Capítulo 45

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Capítulo 45

Apesar de magro, o sujeito era bem forte. Dava para perceber sua musculatura definida, mesmo estando com uma jaqueta grossa. Seus cabelos escuros eram longos, mas não muito, passando um pouco de seu queixo, porém sem chegar à altura dos ombros. Ele tinha uma barba curta, muito bem feita, e os olhos eram de um azul-acinzentado. Além disso, era mais alto do que eu. O cara parecia ter saído de uma capa de revista.

Os dois braços de Jessie estavam entrelaçados no braço musculoso dele enquanto ele andava com as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta. Ambos caminhavam sorridentes. O sorriso de Jessie parecia duas vezes maior do que o normal. Ela estava feliz, dava para notar. Eu podia vê-los à distância, mas, até aquele momento, eles ainda não haviam me visto ali.

Assim que os olhos de Jessie encontraram os meus, seu sorriso se desfez e deu lugar a uma expressão de surpresa e espanto. Soltando o braço do rapaz, que também me olhava de longe com cara de assustado, Jessie correu para o meu encontro.

— Sammy! Não acredito que você está aqui! — foi a primeira coisa que ela disse, lançando seus braços ao redor do meu pescoço. — Por que não me avisou que viria?

— Porque queria te fazer uma surpresa... — Eu ainda olhava fixamente para o sujeito que agora se aproximava de nós. — Surpresa! — falei, sem nenhum entusiasmo.

Eu certamente estava mais surpreso do que ela, levando em conta o fato de que havia a encontrado literalmente nos braços de outro homem.

O estranho parou ao nosso lado e ficou me encarando. Finalmente, Jessie resolveu nos apresentar. Ela se soltou do meu abraço, virou-se para ele e disse, apontando para mim:

— Ah, este é o Sa...

— Hart. — Eu a interrompi. — Me chamo Hart. Sou o namorado dela. — Estendi a mão para ele. — E você é?

— Ah, sim! O famoso "Sammy", certo? — ele ignorou completamente a minha pergunta, mas apertou minha mão com firmeza. — Eu ouço muito a seu respeito.

— É mesmo? — arqueei uma das sobrancelhas. — Interessante. Porque eu não ouvi nada sobre você. Nunca.

— Mas é claro que já ouviu! — Jessie respondeu em seu lugar. — Sammy, este é o Andrea, meu amigo.

O quê?! Andrea era um homem? Então era dele que Jessie vinha falando nos últimos meses? Era com ele que ela estava passando a maior parte de seu tempo? Eu não queria acreditar naquilo.

— Andrea? — repeti, ainda perplexo.

— Sim — ele mesmo falou. — Andrea Bartolini. Muito prazer.

— Andrea é nome de mulher. — Aquela foi a única coisa que me ocorreu dizer.

— Não no meu país — ele se defendeu.

— É que o Andrea é italiano — Jessie complementou.

— É. Dá para perceber pelo sotaque — debochei.

Mas ele pareceu nem ligar. Olhou para Jessie e disse:

— Ei, Je, eu vou me trocar. Te encontro mais tarde, OK? — depois voltou-se para mim e falou: — Prazer em conhecê-lo. Até mais.

Fiz um rápido aceno com a  cabeça. Ele saiu andando, e eu fiquei olhando para Jessie, sem reação. Quando finalmente consegui organizar algumas palavras em uma frase, foi isso o que saiu de minha boca:

— Ele te chama de Je?

— É — respondeu indiferente. — Ah, Sammy! Estou tão feliz que esteja aqui! Você podia ter me avisado.

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora