minha camisa e me deitei com ela, voltando a beijá-la. Minhas mãos já estavam debaixo de sua camiseta, quando ela repentinamente parou.
— Você não está pensando que vamos transar só porque eu vim para o seu quarto de hotel, está?
— Claro que não. Por quê eu pensaria isso? — falei em tom de brincadeira. A risada dela foi mais curta do que eu esperava.
— Você não ia querer fazer isso hoje. Sabe, eu estou naqueles dias...
— Sério? — Pensei só por um segundo. — Bom, dizem que na primeira vez já costuma haver sangue de qualquer forma, então...
— Eca! — ela me empurrou para mais longe. — Em primeiro lugar, nojento! Segundo, eu agradeceria se pudéssemos parar de falar sobre o meu sangue vaginal.
— Feito.
Ela deu uma risadinha. Eu ri também. Estávamos deitados lado a lado, ambos olhando para o teto daquele quarto de hotel, em silêncio, até que eu falei:
— Jessie, o que você acharia se eu me mudasse para cá?
— Para este hotel? Estranho.
— Não. Para a cidade de Nova York.
— Eu sei, seu bobo, eu entendi — ela me deu um tapinha na testa. — Ué, eu acharia incrível! Tem tantas coisas legais que nós dois poderíamos fazer juntos se você morasse aqui. Por quê? Você está planejando alguma coisa?
— Não, não... É só um pensamento que eu ando tendo. Sei lá, quando Liam se mudou para Los Angeles e entrou para a American Airlines, ele disse que aquele era o próximo passo natural na carreira dele. E eu estive pensando, talvez meu próximo passo na carreira pudesse estar aqui, em NY.
— Nossa, Sammy, isso seria demais!
Aquilo pareceu ter deixado Jessie tão contente que ela se jogou em cima de mim e começou a me beijar novamente. Mas desta vez fomos interrompidos por batidas na porta. Três batidas rápidas e depois um toque na campainha.
— Eu não pedi serviço de quarto.
E então a voz grave de Pickford adentrou o recinto:
— Sam. Você está aí?
— Zane?
— Sim, sou eu.
— Só um segundo — falei, me levantando. Vesti minha camisa. Jessie continuou deitada. Abri apenas uma pequena fresta e me coloquei entre a porta e Pickford. — O que foi?
— Nós temos que ir.
— O quê? Mas já? Pensei que você teria um evento amanhã.
— Vamos ter que faltar ao brunch. Sua irmã precisa de nós. Aparentemente ela está piorando. Neste exato momento está sendo transferida para o Nicklaus Children's Hospital, em Miami, para uma unidade de terapia intensiva na ala de fibrose cística. É onde ela pode receber o melhor tratamento. Precisamos ir para lá agora mesmo.
— Miami? Claro. Vou fazer um plano.
— Certo. Me ligue quando estiver pronto. Estou na suíte 816.
Pickford saiu, eu fechei a porta do quarto e me virei para Jessie. Ela deve ter notado a apreensão em meu olhar.
— O que houve?
— Eu tenho que ir. Meggie precisa de mim. Ela está internada.
— Ah, não! De novo? Pobrezinha! Já sabe o que ela tem?
— Era só uma infecção de garganta. Mas parece que piorou. Não sei direito. Preciso ir até ela.
— É claro — Jessie se levantou, depressa. — Me mande notícias, ok?
— Ok.
Ela me deu um selinho antes de sair pela porta e se virar novamente para mim, antes que eu fechasse.
— Te vejo daqui a uns dias, no recesso de primavera.
Eu só fiz que sim com a cabeça.
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SOB O MESMO CÉU
RomanceLivro 2. A sequência da história de Sob a Luz do Sol. Este é o segundo livro da trilogia.