Capítulo 47

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Capítulo 47

Meu final de semana com Jessie em Nova York passou como um sonho. Mas, infelizmente, eu tinha de retornar para a realidade.

De volta à universidade, conversei com Liam e contei sobre o tal Andrea. Ele me deu o seguinte conselho:

— Meu irmão, você tem que confiar na sua garota. Se ela disse que não tem nada, então relaxa. Não faz disso um problema. Vai por mim, ninguém gosta de gente paranóica.

Para Liam era fácil dizer aquilo. O ser mais dotado de autoconfiança que eu já conheci, provavelmente nunca tinha sentido ciúmes em toda a sua existência! Com ele era o contrário, as garotas é que eram ciumentas.

Mais tarde, quando fui estudar com Jen, contei para ela, mas ela não deu muita bola. Estava mais focada na parte em que eu disse que Jessie tinha adorado o presente.

— Você deu uma Pandora Charms para ela. Vai ser difícil um cara qualquer superar essa.

— Você acha mesmo?

— Sei lá... — ela deu de ombros. — Mas você vai ter que me dar uma Pandora também. Afinal fui eu que te dei a ideia.

Resolvi nem render assunto. Fomos logo estudar.

No fim da semana, quando finalmente contei para Rebecca, ela foi a única que pareceu ter ficado do meu lado naquela história toda. Mas depois fez o comentário mais estranho:

— Ela é pisciana, não é?

— O quê?

— Peixes. Ela é de Peixes.

— Não entendi.

— O signo solar da sua Jessie é Peixes?

— Não sei.

— Você disse que ela nasceu dia 23 de fevereiro, certo?

— Sim.

— Então ela é realmente de Peixes — Rebecca franziu os lábios e balançou a cabeça em autoafirmação.

— Você acredita mesmo nessa coisa de signos?

— Não é uma questão de acreditar, querido. É ciência. O alinhamento dos astros no espaço afeta muito esse nosso universo cósmico.

— Às vezes você diz umas coisas que não fazem sentido — caçoei.

— Sem sentido? Pense bem, pessoas piscianas tendem a ser muito carinhosas e a cuidar dos outros. Mas também são meio alheias e desatentas. Outra característica marcante do signo de Peixes é ser um romântico inveterado. Alguma dessas coisas bate com a personalidade da sua namorada?

— Bem, na verdade todas elas. Mas isso é uma coisa muito arbitrária. Qualquer um poderia se encaixar em alguma dessas descrições.

— Ah é? — A forma como Rebecca falava agora fazia parecer que ela estava se sentindo desafiada. — E qual é o seu signo?

— Eu sei lá.

— Quando você nasceu?

— Em julho. 29 de julho.

— Que legal! Só três dias depois do meu aniversário. Então somos do mesmo signo. Leão. Isso explica um bocado — falou ponderativa.

— O que isso quer dizer?

— Vem cá, vamos fazer o seu mapa astral.

Já era tarde da noite, eu era o único que havia ficado acordado para esperar que Rebecca chegasse do seu trabalho no restaurante, e agora nós dois estávamos na frente do computador, colocando informações sobre o dia e a hora exata do meu nascimento. Ficamos até de madrugada comparando as informações do meu mapa astral com as que tínhamos sobre o signo de Jessie. O resultado não foi nada animador.

— Bem, pelo jeito vocês não são muito compatíveis — Rebecca lamentou. — Pelo menos não de acordo com o seu mapa. Precisávamos fazer o dela para podermos cruzar e ver exatamente o que daria.

— Becca, sinceramente, eu não acredito nessa baboseira de signos.

— Mas você viu que quase tudo que estava descrito no seu mapa astral realmente condiz com a realidade, não viu?

— Bem... sim. Aleatoriamente. Mas sim.

— Estou te dizendo, isso daqui é pra valer!

Rebecca insistia na veracidade daquelas informações, mas eu não quis aceitar. Não me importava o que os astros diziam, eu só queria acreditar que Jessie e eu éramos feitos um para o outro.

Na segunda feira, depois das aulas, eu fui estudar com Jenna, mas, mais uma vez, ela não estava lá. Por outro lado, seus pais estavam em casa, o que era bastante raro. Encontrei James e Jolene sentados na sala de TV, assistindo a algum filme de ação no último volume.

— Vocês viram a Jen? — falei alto porque minha voz era abafada pelo som do filme barulhento.

— Ela não te avisou? — James falou, pausando o filme. — Ela disse que ia estudar na casa de uma amiguinha hoje. Parece que elas têm que entregar um trabalho em grupo. Pensei que ela tivesse falado com você.

— Não falou. Mas tudo bem, não tem problema. Eu volto na quarta.

Antes de ir embora, pensei em ter uma conversa com eles. Falar sobre Jen, sobre seu comportamento recente. Pensei em contar sobre esse namorado mais velho que ela tinha arranjado e saber o que eles achavam de tudo aquilo. Jenna não estava em casa, mas tanto seu pai quanto sua mãe estavam. Aquela era a oportunidade perfeita. Eu devia ter contado. Mas não o fiz. Em vez disso, me virei e saí de lá. Mas não sem antes enviar uma mensagem de texto para Jen:

"Me avise quando não for estudar comigo. Eu vim até aqui para nada."

Ainda estava na metade do caminho de volta para a universidade quando recebi uma mensagem de Jen.

"Sam, preciso de ajuda. Você sabe consertar carros, não sabe? Por favor, me encontre nesse endereço o mais rápido possível! 1800 N Atlantic Ave."

Fiquei preocupado. O que poderia ter acontecido? Coloquei o endereço no GPS e dirigi o mais rápido que pude. Em poucos minutos eu estava lá.

Era uma casa bonita, com uma grande entrada de veículos na frente. Bem ali estava uma bela Range Rover branca com o teto vermelho. O caríssimo carro tinha batido em uma das palmeiras que ficavam ao lado da entrada de veículos. A lataria estava ligeiramente amassada, uma das lanternas quebradas e o para-brisa dianteiro trincado. Ainda saía fumaça do capô do carro.

Jen estava sentada na calçada, bem em frente ao veículo acidentado. Ao seu lado estava um rapaz alto demais, magro demais, com uma franja loira e uma barbicha rala.

— O que aconteceu? — perguntei assim que desci do meu carro.

— Foi tudo culpa minha — Jen respondeu, apavorada. — Você consegue consertar?

— Jen, o que foi que houve? — repeti a pergunta, agora em um tom mais firme.

— Zack me deixou dirigir, eu estava no volante e...

— VOCÊ ESTAVA O QUÊ?!

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora