Capítulo 19

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Capítulo 19


Me levantei na manhã de sábado, mais tarde do que o de costume, e vi que havia quatro ligações perdidas em meu celular: uma de minha mãe há menos de meia hora, uma de James e duas de Jessie, estas na noite anterior. Eram chamadas demais para responder tendo acabado de acordar. Decidi deixar para depois.

Estava me sentindo bem melhor do que no dia anterior e quis tomar um bom café da manhã primeiro, para só então retornar as ligações, mas nem precisei fazê-lo. Enquanto ainda estava na metade do meu mingau de aveia, o celular tocou. Jessie estava me ligando. Era uma chamada de vídeo. Atendi.

— Oi — cumprimentei-a.

— Bom dia! Por que não me atendeu ontem a noite?

— Desculpa, eu estava dormindo.

— Onde você está? Isso não parece seu quarto — ela observou.

— Estou em casa — virei o celular e girei ao redor para que ela pudesse ver. — Vim passar o fim de semana.

— Legal! Sua mãe está aí contigo?

— Ainda não. Está no hospital com a Meggie.

— Nada de previsão de alta ainda?

— Não que eu saiba.

— Que pena... — ela baixou a cabeça.

— Mas e você? O que vai fazer no fim de semana? — mudei o assunto.

— Hoje vou sair com meus novos amigos — respondeu entusiasmada.

— Ah, você fez novos amigos? Que ótimo!

— Sim. Nós vamos a Chinatown. Eu, minha nova colega de quarto Zhiyi e Andrea.

— "Ti"? — tentei repetir da forma como tinha entendido.

— Isso! Bem, pelo menos é assim que se pronuncia. Mas olha só como se escreve — Jessie pegou um pedaço de papel, escreveu com uma caneta e apontou para a câmera para que eu visse "ZHIYI".

— Nossa! Eu nunca iria pronunciar certo.

— Ela é chinesa — explicou.

— Legal! Que bom que está fazendo novas amizades. Fico feliz por você!

— Obrigada!

Jessie então me contou sobre como tinha conseguido mudar de quarto, se livrando de sua antiga colega, Mandy, de quem ela não gostava nem um pouco. Contou também que havia conhecido uma tal Andrea com quem tinha  feito amizade quase que instantaneamente.

Após suas histórias, a conversa parecia ter acabado. Eu não queria falar muito, com medo que ela descobrisse que eu estava tendo outra crise, então precisava desligar logo. Já estava prestes a encerrar a ligação quando ela se lembrou de outro assunto:

— Meu pai pediu para você ligar para ele. Disse que precisa falar com você.


— Ah, sim. Vou ligar.

Depois disso nos despedimos e desligamos. Eu estava curioso para saber o que James tinha de tão importante para falar comigo, por isso telefonei para ele minutos mais tarde. O celular mal havia começado a chamar quando ele atendeu.

— Alô?

— Oi Jim, sou eu, Sam.

— Oi garoto, como vão as coisas? — ele disse.

— Tudo bem, eu acho. Como está tudo por aí?

— Ótimo! Na verdade, eu te liguei ontem para lhe pedir um favor. Veja bem, eu sei que Jessica já não está mais aqui, mas Jenna ainda precisa bastante daqueles seus serviços de tutoria. Eu sei que você está no último ano de faculdade e deve ter uma agenda mais apertada. Tudo bem se reduzirmos os dias, talvez podemos até combinar uma única vez na semana. Eu pago o dobro se precisar.


— Jim, tudo bem, não precisa se preocupar com isso...

Nem mesmo havia terminado de falar e James começou novamente:

— Eu poderia procurar outro tutor para ela, mas as meninas gostaram muito de você, como pode ver. Além disso, as notas de ambas melhoraram substancialmente desde que começaram a ter aulas contigo, e Jess até entrou em uma ótima universidade. Não preciso dizer que você fez um excelente trabalho. Por favor aceite minha oferta. Pelo menos pense a respeito. Pode ser?

— Jim, eu já disse, não se preocupe. Diga a Jen que eu estarei aí na segunda para estudarmos.

— Muito obrigado, filho!

— Sem problemas.

— Nos vemos na segunda então.

Ele encerrou a ligação e eu continuei pensando no que tinha acabado de acontecer. Estava feliz por ter conseguido um trabalho outra vez, e ainda mais feliz por poder estar perto da família de Jessie e fortalecer ainda mais nosso vínculo.

Que dia bom! — Pensei comigo. — Depois de duas noites infernais, o sol parecia finalmente estar voltando a brilhar para mim. Eu estava me sentindo melhor, tinha conversado com Jessie, recuperado meu emprego... Estava com bons motivos para me alegrar, até aquele momento.

Com duas chamadas efetuadas, agora só faltava retornar a de minha mãe. Ela também não demorou muito para atender quando liguei, parecendo estar com o telefone de prontidão.

— Sam?

— Sim mãe, sou eu.

— Que bom que me ligou! Eu tentei te chamar mais cedo, mas você não atendeu. Onde você está?

— Por que a pergunta? Aconteceu alguma coisa? — perguntei assustado.

— Preciso que venha ao hospital.

— O que houve? Megan está piorando? — meu tom já era quase que de desespero.

— Não, filho. Ela está bem! Foi liberada pelos médicos esta manhã — minha mãe estava tão contente que sua voz soava mais alta do que o de costume. — Preciso que venha nos buscar. Megan teve alta!

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora