Capítulo 23

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Capítulo 23

Era manhã de terça-feira, 31 de outubro de 2017, dia de Halloween. Novembro ainda nem tinha começado e eu já estava ansioso para que ele chegasse ao fim. Deitado em minha cama no dormitório da universidade, só pensava em ver Jessie. Ela tinha ido embora há quase dois meses, e eu estava sentindo sua falta como nunca.

A voz de Liam me trouxe de volta à Terra, quando falou comigo.

— Angelica quer que combinemos as fantasias.

— O quê?

— Para a festa. A festa de halloween, hoje à noite. Angelica quer que eu e ela estejamos combinando. Não faço ideia de que fantasia usar. — Liam sentou-se em sua cama e olhou para mim como quem acabara de ter uma ideia revolucionária. — Onde você arranjou aquela fantasia legal que usou no ano passado? Você e Jessica estavam vestidos de Shrek e Fiona, lembra?

— Não. Aquilo era para ser uma princesa e um sapo. — Ambos rimos. — Mas acho que o principio ainda é o mesmo. Cara, você ainda não alugou fantasias? As legais já devem estar esgotadas.

— Provavelmente. Mas eu estava pensando em alguma coisa mais simples, do tipo "faça você mesmo".

— É melhor pensar logo. Você não tem muito tempo — alertei.

— Você vai de quê?

— Eu não vou à festa. Prometi à minha irmã que iria levá-la para pedir doces ou travessuras pela vizinhança hoje à noite.

Imaginei que Liam fosse protestar contra minha recusa em comparecer à festa. Mas ele pareceu compreender.

— Pelo menos dessa vez você tem uma boa desculpa.

Fomos para as aulas e passamos o dia inteiro estudando. Após o término das atividades acadêmicas, já era possível ver muitos alunos fantasiados, ou pelo menos se arrumando para comparecer às festas. Eu fui para casa, como havia dito a Megan que faria. Chegando lá, me deparei com ela já fantasiada.

Enquanto a maioria das garotinhas de sua idade estavam preocupadas em se vestir como princesas, bruxinhas ou alguma outra fantasia adorável, Meggie estava com roupas rasgadas, uma tinta vermelha imitando sangue que escorria por sua cabeça e pescoço, os olhos pintados de roxo e uma tiara com formato de faca que tínhamos comprado no fim de semana. A cena era no mínimo engraçada.

Assim que cheguei ela veio caminhando em minha direção, se arrastando como se fosse de fato um zumbi. Não consegui conter o riso.

— Vou te pegar — ela falou fazendo o que eu julguei ser uma voz de zumbi.

— Sai fora, seu monstrinho!

Me abaixei e fiz cócegas nela, provocando risos. Aproximei meu rosto do dela, na intenção de beijar sua testa, mas ela me censurou.

— Não me beija! Vai estragar minha maquiagem.

— Tudo bem, me desculpa.

— Ficou bom? — perguntou ansiosa.

— Ficou ótimo! Você parece que acabou de sair de um set de filmagens de The Walking Dead.

Ela sorriu, satisfeita com minha resposta.

Saímos mais tarde para pedir doces ou travessuras. Mamãe ficou em casa para o caso de crianças aparecerem a procura de doces.

A rua estava cheia de crianças com as mais variadas fantasias. Algumas muito criativas e elaboradas, outras mais singelas, que pareciam ter sido feitas em casa.

Meggie se divertiu batendo na porta dos vizinhos e ganhando balas e chocolates. Quando chamei-a para voltar para casa, ela resmungou:

— Ah, não! Só mais um pouquinho? Só até o final dessa rua?

— OK — cedi. — Só até o final dessa rua.

Pensei que seria verdade, mas ela repetiu isso em mais outras três ruas diferentes. Quando sua sacola estava tão cheia que os doces quase caíam no chão, ela aceitou que era hora de ir embora.

Passei a noite em casa e só voltei para o campus na manhã seguinte, depois de deixar Meggie na escola. Para mim, aquele seria um dia bom. Era dia de aulas de voo matutinas. Excelente!

De tarde tivemos uma palestra na faculdade, o palestrante convidado era alguém importante. Não me lembro bem quem era ou sobre o que falou. Dormi maior parte do tempo. Estava exausto!

No dia seguinte, a ressaca do halloween mal tinha saído de Liam, e ele já estava me convidando para outra festa.

— Dia de que? — perguntei abismado.

— Día de los muertos — repetiu. — Angelica disse que é a maior festa na família dela.

Não sei por que motivo, mas de alguma forma ele acabou me convencendo e eu o acompanhei até a casa de sua namorada para a peculiar celebração.

SOB O MESMO CÉUOnde histórias criam vida. Descubra agora